Capítulo treze

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Julia

Rafaela estava na piscina enquanto eu estava tentando ler um livro na espreguiçadeira. A verdade é que meus pensamentos estavam numa certa menininha de olhos azuis e em seu pai por quem estava apaixonada.

Fazia quatro dias que tinha viajado, e embora soubesse que esses dias de descanso eram merecidos e que eu precisava muito, também queria estar com eles, queria fazer parte da vida deles, queria que eles fossem minha família.

Sempre fui uma menina romântica e apaixonada, leitora assídua de romances clichês, fã dos filmes  de conto fadas e princesas da Disney e daqueles tipo "sessão da tarde". Talvez por isso eu sempre projetei viver um grande amor, ser protagonista de uma história cheia de clichês românticos e surpresas fofas.

Ter os pais que eu tenho também não me ajudou a pensar diferente.  Eles se conheceram na infância, cresceram juntos como melhores amigos e só depois de adultos começaram a namorar e logo casaram e pouco tempo depois eu cheguei. Eles são tão apaixonados um pelo outro que mesmo depois de mais de 25 anos de casados eles são como um casal de adolescentes que acabou de descobrir o amor.

Eu sonhei viver tudo isso como eles, achei que viveria, mas minha vida tomou rumos completamente diferentes do que planejei.  Queria casar já com a vida financeira estabilizada, aproveitar os primeiros anos do casamento e então ter um filho.

No entanto, estava apaixonada por um homem que viveu tudo isso ao lado de outra mulher que infelizmente morreu e eu estava ali querendo ocupar um lugar que não era meu. Mas eu queria ter Lucas, ser sua ajudadora, ser intercessora, ser a esposa e amiga que  ele precisava. Queria ser a protetora de Eliza, a mãe que ela perdeu. 

Todos esses sentimentos me deixavam confusa e cansada. Eu só queria amar e ser amada de volta, mas parecia que isso era um coisa improvável para mim.

-Ju! JULIA! -Rafa gritava na minha frente.

-O que foi ?

-A mamãe! -Passou o telefone dela para mim.

-Oi mãe!

-Oi meu amor, como você está?

-Gostaria de dizer que estou bem e descansando, mas na verdade estou cansada e confusa.

-Ainda sobre Lucas?

-Sim, cada dia que passa parece que esse sentimento aumenta.

- Eu sei como é!

-Será que eu não poderia viver um amor calmo como o seu e o do papai?

-Quem te disse que foi calmo? Passamos por turbulência em vários momentos.

-Queria conseguir esquecer Lucas,  não sentir nada do que eu sinto quando olho para ele, quando ouço a voz dele, quando estou do lado dele.

-Já pensou que  ele também pode estar sentindo isso por você?

- Ele não está mãe, ficar criando essas expectativas só me faz ficar mais machucada. 

-Sinto muito meu amor, estou orando por você. Orando para que Deus coloque tudo em seu lugar e faça o melhor para você.

-Amém, obrigada mãe.

- Eu te amo, princesa-fada-bailarina! - Falou sorrindo me fazendo rir também.

- Eu também te amo mamãe!

Luiza

Desde sempre foi muito claro para mim que minha melhor amiga era apaixonada pelo meu irmão.  Mesmo com a diferença de idade que há entre eles, Julia sempre foi encantada por Lucas, ele sempre foi um homem dos sonhos e naquele momento tinha tudo que ela sonhava.

Meu irmão também já foi apaixonado por ela, talvez com menos intensidade do que minha amiga, mas ele a admirava por ser tão dedicada aos estudos, por sempre estar envolvida na igreja e por honrar seus pais.  Lucas tinha sonhos estabelecidos, metas para o futuro, minha amiga era só uma adolescente apaixonada por um um universitário.   Eu achei que eles jamais dariam certo, por isso pedi a Lucas para ter cuidado com ela e não se envolver com minha amiga sem intensão de ficar com ela para sempre.

Logo depois ele apareceu lá em casa com Gabriela, depois veio o noivado, o casamento e Eliza. Aí Julia já estava com Victor e tudo parecia ir bem para os dois.

Mas o tempo passou e  Julia terminou o noivado e Gabriela faleceu. Eles estavam novamente sozinhos.

Julia demorou um pouco, mas se reergueu, terminou a faculdade e se tornou  uma ótima profissional.  Lucas seguiu, se tornou um pai mais presente e focou no seu ministério.

E o que eu achava ter sido uma paixão adolescente de minha amiga agora era amor, Julia amava Lucas de uma forma que eu jamais pude imaginar que ela faria novamente depois de terminar o noivado. Mesmo sem nenhum relacionamento estabelecido entre eles era perceptível para mim que a conhecia há anos que ela amava meu irmão como jamais amou Victor. 

Do outro lado, Lucas estava divido entre o luto de sua esposa, o medo de seguir em frente e a paixão que embora ele não declarace era evidente em seus olhos , em sua fala e em suas atitudes em relação a Julia. 

Sabia que ambos não  dariam o braço a torcer sobre seus sentimentos, por isso consegui marcar com seu Pedro e dona Manuela pais de Julia um jantar para eles.  Pedi para que marcasse um jantar no restaurante que eu e Rafaela escolhemos e pedimos para que uma mesa especial fosse preparada . Marquei com Lucas no mesmo lugar falei que precisava conversar com ele sobre o meu casamento, mas não queria que fosse na sua casa ou na minha. Pedi que ele deixasse Eliza com meus pais que estavam na minha casa para passar do final de semana.

As 19:00 eu, meu esposo e Rafaela estávamos dentro do carro em frente são restaurante  esperando os dois chegarem.  Lucas chegou primeiro como havia imaginado e o garçom que já havia sido instruído por nós o encaminhou para mesa que escolhemos. Julia chegou um pouco depois e o mesmo aconteceu com ela.

-O que  você está aprontando Luíza? -Lucas me mandou a mensagem assim que Julia entrou no restaurante ele deve ter percebido que eu havia planejado aquilo.

-Aproveite bem a noite faça minha amiga feliz,mas não se esqueça que vocês são cristãos então controle sua carne.

-Luiza, você é  louca!

-Eu te amo também, amanhã me diz o que aconteceu.

...

-Ju, aproveite o jantar e beija logo meu irmão, preciso que você se case logo pra gente conversar sobre coisas de casais e  eu quero um sobrinho logo.

-Armou isso tudo Luiza? Você está maluca?

-Lembre de me agradecer depois, beijos!

CONTINUA...

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