queime a morte do demônio

Start from the beginning
                                    

Ele tinha certeza que havia um ditado sobre aquilo. Situações desesperadoras, medidas desesperadas, talvez. Não importava qual era a droga do ditado. A questão era que ver Elize andando por Westwood em cima de seus saltos vermelhos como se estivesse esperando o momento de atacar o apavorava. Ele não podia deixar que as coisas saíssem do controle, precisava entender o que tinha acontecido para conseguir achar uma fraqueza ou até mesmo um jeito de mandar Elize de volta para o inferno. Mesmo que desejasse que Prescott apenas o deixasse em paz e seguisse a sua vida, nem Scott era tão ingênuo a ponto de acreditar que aquilo poderia acontecer. Precisava se prevenir.

Ele dirigiu por vinte minutos até poder estacionar o carro em frente ao condomínio de luxo na beira da praia. Como não era exatamente um convidado, ficou pensando no que faria para conseguir entrar. Scott nem se lembrava do nome completo dela. Sabia que era Hanna... Hanna alguma coisa. Montana? Não, aquilo era uma série de tv, não era? Precisava se lembrar...

O interfone chiou, alertando Scott de que havia alguém esperando uma satisfação. Ele amaldiçoou baixo por não ter pensado naquilo antes e limpou a garganta para falar:

— É... Hanna. Eu quero ver a Hanna.

Houve um minuto de silêncio enquanto Scott criava expectativa, mordendo o lábio inferior. Ele leu as palavras tatuadas nos dedos de sua mão segurando o volante enquanto controlava a ansiedade. Odiava esperar.

— Hanna Meave?

— Isso. Diz pra ela que é o Scott.

Não era uma boa referência. Hanna havia brigado com Elize por causa de Scott, depois que eles haviam começado a sair com mais frequência. Adams não se lembrava de ter dado qualquer tipo de esperança para Meave, mas ela interpretou a situação daquele jeito e ficou morrendo de ódio de Prescott quando descobriu o que acontecia entre os dois.

Garotas.

Surpreendente o portão se abriu. Scott suspirou aliviado e arrancou com o carro lentamente, adentrando o condomínio. Também pouco de lembrava de qual era o bloco, lote ou quadra que Hanna morava, então seguiu sua intuição e acabou acertando: ela o esperava do lado de fora, de braços cruzados. Sua cara não era das melhores.

— Espero que não tenha vindo implorar perdão, porque isso não vai acontecer — foi a primeira coisa que ela disse.

Scott desceu do carro, deu a volta no veículo e parou perto dela ao retirar os óculos de sol. Conhecia garotas melhor do que conhecia a filmografia do Tarantino, então entendeu que ela queria dizer o contrário do que dizia.

— Eu fui um idiota, e quero implorar o seu perdão.

Hanna o olhou ainda fazendo bico, os braços embaixo dos seios fazendo pressão para que eles subissem. Era proposital, ele sabia, e aquilo dizia muito sobre ela.

— Vamos conversar lá dentro.

Ele concordou com a cabeça, e então seguiu Hanna para dentro da casa. Era uma construção de dois andares arejada e branca, bem diferente da mansão sombria dos Prescott. Tudo parecia limpo e praiano demais, e combinava com a Califórnia. Scott se sentiu à vontade ali, e a seguiu para o quarto pelas escadas sabendo que seus pais nem mesmo estavam em casa.

Hanna tinha uma cama king size que trouxe algumas lembranças para Scott. O lençol verde ainda era do mesmo padrão de antes, feito seda. Uma vez precisaram queimar um deles, mas ele nunca mais tocou no assunto. Lençóis como aquele eram caros, não eram?

— Você e Elize ainda estão juntos?

A pergunta fez Scott ficar um pouco surpreso. Hanna queria saber sobre o relacionamento deles? Era como se ninguém, nem mesmo sua ex melhor amiga, tivesse notado que Elize havia desaparecido por meses. Será que ela fazia tão pouca falta assim? Quando saiu de cada para ir até ali Adams esperava perguntas sobre o desaparecimento repentino de Prescott, no mínimo, mas Hanna não parecia se importar.

Queime Tudo (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now