Garoto Invisível

Rafaela

 Querido diário, eu estou completamente apaixonada por um garoto da minhasala no colégio, ele é lindo, todo misterioso, na real diário gosto dele e não é deagora, mas depois daquele dia da festa e depois na lanchonete me fez gostarainda mais dele.Quando estou com ele me sinto completa ele me fazia lembrar de meu primo,que não o via desde que foi para os Estados unidos para tentar ser modelo.Mas o que mais gostava nele era seu jeito misterioso e introvertido de ser. Issosem falar que aqueles olhos castanhos claros me fascinava, seus cabelosondulados e compridos me deixava ainda mais fascinada nele.Não conseguia parar de pensar no que aconteceu no dia da festa e agora nacafeteria.Tudo começou com aquele esbarrão que Caio Augusto me deu lá na biblioteca,eu estava conversando destruída no celular e ele estava com pressa logo foitotalmente inevitável aquele esbarrão que culminou em um encontro depois daaula na cafeteria Dayplus café.Estava muito empolgada com aquele quase encontro que teríamos. Eu não viaa hora das aulas acabarem para enfim sair com o gatinho do Caio.Quando o sinal tocou colocando fim a mais um dia de aula, eu imediatamentefui a até meu armário para guardar minhas coisas. Também aproveitei paramandar uma mensagem para Caio. 

Eu: —Caio eu te espero na porta de entrada principal do colégio, okay? 

Caio: —Beleza, já estou descendo, só vou tirar uma dúvida com o professorreferente a minha nota e já te encontro. 

Estava muito ansiosa, eu gostava dele a bastante tempo, mas depois de tudo oque ocorreu na festa fiquei ainda mais fascinada por ele, amava mistérios, e eleera o mistério em pessoa, seu beijo era ótimo e eu não conseguia esquecer.Vi ele se aproximando e por um curto instante pensei que fosse ter um infarto.Ele era bonito, mas de uniformes ficava mais, ele estava com seus cabeloslongos soltos, ele me olhava de uma forma que ficava louca por ele.

 —Rafaela a quanto tempo não nos falamos. Disse ele rindo e sendo sarcástico.—Bastante tempo né. Só que não. —Murmurou ele

 —Vamos em qual cafeteria? —Perguntou ele sorrindo entreaberto.

 —Vamos no Dayplus café aqui perto, pois nunca fui mas me falaram que élegal. O que acha?—Perguntei olhando para seus olhos castanhos.

 —Okay então. Disse ele olhando para mim.

Fomos conversando a respeito da escola até chegarmos a tal cafeteria. Eu mesentei e pedi um cappuccino de chocolate, enquanto que ele só pediu um caféexpresso médio. Confesso a nossa conversa estava muito chata. Até omomento em que decidi perguntar a ele:

 —Caio Augusto naquele dia em que ficamos foi bom para você? —Pergunteicuriosa.De imediato vi ele corando e ficando vermelho, estava tenso, mas minhacuriosidade me fazia querer saber como ele se sentiu e se havia gostado dobeijo.

 —Rafaela eu...eu...eu gostei muito, mas...—Mas o que? Falei apreensiva o cortando no meio da frase. 

—Mas o que você viu em mim para ter feito aquilo? —Indagou ele bastantedeslocado com aquela situação. 

—Não sei exatamente te explicar, porém gosto de você. Acho que seu jeitosério e misterioso me encanta e me faz querer me aproximar e saber tudo oque eu puder sobre você e entender o seu por quê de ser solitário e de não seimportar em ficar sozinho como a maioria, seu estilo me instigante me fascina,sua peculiaridade faz eu querer estar perto de você, mesmo não sabendoabsolutamente nada sobre seu respeito. Basicamente você me magnetizagaroto invisível e eu sou atraída a você como um objeto metálico colocadopróximo a um ímã. Não tem explicação só acontece, sinto algo diferentequando estamos juntos. —Murmurei com sinceridade fitando seu olharpenetrante. 

—Não sou assim por que quero ser assim, simplesmente a vida metransformou nisso que sou. Confesso as pessoas perderam o interesse paramim depois... 

—Depois do que garoto invisível? —Novamente eu o interrompi nãoaguentando a emoção. 

—Depois que as pessoas que mais amei nesse mundo se foram. Eusimplesmente me isolei, a dor me consumia e eu gostava de consumir delatambém, sentir e reviver tudo o que aconteceu me faz não esquecer, que tudoo que aconteceu foi minha culpa. A vida me ensinou a ser assim simplesmentenão escolhi sofrer assim como não escolhi ter que tentar seguir em frente.Respondeu ele com semblante frio e olhar ríspido. 

