Ponto de Inflexão

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– Eu sinceramente não sei como isso seria.

– Tudo bem, mas podemos conversar sobre isso outra hora...?

Lurien não respondeu, apenas continuou sentado no chão abraçando as pernas encolhidas à sua frente. Suiko cruzou os braços enquanto dava passos nervosos pela sala, ela demorou a perceber que a resposta não viria, então aproximou-se do irmão, afagou seus cabelos e se retirou da sala.

Apesar de tudo, o menino ainda estava intrigado pelo sonho da irmã. Ele não conseguia ter certeza se aquilo significava que, aos olhos dela, ele nunca seria páreo para Rafael, ou que ela temia pelo dia que fosse depender das habilidades do irmão. "Justamente o que eu precisava" pensou "depois de um dia frustrante sem conseguir acessar minhas habilidades. Será por isso que ela sugeriu aquele treinamento comigo...?". Seu devaneio foi interrompido pelo barulho à porta.

– Lurien! – Amabel se fez ouvir.

– Olá, querido! – Lia também vinha logo atrás.

Lurien levantou-se do chão e foi abraçar a mãe, pedindo aos deuses que ela não perguntasse como foi o treinamento de hoje.

– Como foi de aula hoje, hm? – perguntou ela, puxando-o carinhosamente enquanto andava casa adentro.

– Não muito produtiva. – Lurien se encolheu ao responder.

– Tudo bem, todos temos dias ruins.

O menino suspirou timidamente, torcendo para aquilo não ter sido apenas da boca para fora. A mãe o levou para a cozinha e com um afago consolador o deixou para sentar à mesa. Ele se deixou cair na cadeira, encostou o cotovelo na mesa e apoiou o queixo sobre a mão.

– Amabel disse que tem uma coisa para nos mostrar – disse Lia – Só vamos esperar seu pai e sua irmã chegarem não é, Amabel?

– Uhum – confirmou a menina, que tinha enchido a boca com geleia de amora.

– Suiko já está aí. – comentou Lurien.

– Tão cedo? – Lia indagou, mas não houve resposta.

Lurien sentiu a cabeça pesar. Não sabia se pela discussão de mais cedo, ou pelo treinamento intensivo e frustrante durante o dia.

Houveram batidas na porta. Amabel correu para atender, era seu próprio pai que a trouxe pendurada em um braço e saudou a todos com um grande sorriso.

– Como está o meu futuro Rank A? – perguntou ele, bagunçando o cabelo extra penteado de Lurien.

– Não muito... – respondeu ele timidamente, de forma inaudível para o pai que nem ficou para esperar uma resposta mesmo.

– Vá chamar sua irmã, Amabel, estou ansiosa para saber o que tem para nos contar. – disse Lia, ao que Amabel obedeceu num pulo.

– O que foi isso? – quis saber Michel ao se aproximar de Lia para dar-lhe um abraço apertado.

– Espere um pouco que Amabel irá nos mostrar.

A menina logo voltou saltitando com sua irmã maior vindo logo atrás. Lurien tentou imaginar o que Amabel teria dito para convencer Suiko a vir tão prontamente e ainda por cima sem sua cara de desinteresse usual.

– Tá bom. Fiquem ali. – falou Amabel apontando para um dos cantos da cozinha, fazendo com que a mesa central a separasse dos seus ouvintes.

Michel sentou-se à mesa e logo começou a comer a geleia que a filha ali deixara, Lia posicionou-se atrás dele apoiando seus braços nos ombros do marido e o queixo em sua cabeça, Lurien e Suiko foram cada um para um lado do casal.

RecomeçoWhere stories live. Discover now