De novo

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Estou na cama de um hospital

"Seu último dia", diz o médico

Suspiro e peço que ele se retire

Então ele me pergunta:

"Quer algum familiar aqui?".

Digo que não, não há ninguém

Eu estou só no momento

Esperando no relento

O apagar das luzes.

Passo o dia lembrando do passado

De como eu vivi minha vida

Lágrimas caem quando lembro

As coisas que deixei de fazer

E as coisas que eu errei.

Depois de quase 10 horas,

Olho para o relógio

Vejo que falta pouco tempo

Até que desliguem os aparelhos.

Apenas me levanto, abro a janela

Vejo o pôr do sol, tão lindo

Uma pintura feita de aquarela

Me lembrou dela.

Alguém toca meu ombro,

Suponho que seja a enfermeira

Querendo me dizer que acabou

E solicitando que eu me deite.

Mas quando me viro

Visualizo um anjo, luz magnífica.

Ele me diz: "você tem uma chance"

Então tudo ficou escuro.

Acordo em um berço,

Minha consciência

Minha sabedoria

Tudo está indo embora devagar.

Junto da partida dessas essências

A voz do anjo também se esvai

O volume do eco ficando baixo

"Viva de novo...

viva... de novo...

de novo...

novo..."

A única coisa que não foi embora

É a imagem da pessoa que amei

E sei que encontrarei ela

E dessa vez eu farei tudo certo

Para que eu possa morrer em paz.

Melancolia Poética - Vol.1 Where stories live. Discover now