—O que aconteceu garoto invisível? Perguntei com semblante bastante sério. 

—Rafaela eu ainda não estou preparado para me abrir e falar sobre tudo o queaconteceu, eu ainda não me sinto bem o suficiente para falar sobre isso. Eleme respondeu com os olhos lacrimejantes.—Desculpe-me acabei sendo insensível, não deveria ter te perguntado isso.Falei a ele segurando em suas mãos gélidas. 

—Me promete uma coisa Rafaela Albuquerque não conte nada sobre isso paraninguém eu ainda não estou preparado para expor e aceitar que as pessoasque mais amei se foram e que eu tenho que me desapegar e seguir em frente,e só guardar as boas lembranças vividas, isso me dói muito e me consome.Por favor guarde esse segredo por enquanto não sou capaz ainda de lidar comisso de maneira sensata. 

—Okay guardo sim. —Respondi sem chão a tudo que ele havia dito. 

—Obrigado!! De coração obrigado pela compreensão. Disse ele comsemblante triste e vazio.Imediatamente mudei de assunto e logo o perguntei de novo: 

—Você vai realmente expor toda a verdade sobre o que acontece no colégio,incluindo aquele vídeo repugnante do que aconteceu com aquele aluno quecometeu suicídio?—Disse a ele com semblante duvidoso.

—Eu ainda não sei o que fazer com aquele vídeo, só sei que não posso exporaquilo, pois um estupro é muito grave. Respondeu ele com o olhar frio esemblante seco. 

—Temos que entregar aquilo a polícia. 

—O colégio abafou o caso e a polícia simplesmente encerrou o caso, sem nemao menos pesquisar a fundo o porque de dois adolescentes de classe médiaalta terem se matado. Só sei que vai acabar com muita gente. —Resmungouele com semblante bastante sério.

—Quem eram todos os que estavam no vídeo? —Perguntei 

—Você não viu o vídeo? Murmurou ele de forma áspera. 

—Não consegui vê-lo inteiro, era pesado demais para mim. 

—Os que estavam naquele vídeo eram todos os membros do time de natação,inclusive o capitão.

—O Pedro Henrique está envolvido nisso? 

—Não nem o Pedro e nem o Gabriel aquilo ocorreu no período de transição deum para o outro, mas nesse período de adaptação quem ficou como capitãotemporário foi o Fernando Ferraro. Ele foi o responsável por aquele circo dehorrores. —Disse ele com firmeza em suas afirmações. 

—Mas Pedro sabia de tudo o que os idiotas do time fazia, aposto.? Murmureiduvidosa. 

—Ele sabia sobre o Bullying que o time de natação fazia com todo mundo eem especial com os novatos do colégio, mas o estupro e a agressão ele nãofazia ideia que havia acontecido aquilo. Isso eu posso te dizer com convicçãode que Pedro não sabia de nada. Caio afirmava com total segurança e confiança depositada em Pedro como seo conhesse bem.Não conversava muito com Albatelli, mas de uma coisa sabia ele não era comoos demais.Tomamos nossos cafés em seguida pagamos a conta e fomos andando até ometrô.No meio do caminho segurei nas mão dele e arranquei um beijo dele. Demomento ele recuou, entretanto insisti mesmo assim, ele percebeu minhaintenção com ele e disse: 

—Não acho uma boa ideia, nós nos aproximarmos desse jeito até por que eunão sou o garoto certo para você e vou acabar te decepcionando de algumaforma, eu ainda não sou capaz de retribuir ou mesmo lidar com o amor que aspessoas demonstram para comigo. Murmurou ele com semblante cabisbaixo 

—Caio só me diga uma coisa com toda sinceridade você gosta de outrapessoa? Se sim eu te deixo livre mesmo gostando de você. Tá? 

—Rafa você é muito fofa, queria realmente gostar de você da mesma formaque você gosta de mim, mas sim eu gosto de outra pessoa que simplesmentenão escolhi gostar, essa pessoa nem ao menos gosta de mim. Disse eleolhando fundo nos meus olhos. 

—Caio por que faz isso comigo? Perguntei segurando em suas mãos e oabraçando em seguida.—A culpa não é minha mais sim do amor que não faz sentido RafaelaAlbuquerque. Disse ele em meus ouvidos e me abraçando forte. 

Depois de alguns minutos me despedi dele e fui para casa.