três

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6 ANOS ANTES

6 ANOS ANTES

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Meu celular vibra, no bolso traseiro da calça jeans

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Meu celular vibra, no bolso traseiro da calça jeans. Não posso evitar revirar os olhos e rir ao ler a mensagem enviada. Dean está se superando a cada dia.

Dean: agora que sua mãe tá divorciada, será que ela me dá uma chance?

Meus dedos vão até o teclado do aparelho e o mando ir à merda.

Meus pais se divorciaram há pouco tempo. Dois meses, para ser mais exato. Eu pensei que seria uma separação difícil, e que eles estariam brigando o tempo todo enquanto a papelada não saía. Mas eu estava errado. Na verdade, está sendo bem fácil lidar com isso, e agora eles não brigam tanto. Dean, um dos meus melhores amigos, vem usando essa desculpa para cantar a minha mãe. O lado bom é que eu não acho que ela cairia na boa e velha "seu pai é padeiro?".

Guardo o aparelho e continuo meu caminho pelo corredor principal da East Bellfolt School. As aulas acabaram há poucos minutos, portanto todos os lugares pareciam vagos e confortáveis. Não é que eu não goste das centenas de pessoas fazendo burburinhos, geralmente maldosos e cheios de fofocas, que se espalham pelos corredores durante o ensino médio. A questão é que sempre irá valer a pena esperar uns minutos a mais até que a maioria dessas pessoas já tenham ido embora. O silêncio e o simples fato de eu conseguir andar sem esbarrar em ninguém, são apenas alguns dos prêmios que se ganha quando espera alguns minutos antes de ir embora.

Quando estou passando próximo a um pequeno corredor, disponível apenas para bancos e máquinas de venda automática, vejo uma cena peculiar e ligeiramente estranha.

A garota de cabelos castanhos tem um dos punhos cerrados batendo contra a parte mais alta da vitrine de guloseimas de uma das máquinas de venda automática. Ela veste jeans colados e uma camiseta preta, há uma jaqueta amarrada em sua cintura e suas mãos estão repletas de anéis e pulseiras. Tudo nela parecia gritar sobre um gênio forte e indomável. Mas, ao olhar para o seu rosto, o pensamento é completamente contrário. Ela tem traços delicados e o nariz levemente empinado está franzido para uma careta em direção à máquina. Deus, eu odiaria estar no lugar da máquina agora.

A garota não nota minha presença, mesmo quando me encosto na parede e cruzo os braços em puro divertimento. Fico surpreso quando ela usa a bota de cano curto para dar um chute na lateral da grande caixa metálica abastecida com comida. Fico me perguntando se aconteceu algo relacionado a máquina para ela estar assim, ou se está apenas descontando os socos que não pode dar em alguém se quiser evitar a delegacia.

— Sabe, não é bonito ficar observando as pessoas assim — escuto ela dizer. Sua voz parece cansada, ainda que determinada e furiosa. Ela não olhou para mim diretamente, acredito que tenha visto meu reflexo em algum lugar.

— Também não é bonito socar a máquina de guloseimas — rebati.

Finalmente a garota virou para mim e revirou os olhos verdes. Eu já estava esperando o momento em que ela faria algo do tipo. Andei em passos lentos até chegar perto dela.

— Sage Dare — me apresento e estendo a mão amigavelmente.

Ela não corresponde meu aperto de mão, então recolho meu braço. Olhando-a de perto posso perceber com mais nitidez o quão bonita ela é. Na verdade, a garota à minha frente tem um rosto quase que escultural. Suas roupas e o modo como reage à minha aproximação, mostra uma pessoa rebelde. Mas seus cílios longos, olhos verdes brilhantes, cabelos castanhos na altura do sutiã e bochechas coradas, mostram uma garota bem mais inofensiva.

— É, eu sei quem você é. — Ela dá de ombros. É claro que ela sabe. Eu devia esperar isso. Quarterback do time e amigo de quem sou, o mínimo que eu poderia ser é conhecido. — Me chama de A.C.

— A.C.?

Ela suspira, parecendo um pouco entediada e cansada de ter que explicar. Como se por alguma razão eu já deveria saber.

— Meu nome de verdade é Aster. Aster Clark.

Sorrio. Um nome bem diferente para uma garota bem diferente. Parece combinar com ela em tantos níveis, menos em um, a leveza. Aster me faz pensar em serenidade, mas essa é a última coisa que vejo na garota que agora me observa com olhos curiosos. Serenidade? Leveza? Não. Isso não combina com ela.

— É uma flor — explica, provavelmente interpretando meu silêncio anterior como dúvida em relação ao seu nome.

A encaro por mais alguns segundos antes de responder:

— Eu sei, embora você não pareça ser muito delicada. — Lanço um sorriso que posso quase jurar ter sido correspondido.

Olho para a máquina atrás dela, onde um chips qualquer e um refrigerante estão presos entre o vidro e o local de saída. Ela segue meu olhar e bufa frustrada. Vou até a lateral da máquina e dou apenas um soco na superfície. Não muito forte, apenas o suficiente para derrubar a comida que estava presa na metade do caminho.

A.C. me olha surpresa e murmura um "obrigada".

— Viu? Não é tão difícil se souber pressionar o lugar certo — falo, enquanto a assisto se abaixar e pegar as coisas que comprou na máquina.

— E o que você é? Um especialista em máquinas de comida? — ela brinca.

Abro a boca para retrucar algo, mas meu celular vibra novamente. Pego-o mais uma vez.

"Onde você está, cara?"

Intercalo meu olhar entre A.C. e o celular, decidindo que é melhor ir atrás de Dean antes que ele coloque cartazes à minha procura.

— Eu tenho que ir — explico.

— A gente se vê por aí — ela fala.

Gosto do modo como ela é direta.

— A gente se vê. — É tudo que eu digo antes de ir embora.

Bem, acho que hoje eu tive três ótimos prêmios por esperar os corredores ficarem vagos. Um deles tem uma jaqueta amarrada na cintura e uma alta dose de rebeldia correndo pelas veias.

 Um deles tem uma jaqueta amarrada na cintura e uma alta dose de rebeldia correndo pelas veias

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