"Essas podem ser as minhas primeiras e últimas palavras para você.
Eu posso tentar te esquecer,
podemos até nos des-conhecer,
mas você sempre vai ser a primeira coisa que verei ao acordar,
sol."
BTS | Jung Hoseok | Contos | Textos avulsos
Capa:...
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13.01.2019
Pior do que um dia de chuva é um dia de céu nublado; pior do que um dia cheio é um dia sem ver o seu sorriso, sem o seu som.
Onde prenderam você, sol? Em qual prisão os raios não chegam e os pássaros não cantam mais? Sabe que eu também tenho as minhas prisões, meus dias de sol têm sido cada vez menos frequentes. E, por várias vezes, me pergunto se me posicionei no universo no lugar certo, se quem eu sou não chega a ser suficiente para mim, quem dirá para os outros. Crise de identidade, não é, sol?
Você já quis estar em algum lugar diferente do mundo? Não sei você, mas eu constantemente quero fugir para onde tenha sol. Não se engane, aqui quarenta graus não é só força de expressão, mas não é desse calor que estou falando. É daquilo que produzimos quando estamos juntos, mesmo sem ver a luz do lado de fora, eu consigo saber que faz sol quando nossas peles se tocam. Afinal, calor é troca de energia. E se tem uma coisa que não falta entre nós é troca e energia. Eu não entendo nada de física ou acústica, mas "som" também é energia ou são ondas? Porque eu não consigo decidir se minha metáfora favorita é que somos calor ou que somos música. Não consigo abrir mão de nenhuma sensação, de nenhum som que vem de você.
Mas hoje não escuto você cantar, meu pássaro de corda, e nem vi o sol. Ainda que não estivesse frio, talvez só dentro de mim. E olha que eu precisava dele, precisava que alguém aí do seu lado, do futuro-fuso, me dissesse que tudo vai ficar bem e que, assim como você, eu vou dar conta. Queria me certificar de que você está brilhando, queria sentir sobre a pele, mesmo às vezes queimando um pouco, o sol.
Quis ouvir o meu pássaro cantar e o sol brilhar por que eu precisava, ainda preciso. Me senti egoísta. Me desculpe, sol, queria poder brilhar para você também, ser o que você é para mim. Queria abrir a gaiola e fazer de você livre, queria dizer que só você pode medir o seu valor, que você é capaz, porque você é suficiente. Talvez se eu conseguir dizer isso para você, talvez um dia, consiga dizer para mim mesma, não é?
Afinal, somos dois pássaros na gaiola, presos, só esperando as nuvens darem espaço no céu; só esperando que alguém esqueça as grades aberta para fugirmos.
Quero ouvir o pássaro cantar livre, onde tem sol.
sol é liberdade.
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"The caged bird sings with a fearful trill of things unknown but longed for still and his tune is heard on the distant hill for the caged bird sings of freedom."
Maya Angelou
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Notas
pássaro de corda : é uma referência ao livro Crónica do Pássaro de Corda, romance de Haruki Murakami, escritor japonês. Um romance que trabalha bastante a questão da confusão entre criação mental do protagonista e a realidade (recomendo fortemente qualquer coisa que ele escreva haha).
Maya Angelou: Escritora e ativista de direitos humanos norte-americana. Além da poesia, "Eu sei que o pássaro canta na gaiola" é uma biografia que fala da sua infância e da segregação racial nos Estados Unidos (também indico fortemente tudo que essa mulher maravilhosa escreveu).
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Queria deixar um muito obrigada a revisora de sol. , fireflyins (sem palavras para essa pessoa maravilhosa) e a vocês que têm feito meus dias mais felizes. Desejo uma semana ensolarada para todos.
