Mesmo que tudo isso ainda continuasse machucando.

Sentia algo em sua garganta, como se uma mão invisível o sufocasse, e seus olhos ardiam. Ele se sentia prestes a desabar, por isso não pôde ficar perto de Caio por mais tempo, por isso teve que sair. Ele precisava colocar isso para fora, ele precisava falar, precisava de uma pessoa amiga. Então pegou o celular e ligou para quem saberia como acalmar seu coração.

— May?

Oi, Vinny!

— Eu posso ir aí na sua casa?

Aconteceu alguma coisa? — Perguntou preocupada ao perceber o tom de voz dele.

— Eu só... preciso do seu colo um pouco. — E quando disse isso sentiu uma lágrima correr por sua bochecha.

Foi alguma coisa com o Caio? Vocês brigaram?

— Não. Mas tem a ver com ele sim.

Então vem. A gente conversa enquanto eu te faço um cafuné, que tal?

Vinny sorriu.

— Perfeito.

Então desligou o celular, enxugou os olhos, respirou fundo e ligou o carro, saindo logo em seguida.

***

Depois de tentar comer algo, Caio ainda sentia sua cabeça pesada e dolorida, então resolveu dormir mais um pouco enquanto esperava Vinny voltar para casa.

Quando ouviu o barulho da porta abrindo, voltou a acordar. O quarto estava mergulhado na semiescuridão do crepúsculo e ele só pôde distinguir a sombra de alguém andando pelo quarto e tirando a roupa.

— Você demorou — disse Caio sentando na cama.

— O supermercado estava cheio — disse pegando a toalha —, além disso eu passei na casa da May antes.

— Da May? Aconteceu alguma coisa?

— Não. Só senti vontade de conversar com ela, estava com saudade.

— Ah.

— Você está com fome? Eu comprei lasanha, se quiser pode esquentar enquanto eu tomo banho. — Então foi para o banheiro.

Enquanto ouvia o barulho baixo do chuveiro, Caio pegou o celular para olhar a hora. Não havia nenhuma chamada e apenas algumas mensagens pouco importantes. Mas ainda nenhuma mensagem de Rafael. Então resolveu enviar uma para ele. A mensagem chegou, mas não foi visualizada. Caio respondeu às outras mensagens e em seguida olhou mais uma vez a que tinha enviado para Rafael. Ainda não visualizada. Então bloqueou o celular e o colocou no bolso. Foi até a cozinha e viu as muitas sacolas com as compras que Vinny havia feito. Encontrou a lasanha congelada e já estava levando ela até o micro-ondas quando teve uma ideia melhor. Começou a guardar as compras enquanto esperava Vinny sair do banho. Quando o ouviu voltando para o quarto foi até lá.

Vinny estava só com a toalha em volta da cintura e procurava uma roupa para vestir. Caio se aproximou e o abraçou por trás. Começou a beijar lentamente seu pescoço o que fez Vinny sorrir e virar um pouco o rosto para encontrar seus olhos. Então Caio falou:

— Eu pensei que a gente podia sair um pouco, jantar fora... o que você acha?

Vinny colocou a mão direita sobre a mão de Caio em sua barriga.

— Eu não estou com cabeça para sair, além disso eu preciso terminar de corrigir aqueles trabalhos.

Caio achou que isso não parecia uma desculpa muito convincente e quis perguntar novamente se alguma coisa tinha acontecido, mas se Vinny já tinha dito que não era nada, por que agora seria diferente? Talvez Caio só estivesse um pouco paranoico mesmo.

No teu abraçoWhere stories live. Discover now