Capítulo 2.1 - Anomalias

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FRANCIS SE LEVANTA E CORRE EM MINHA DIREÇÃO, levanta-me e me leva de volta ao quarto, as minhas costas está com bolhas vermelhas, e ela dói muito.

– Vou chamar a capitã – Francis diz.

– Ugh, chama também a Nyhei – eu o digo.

Francis sai correndo pelo quarto, minhas costas doem, eu tento levar a mão a ela para averiguá-la, mas o meu braço dói tanto quanto minhas costas, Nyhei entra rapidamente no quarto e se ajoelha ao meu lado.

– Meu Deus Will, o que foi isso? – eu nem consigo a responder, minha cabeça só entende dor. Francis volta com Giffany.

– O que aconteceu, Ford? – ela pergunta.

– Chu-Chuva, queima – eu digo silabicamente.

– Chuva Queima? – diz Giffany tentando me entender – o que aconteceu aqui?

– Eu não sei, quando eu acordei ele estava gritando caído no chão – Francis respondeu.

– Chuva Ácida – Nyhei especula.

Giffany se levanta e vai em direção a sacada aonde a chuva cai insistentemente, ela vagarosamente coloca a mão para fora da proteção da telha, quando a mão dela encontra a água ela espera automaticamente pela dor, mas ela não sente nada, então Giffany leva todo o seu corpo a chuva, e fica lá cerca de 30 segundos, e volta ao quarto encharcada.

– A chuva está normal – Giffany fala.

Eu sinto a dor nas costas aliviar, eu finalmente consigo levar o braço as costas que está cheia de bolhas do tamanho de uma bola de gude.

– Está sumindo! – Nyhei alerta.

Além das costas o meu braço também para de doer, minha temperatura cai drasticamente, eu digo que estou bem e peço para que todos voltem a dormir.

– Nyhei, fica aqui, dorme comigo – eu digo antes que ela possa sair do quarto.

– Lógico, Will – ela diz com um sorriso.

Francis se deita novamente, e eu me deito sobre Nyhei que acaricia meus cabelos, o calor de Nyhei me aquece, e eu consigo ouvir as batidas de seu coração, e adormeço lentamente. Ao amanhecer Nyhei se levanta devagar para não me acordar, mas não adianta, o frio rapidamente me acha quando Nyhei escapa da cama, mesmo assim eu a deixo sair, daqui à 1 hora estaremos saindo do porto de Ft. Lauderdale e eu tinha que me apressar.

Por conta do frio eu decido não tomar banho, e apenas escovo meus dentes e penteio o cabelo, a roupa de soldado novamente me espera sobre a cama, eu não a visto mas à coloco na mochila, junto com meu notebook e meu antigo rádio a pilhas, já que o novo que eu havia comprado desapareceu junto com o táxi, eu desço até o restaurante onde os outros já me aguardam, eu então me sirvo, ovos, pão integral e suco de goiaba, todos me observam, mas parecem seguir a ordem de Giffany sobre não me perguntar nada do acidente na praia. Depois que terminamos todos vamos ao ônibus que nos levara até o porto, Giffany achou mais seguro do que um táxi, eu me sentei do lado de Nyhei, todos ficaram um bom tempo em silêncio, talvez rezando para que Charlotte melhorasse logo, até Katrine estava em silêncio, apesar de ainda me encarar, mas ela também percebeu que não era o momento pra dar em cima de mim ainda, contudo com o passar do tempo a tensão foi diminuindo, Francis e Mihaj até arriscaram algumas piadas, eles conseguiram nos descontrair.

Pela janela do ônibus eu observo o mar, o vai e vem das ondas me lembra os cabelos ondulados de Charlotte, eu tento não lembrar dela, isso me abate um pouco, e eu não quero ficar depressivo no triângulo.

Olhando ao céu minha cabeça se vira ao outro lado, Nyhei está dormindo, eu passo a mão no rosto dela, coloco suas madeixas ruivas atrás de suas orelhas, antes de ser convidado para ir ao triângulo eu realmente pensará em pedir Nyhei em casamento, após 10 anos de namoro, eu achava que já estava na hora de pedi-la, quem sabe depois da expedição, eu podia chamar Katrine para ser a madrinha, acho que seria no mínimo inusitado.

