Capítulo 8 : Comportamento atual da água

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Waldir aproveitou a pausa do mentor e, em semblante triste, lamentou:

– Quando jovem, fui seminarista, mas logo desisti. Hoje, vemos aturdidos pelos noticiários os estardalhaços morais e materiais em que os indivíduos se digladiam em seus interesses mesquinhos e às vezes, até insignificantes... surgem centenas de religiões e, contudo o mundo parece ter avançado muito pouco ao princípio da moralidade comunitária social.

 PP, em seu gesto apaziguador, continuou:

– Bem sei das aflições em que hoje vos encontrais. Contudo, deveis conceber em vosso egocentro que tempo e espaço são incógnitas relativas aos propósitos que advirão com a continuidade progressiva universal, queirais ou não. É verdade que obtivemos dádivas durante a comunhão dos milênios, não muito diferente da vossa, em relação às alegrias e tristezas passadas. Hoje, estamos em situação melhor que a vossa, mas ainda temos muito para aprender sobre o que nos reserva a todos: o infinito! Compreendei que o Universo é uma infinita lógica matemática, se não, como entender seu Eterno Equilíbrio?

Os credos e falsos dogmas nascem e morrem como os séculos e, só restarão aqueles que realmente comungam o bem universal baseado na fraternidade e progresso que o Ente reivindica. Sabemos através dos registros teológicos que vosso mais ilustre líder moral não vos deserdou jamais, e não mediu sacrifícios baseados em pura doutrina cósmica e da mais elevada lógica racional que culminou, embora ainda não percebais, verdadeiro elixir, cuja essência própria nela contida consola a vossa dor.

– Então, você nos elucida que a atual época vivida retrata uma longa transição? – acrescentou timidamente Jonas:

PP esclareceu:

– Na verdade, surpreendeis vosso egocentro no comportamento saudoso de outrora em vícios e alegrias vãs e perniciosas, esquecendo os compromissos mais altos, talvez empenhados com o sangue de vosso pretérito, que agora exige discernimento compulsório, gradual e progressivo ao vosso pobre entendimento.

O grupo prosseguia em animada palestra entre eles.

Enquanto isso, Iraciara, esposa de Frias, encontrava-se em seu lar assistindo à novela predileta pela TV em semblante meditativo.

Iraciara era mulher bondosa, descendente em terceiro grau de tribo indígena oriunda da região amazônica. Tinham um casal de jovens filhos em idade escolar no grande acampamento, e o outro mais velho, na capital do Estado.

Havia meses sentia as ausências constantes do marido, ora indo para casa de Gonzales ou, do encontro com o mesmo, para em seguida saírem sem explicação plausível. Pensava ela: "O que está havendo? Ele sempre foi um homem caseiro e agora não pára em casa; duas vezes por semana some e retorna em altas horas da noite quando já estou dormindo... e, aos fins de semana passa os dias fora... será que está me traindo com alguma sirigaita? Porém, não dei motivo para isto, creio eu..."  E assim, um turbilhão de pensamentos atormentava a mente de Iraciara. "Ah! Hoje vou esperá-lo... terá que me contar o que está 'aprontando' ou não se ausentará mais",  resmungou ela baixinho.

Iraciara continuou assistindo ao programa, agora mais calma e resoluta, aguardando o retorno do marido.

Iraciara era também envolvida em poções curativas à base de ingredientes vegetais e animais da região.

Um Enigma na Amazonia - contato   ( livro I)Where stories live. Discover now