01: O Despertar

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“No meu mundo não há luz, apenas escuridão. Não há amor, apenas ódio. Ódio por aqueles que me mataram e por aqueles que me rejeitaram... Escuridão porque fora a minha única companhia

 Em meu coração não há trevas nem luz, pois ambos abandonaram-me. Fui morto por um bando de traficantes violadores, assassinos e sedentos por drogas álcool e maldade. Baleado mais de cem vezes a queima roupa.”

    Sim, o jovem rapaz estava ali, jogado no chão, drenando e se afogando em seu próprio sangue. Ele olhou para o céu, fitou os seus assassinos. Seus olhos transmitiam dor, sofrimento; sentia os projéteis ainda quentes dentro do seu corpo à medida que sua vida lhe fugia.

De seguida meu corpo foi jogado no rio Hudson como lixo. — então, o garoto fechou os olhos ao passo que ia para o fundo daquele rio sórdido. — Nem o céu e nem o inferno quiseram me acolher, pude vê-los perto de mim, mas estavam longe do meu alcance.—
Abri os olhos e percebi que estava num estranho lugar, não via e não sentia nada. Não conseguia entender onde me encontrava; era um lugar completamente vazio. Fiquei aí, suspenso no vácuo, na profunda, imensa e densa escuridão... Nem frio, nem calor. Nem sol ou a lua, nem terra ou água, apenas e nada mais que o nada.”

     Passado um ano, seu corpo já estava decomposto. No entanto, algo estranho acontecera: seus ossos começaram a se mover, suas carnes se regeneravam, seus orgãos e por fim, depois de poucos minutos, o corpo inteiro estava de volta, o jovem que fora assassinado estava de volta. Como? E subitamente em um dia ensolarado, numa manhã de quarta-feira os olhos do rapaz se abriram. Sem muitas forças e confuso, ele apenas susteve a respiração de modo instintivo e nadou até a superfície, saindo da água a seguir.

     De quase nada ele se recordava. Mas, precisamente três imagens diferentes lhe visitaram a mente. Era algo vago, mas ele apenas limitou-se em não dar importância naquele momento. Não havia machucados, os ferimentos de balas haviam sumido assim como quase toda a sua memória. Estava pálido e com as roupas rasgadas, descalço e a andar sobre aquele chão debaixo do sol escaldante das ruas de Nova Iork. As pessoas olhavam para ele com desdém, igual como quando olham para um mendigo se aproximando de um estabelecimento shique ou mesmo quando anda pela rua. Ele estava sem forças nos pés, estava sendo difícil acostumar-se a andar novamente.

Então, ele tropeçou em seus próprios pés e caiu...

* * * *

— Ei, você está bem? — disse uma garota segurando o rapaz, estava fraco e não conseguia enxergar direito! Perdera a consciência mas ainda conseguia ouvir o som dos carros no transito, abriu novamente os olhos e pôde perceber que estava num carro, não era luxuoso, isso dava para perceber pelo som que o motor produzia.

— Finalmente você acordou! — exclamou a garota. — Quem é você? O que aconteceu? Vou levar você para o hospital! Ok? — falou segurando o volante enquanto dirigia. — Ah, você não fala...

"Ela fala demais" — pensou o rapaz.

— Sabe, eu tinha um irmão assim como você, ele também não falava.

"Onde estou?"

Demorou trinta minutos até a mulher chegar ao hospital; o rapaz conseguiu sentir o carro parar...

— Por favor, me ajudem aqui. — articulou a menina para os seguranças.

     Os enfermeiros saíram correndo, trazendo consigo a maca. Puseram o jovem nela e o levaram para um dos quartos de internamento. Em poucas horas o rapaz estava acordado.

O ASSASSINO DO ALÉM Where stories live. Discover now