Prólogo

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Nos vemos lá em baixo!

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O chá gelado deixava as mãos pequenas dormentes, mas ainda assim Kihyun se concentrava em sugar a bebida à curtos goles. Desde que era criança, era daquela forma que seus pais buscavam acalmá-lo quando estava muito ansioso, e sempre funcionava. Dentro do carro, Jeongyeon conversava sobre qualquer coisa com sua mãe e seu pai se prendia ao trânsito rápido que existia entre Sunsuhan e Mulbang-ul.

Quando o resultado do vestibular foi entregue, mesmo que a mãe tenha se esforçado na tarefa de convencê-lo a não ir, foi difícil não se sentir orgulhosa de sua nota altíssima. Era a primeira vez que ele pisaria em uma universidade, e seria como aluno.

E era por isso que eles haviam insistido em irem junto do filho até o campus para a palestra de boas-vindas. Era uma tradição da instituição, e era muito comum que mais de 70% dos universitários participassem.

Mas Kihyun se sentia nervoso.

Vinha tentando se concentrar em coisas novas para não ceder aos constantes pedidos de sua mãe para que se unisse à diocese da cidade como padre. As coisas entre os dois eram estranhas depois que aquilo havia acontecido, e parecia que desde então a ela não se sentia satisfeita com o fato de ele ser apenas uma fiel ovelha envolvida com a liderança, e mesmo que ele soubesse que a universidade não era o melhor lugar para se esconder, foi a saída mais fácil. "Não posso me juntar à igreja agora, estou muito ocupado estudando" parecia uma boa desculpa, e teria que durar pelo menos até o fim da graduação.

O campus era imenso, e Kihyun comprovou isso no momento em que adentraram o estacionamento. Os corredores pareciam estar cheios demais e quase não existiam vagas para estacionar. Jeongyeon buscou sua mão e a apertou forte - ela estava ansiosa, ele sabia, então acariciou os dedos finos da garota como se aquilo pudesse acalmá-lo também.

Ele ia mesmo fazer algo sozinho depois de quase vinte e dois anos.

Quando o Sr. Yoo finalmente conseguiu estacionar o carro em um lugar vago, Kihyun foi o primeiro a descer, segurando a porta aberta para Jeongyeon sair. A melhor amiga sorriu, animada demais para ser capaz de se conter, e apertou a mão dele antes de ir caminhando na frente.

Os pais da garota haviam se divorciado quando era muito pequena, mas ela tinha uma boa convivência com ambos. Era por isso que conhecia Mulbang-ul muito bem e a Universidade de Seuta-bae já não era uma novidade para si, afinal o pai era professor de história e ela passou um bom tempo da infância frequentando o local.

Sra. Yoo segurou a mão do marido, que mantinha uma das mãos firmemente presas ao ombro de Kihyun como se aquilo fosse impedi-lo de sair correndo. A empolgação do garoto com o ambiente os preocupava, pois era muito fácil de se pecar quando se vivia em lugares como aquele. A mulher, em silêncio, ainda fazia uma prece silenciosa para que o filho desistisse.

Entretanto, se existia alguma certeza no coração de Kihyun naquele momento, era de que não desistiria, não podia desistir, por que ainda que o ambiente agressivo o intimidasse... em casa era pior.

A faculdade era enorme e estava cheia. Jeongyeon os guiava explicando cada lugar pelo qual passavam, até que chegassem ao anfiteatro onde alunos se acumulavam em grupos, buscando encontrar colegas de curso. Kihyun até quis procurar outros calouros de arquitetura, mas a mão pesada em seu ombro o fez repensar e desistir da ideia.

A melhor amiga, notando a reação (pois se conheciam há tempo demais para que ela não soubesse lê-lo melhor que ninguém) entrelaçou os dedos aos seus e desistiu de buscar colegas de seu curso também. Ela já mantinha contato com alguns pela internet desde de que as listas do curso de psicologia haviam saído, então acreditou que não ficaria tão perdida no início do ano letivo - Kihyun precisaria dela agora.

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