Águas turbulentas

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POV MIRANDA

Meu deus do céu. Eu machuquei ela. Eu marquei a pele de Andréa. Eu magoei aquela menina sem qualquer razão!

Meu corpo todo está trêmulo. Eu preciso desesperadamente me desculpar com ela. Preciso desesperadamente explicar pra ela o meu lado se é que eu tenho um lado, mas as minhas terminações nervosas me deixam estática. Quero correr até Andrea, mas meu corpo não quer reagir.

Deus do céu. Eu a machuquei. Eu não queria ter machucado ela e vê a pele marcada por minha causa está causando um aperto no meu coração nunca antes sentido. Não sei o que me deixou mais em desordem nos últimos minutos. Se foi a tempestade que vi nos olhos de Andrea e  sua explosão com toda razão ou se foi a presença da mulher que espalhou pelos quatro cantos, anos atrás que eu sou intersexual, causando a principal briga com meu pai. A exposição da minha sexualidade , ao optar por mulheres, além de ser intersexual,  causou o estrago na minha convivência com meu pai.  Dali em diante perdemos a nossa identidade de pai e filha. Lembro perfeitamente da manchete " Miranda Priestly, filha de magnata tem um pênis" seguida por diversas exclamações, junto com uma charge. Quando a matéria foi exposta daquela maneira pelo país, minha convivência com ele se tornou impossível e briga passou a ser irreversível. Há anos, Charlotte Stangard dedica a vida dela em me infernizar. Acredito que ganha muito dinheiro com isso ,pois há muito tempo ela usa de todas as formas inescrupulosas para me prejudicar.

Quando saí do banho, não vi Andrea e liguei pra recepção, a recepcionista me informou que ela estava no bar conversando com uma mulher. Perdi a cabeça. Desci quase cega. A ideia de imaginar Andrea nos braços de outra mulher, me pareceu bem pior que imaginar ela vendendo informações da minha vida pra aquela cretina.

Ao chegar ao saguão, me enfureceu o modo que Charlotte sorria pra ela. Me enfureceu ela parecer tão intima de Andrea e toda aquela cena me parecia cada vez mais irreal. Quando me dei conta do que se tratava, arrastei Andrea pra os elevadores e voltamos pra cá. Com que direito eu arrastei Andrea daquela maneira? Como pude ser imbecil ao ponto de trata-la como minha propriedade?

Chego a uma conclusão: Eu sou uma imbecil!

Desperto finalmente do meu estupor e corro porta a fora. A chuva começa a castigar.

Nem espero os elevadores, desço rapidamente as escadas e chego a recepção.

A recepcionista continuava lá.

- Aquela moça que estava aqui com a senhora Charlotte...

- Sim. Ela saiu pelo acesso da saída principal.

- Obrigada

Saio apavorada com a possibilidade de Andrea ter ido embora. Não me importo com a chuva. Não me importo que Charlotte tenha deixado algum fotografo de plantão. Tudo que me importa agora é Andrea.

POV ANDREA

Saio arrasada do quarto.

Corro pra o elevador e desço sem ter a certeza de qual será o meu destino.

Passo pela recepção e a recepcionista me para.

- Moça, está tudo bem?

Não consigo nem responder. Saio mais apressada. Nem sei mais se ela é realmente uma recepcionista ou se é mais uma pessoa do maldito circulo social da senhora Priestly.

Sigo para praia.

Me distancio o máximo que posso e me sento por trás de algumas enormes rochas. Fico quase escondida de tudo e de todos.

Começa a chover forte e isso não me incomoda. Meu rosto já estava mesmo molhado. Como Miranda foi capaz de pensar que eu a trairia dessa maneira? Vender informações dela pra alguém que eu nem conheço? Aquela forma que ela falou comigo me deixou decepcionada. A marca que ela deixou no meu braço, em nada se compara com a marca de decepção que ficará no meu peito.

Pretty Woman (G!P) Mirandy CONCLUÍDAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora