Ritual

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   Eva me explicou os acontecidos dos últimos dias e eu continuei perdido, sem entender como seria possível acabar com está maldição de anos.

   Ela me disse que foi até o Brasil, atrás de uma Margan pura, filha de bruxos da mesma linhagem. Este tipo de bruxo herda o poder dos dois pais e vem com uma grande magia e energia por natureza, antes mesmo de saber o que é capaz de fazer. E bom, quase como os vampiros, que quanto mais velhos, mais fortes, os bruxos mais velhos dominam muito melhor e possuem um conhecimento à mais sobre a magia à sua volta. A brasileira além de uma excelente bruxa -palavras de Eva-, consegue manter uma conversa longa com os ancestrais mortos de sua linhagem, sem sangrar ou sofrer.

   Eva infelizmente perdeu essa parte boa quando tentou ressuscitar seu noivo, James, com magia negra depois de um acidente de carro no aniversário de namoro dos dois. Ela entrou em depressão e ficou sem praticar por uns meses, até me encontrar em um beco de um bar qualquer de New Orleans, perdido no pescoço de uma bela garçonete, e fritar meu cérebro para soltar a garota. Ela era boa, menos com bruxas Addams.

   — Ela conseguiu falar com nossos ancestrais sobre as Addams e sua magia. Marta - a Brasileira - é uma das poucas de nossa pequena linhagem atual que consegue falar com os ancestrais por um longo tempo e descobriu algumas coisinhas que podem nos ajudar. — Ela disse com calma, a voz preenchendo toda a cozinha, onde estávamos. Ela tinha chego do Brasil no meio da madrugada passada e me surpreendido está manhã. Morávamos juntos a dois anos em Cincinnati.

   — Prossiga. — Falei gesticulando com as mãos. Com o copo de suco a meio caminho dos lábios. Eva mordeu seu pão com doce primeiro e fez uma pequena pausa para falar, que para minha curiosidade parecia anos. Revirei os olhos.

   — No mundo dos mortos eles também falam, e muito. Esquecem que bruxas podem se comunicar as vezes e descobrir coisas. E o que eu sempre lhe digo sobre feitiços, Biersack? — Me perguntou, erguendo uma sobrancelha em desafio, sorri abusado por já saber o motivo.

  — Que todo feitiço, sem excessões, tem uma brecha. — Respondi tentando imitar sua voz e gesticulando com as mãos, como ela sempre fazia. Eva levantou da cadeira e começou a caminhar para a pia, gritando, estava orgulhosa de sí mesma.

   — Exato! E você nunca acreditou. Eu estava certa todo esse tempo, ta vendo?

   — Não sabemos ainda. — Me defendi. — Me diga o que descobriu.

   Eva se virou sobre os saltos em minha direção, se apoiando na pia. Li seu rosto, como sempre fazia desde que a conheci. Ela nunca escondia nada de mim.

   — Talvez você não goste disso, Biersack.

   — Você não vai me fazer sacrificar uma virgem, né? - Fiz palhaçada, ela parecia tensa.

   — Não, seu idiota. - Jogou um pano de prato em minha direção, que inutilmente caiu poucos centímetros do seu pé. — É algo pior.

   Ergui as sobrancelhas em dúvida. O que poderia ser pior do que sacrificar uma jovem virgem? Ainda mais na concepção de Eva. Me levantei e parei em sua frente, olhando nos seus olhos. O nervosismo tomava conta do meu corpo e do dela também, eu quase podia senti-lo no ar.

   — Diga de uma vez, Eva, pelo amor! — bravejei.

   — Você tem que acabar com a linhagem dela! - Disse em um sussurro. A olhei assustado e quando fui questionar, ela continuou: — Você precisa acabar com cada um dos Addams, com qualquer indício de magia, ainda vivo. — Concluiu. Pisquei diversas vezes antes de conseguir falar algo.

   — Você está falando sério? — Ela concordou com um balançar de cabeça. — Eva, eu.. Você sabe que não posso.

   — Andrew, você só tem que focar nos Addams.

   — Eu não posso arriscar! — Gritei e ela deu um pulo de susto. — E isso é um absurdo, Eva.

   — Isso tudo é por algo maior, Andy. — Falou tocando meu braço. Me virei de costas, caminhando para a sala.

   Eva, melhor do que ninguém sabia o motivo de eu nunca tomar sangue humano direto da fonte. Por isso ela me fornecia seu sangue aos poucos, geralmente misturado em alguma bebida forte e amarga, para eu manter o controle e não desidratar. Quando eu começava não conseguia parar, nunca. E depois me culpava por cada morte que causei, me auto torturando por horas. Se eu começasse a matar cada um da linguagem de bruxas com poder, seria uma tortura maior para mim do que para eles. E mesmo se não fosse por isso, a ideia era absurda, eram vidas, porra! Vidas que maltratavam outras espécies sem pensar duas vezes? Sim. Mas ainda eram histórias e lembranças que iriam ser sugadas do mundo por mim. Tinha desprezo pela grande maioria dos mortais mas isso não significava que eu podia e me sentia bem em lhes tirar o que também me foi tirado. Sabia o quanto doía a angústia daquele momento. E como um estalo, uma coisa surgiu em minha mente.

   — Eva. — A chamei. Ela apareceu no meu campo de visão, se apoiando na mesa que separava nossa cozinha da sala. — Você acredita nessa Margan? — Perguntei na defensiva. Seu semblante se fechou.

   — Como..

   — Não! Eu digo, não é meio conveniente que uma Margan mande um vampiro imortal com esperanças de morrer,  matar toda sua linhagem inimiga que usa magia negra, esperando por algo falso? — Perguntei a fazendo piscar mais vezes do que pude contar.

   — Não vamos saber se não tentarmos. — Ela parecia desanimada agora e me odiei um pouco por isso. Queria pedir desculpa, mas era uma das opções, a bruxa brasileira poderia estar nos usando. — Se você não quiser tentar, tudo bem, Andy. Mas se tem uma mínima chance, eu gostaria de te ver bem.

   Sorri. Nunca duvidei do amor de Eva por mim, ela era incrível e amorosa a toda hora.

   — Não que eu vá fazer isso, mas se eu for, como vamos achá-los? — Perguntei apenas por curiosidade quando ela ameaçou ir para seu quarto.

   — A grande maioria de bruxos vivem em sua terra natal. A linhagem de bruxas geralmente prefere morar no local onde suas ancestrais morreram para sentir seus poderes sobre a terra, como uma força espiritual, mesmo que a linhagem delas tenha começado a usar magia negra em grande parte dos feitiços, como foi usado no seu. — Explicou, em voz baixa, meio chateada.

   — Não precisaria matar a linguagem ainda sem magia? — Perguntei e a vi negar. — Só acima dos 18 anos, que fazem parte da linguagem e fazem magia negra?

   — Toda Addams faz magia negra atualmente, então, tecnicamente, sim. — Ela disse forçando um sorriso. — Você precisa fazer isso por sí, Andy. Não por mim.

   Eva entendeu o motivo da minha curiosidade, queria compensar seus esforços. Mas não nego que parte de mim queria também, acabar com toda dor de anos e perdas.

   — Vou fazer por nós dois.

N/A: Segundo capítulo foi postado muito depois do dia que queria, mas, está aqui.
Peço que se gostou deixe um voto pra ajudar a coleguinha aqui e continue lendo.

xoxo bye ✌️😙

Sacrifice Of The Dark Death - Andy BiersackOnde as histórias ganham vida. Descobre agora