UMbigo, DOISbigo, TRÊSbigo

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— Oi, tia Lu. – falei e notei que a minha voz parecia a voz do Batman. Como se saísse de uma caverna. "Que merda é essa?".

— AnaLu, bora brincar de Marco Polo? Tia Lu! – Lucas chegou e vi que a Luiza ficou com uma cara séria – Como a senhora tá, tia?

— Bem.

— Meu pai vai enlouquecer quando souber que a senhora tava aqui. Quando ele era adolescente ele tinha uma foto sua no quarto. – Olhei paro Lucas e quase dei uma risada. Pai é? Ele quer é falar pro bofe novo que, pelo que ele me contou, é bi.

— Vai indo que eu já vou, Lucas.

— Esse é o Lucas? Mas ele não era gordinho?

— Adolescência faz isso com as pessoas. – olhei para ela e a foto dela abraçada na loira me veio à cabeça novamente. As legendas. As trocas de mensagens. A raiva e a tristeza voltaram do nada. - Fala, Luiza, quer alguma coisa? A galera tá me esperando...

— Eu vim te trazer o Heleno. – peguei meu velho companheiro de tantas histórias, cirurgias da AnaBea, batalhas, viagens...

— Tá lindão. – ele tava mesmo. Feio, mas lindo.

— Você também, esse cabelo... quer dizer...- fala Lu, diz o que eu quero ouvir. Ficamos por alguns momentos em silêncio e ela apenas me olhava.

— Mais alguma coisa? – Lu por favor, fala... me explica... me diz... me conta...

— Não.

— Ok, Lu. A gente se vê. – peguei Heleno e sai de perto dela sem esperar a sua resposta. Eu tô cansada de correr atrás. Parece que a adolescente é a Luiza. Velho, eu sempre dou o primeiro passo. Sempre. Tô cansada. Machucada. Triste.

Luiza

Fiquei olhando as costas da minha menina cada vez mais longe. AnaLu pega o ursinho com cuidado e o coloca em uma espreguiçadeira, se jogando na água logo em seguida. O barulho que aquela garotada fazia estava me dando dor de cabeça. Uma garota não parava de agarrar o pescoço da AnaLu dentro d'água e sempre dava um jeito de ficar se roçando nela.

— Vai ficar parada que nem um fiscal de trânsito até quando Luiza? Parece aqueles bonecões de posto! Pelo menos senta. – AnaBea me entrega um copo com suco que eu bebo em um só gole. Noto que estava em pé no sol há quase meia hora.

— Eu... eu vou embora Beazinha.

— Lu, quando vocês duas vão ser adultas e vão se resolver?

— Eu...

— Ai Luiza, sabe o que mais. Cansei! Mulher de DEUS! O que mais a minha irmã tem que fazer para você tomar uma atitude?

— Eu... eu...

— Você vai perder a mulher da tua vida, e quando acordar vão ter se passado 5... 10... 15 anos... AnaLu vai estar belíssima e plena e você? – sim, eu vou estar horrorosa com tudo caído.

— Eu...

— Tá Lu, tô exagerando. Se eu pensar na vovó você será tão ou mais linda que ela... mas Lu... você vai ficar esse tempo todo andando em círculos procurando algo que está ali naquela piscina mas que queria mesmo estar num quarto fechado com você. Se você tivesse tomado uma atitude...

— Eu tô aqui...

— E vai esperar que tudo caia do céu como sempre? Poxa Lu? Você não luta por nada? Pelo que você lutou na sua vida? Lutou de verdade? Acorda, você tem que dar o primeiro passo... aproveita que a casa está vazia.

Sweet Child of Mine (Concluido)Where stories live. Discover now