Quando o clima descontraído tomou conta do ônibus, nos até arriscamos cantar algumas músicas de acampamento que Joe conhecia, mas não deu muito certo, o tempo no ônibus parecia se passar lentamente, 1 minuto pareciam 15, e com a chuva que caia lá fora não era possível se entreter com a paisagem, o vidro da janela até embaçou, Nyhei começou a desenhar nele, eu lembro de como ela desenhava bem lá em Kenner, era o passatempo preferido dela. Finalmente chegamos ao porto de Ft. Lauderdale, todos descemos e nos reunimos em círculo na lateral do ônibus para ouvirmos Giffany nos passar as últimas instruções.

– Bem Senhores, daqui a 15 minutos estaremos dando início a nossa expedição, não se esqueçam, iremos a Porto Rico coletando tudo que for possível sobre a água, o vento, a geografia do local, estejam sempre alerta a qualquer tipo de movimento estranho, cada noite dois ficaram de guarda por precaução, não queremos terminar como as expedições Soláris Beta e Soláris Apollo, senhores, com as coordenadas 18° 27'00" N/66° 04'00" W, expedição Soláris Atlas no mar em 13 minutos"

– O que aconteceu com a Soláris Beta e Apollo? – eu pergunto.

– Não queira saber – diz Matthew com seu sotaque britânico.

– Okay!

Todos começamos a colocar os equipamentos no barco, ele tem 25 metros de comprimento, eu não acho que caberia todo mundo de forma confortável, mas guardo minha opinião pra mim. Eu encosto ao lado de Nyhei.

– Soláris não é aquela empresa de tecnologia?

– Também – ela responde – você acha que a Soláris Technologies tem algo a ver com essa expedição?"

– Talvez – eu respondo – O governo não deve está bancando aquele hotel de luxo para nós sozinho.

Nyhei acinte e me diz:

– Acho melhor não compartilhar isso

Ela pega sua mochila e entra na embarcação, Katrine tem dificuldade com uma mala, ou pelo menos quer que eu pense isso, eu decido ajuda-la.

– Precisa de ajuda, Senhorita Green? – eu a digo.

– Kate, sem a senhorita – ela diz revirando os olhos – mas preciso de ajuda sim, minha mala está muito pesada.

– Eu a levo pra você!

– Meu herói – ela diz com uma piscada bastante indiscreta, eu apenas acho graça.

Levo a mala dela para dentro, e após isso desço novamente para me despedir da terra-firme, a água do mar se agita, bate com força na barreira, alguns respingos voam no meu rosto, e automaticamente me queimam, eu levo a mão ao meu rosto e o pressiono, a dor é como a de uma mordida de formiga, ela logo passa, meu coração acelera, e eu fico sem entender, a água novamente me queimou? Eu penso, então decido tomar uma atitude ariscada na minha visão, eu me sento em cima da barreira, e coloco a mão perto da água, ela começa a arder como se eu a colocasse perto do fogo, minha cabeça dói, Charlotte me vem à mente, mas por que? A água novamente bate na barreira e respinga em meu rosto, eu fecho os olhos e faço uma careta e seguro a dor, seria um efeito colateral do raio que me atingiu na praia, talvez a eletricidade ainda tivesse em meu corpo, eu decido não contar a Nyhei nem a Giffany sobre as novas queimaduras que ganhei na barreira, não podia correr o risco de não me deixarem ir até o centro do triângulo, eu visto minha capa de chuva para evitar que novos respingos me queimem, mas como eu conseguiria ir até Porto Rico em barco se eu não posso pegar um pingo de água, e não posso contar a ninguém? Talvez na ida até as bermudas eu conto, eles não me fariam voltar, ou fariam? Mesmo assim eu tinha que contar a alguém antes de chegar a Porto Rico.

Eu sou o último a embarcar, todos se acomodam na proa do barco, o céu está nublado, chuva de novo? Eu me pergunto, talvez seja melhor entrar.

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⏰ Last updated: Jan 31, 2019 ⏰

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Willians Ford e o Pergaminho Da MorteWhere stories live. Discover now