Aposta

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Quinta-feira– Yosen High – 10h05min – Intervalo de aulas.

Himuro Tatsuya.

- Xeque-mate, Muro-chin. – Meu Rei foi derrubado pelo cavalo de Atsushi em menos de três minutos de jogo.

- Impossível, eu não acredito! – Mesmo que entendesse, completamente, a jogada, isso é impossível. Como eu perdi? Por que eu perdi? Isso não deveria estar acontecendo, isso só pode ser um pesadelo. – Atsushi...

- Nee, Muro-chin, eu ganhei. – Disse com a voz preguiçosa e arrastada de sempre enquanto se deliciava com suas batatinhas, não pude evitar e o encarei inconformado com tal resultado. Mas... algo... estava diferente. – Prepare-se para me obedecer amanhã, Tatsuya. – Sibilou levantando.

- A-Atsushi! Chottomatte! – Segurei seu antebraço, recebendo o olhar intimidador do gigante, engoli seco. – A-Aonde você vai?

- Comprar um bolo de chocolate. Nos encontramos na aula.

- Só me deixe perguntar uma coisa: quem te ensinou a jogar xadrez? – Na verdade essa é a pergunta que está martelando minha cabeça. Não é como se o julgasse burro ou pouco inteligente, mas... esse jogo, ele está em um nível complemente diferente.

- Eh?! Hum... Aka-chin me ensinou. Agora, se me permite. A propósito, Muro-chin, amanhã você deve chegar trinta minutos mais cedo. Isso é tudo. Jaa, Mata nee... – Resmungou a saudação saindo e me deixando... perdido.

Quinta-feira – Yosen High – 7h09min.

- Muro-chin, ohayo. – Resmungou Atsushi enquanto abria seu armário para pegar seu sapato. O esperei, pois vamos juntos para sala.

- Ohayo, Atsushi. – Sempre a mesma coisa; não o entendo. Faz, mais ou menos, um mês que perdemos contra Seirin na copa de inverno, aquele foi um dia difícil, digo, temos uma defesa absoluta, então era, de certa forma, uma vitória certa. Mesmo assim, não aconteceu. Enquanto chorávamos no vestiário, Atsushi me beijou. Aquilo, na verdade, na hora, me confortou. Acho que essa era a real intenção por trás do beijo. Não foi agressivo, mas nem tão cauteloso, foi perfeito. Jamais vou esquecer o quão quente e doce foi aquele beijo, contrastando com o salgado de nossas lágrimas. Sim, aquele beijo jamais seria esquecido, mas... de algum modo, alguma parte dentro de mim queria que aquilo continuasse. Digo, no outro dia, depois daquela noite tudo voltou a ser como era antes. Foi como se aquele beijo nunca tivesse acontecido e isso... machuca. Sim, machuca muito! Ele é grande e, às vezes, desajeitado, um garoto de só 17anos com 208cm de altura. O cabelo grande que, normalmente e para maioria das pessoas lhe dava um ar juvenil, de um tempo para cá começou a ser bem sensual. Não só eu, mas todas as garotas do Colégio perceberam e têm se atirado aos montes para cima dele. Nosso treino de basquete que costumava ser uma sessão de tortura espartana, agora sempre conta com uma plateia de mulheres com feromônios a flor da pele. Embora Atsushi não pareça se importar com isso. De qualquer forma, por quê? Por que não falamos nada sobre aquele beijo? Por que não nos falamos com um pouco mais de... intimidade? Nada. Nada mudou. Aliás, nada em Atsushi mudou, ele continua o mesmo, frio, infantil... ou talvez nem isso, talvez tenha mudado, mas decidiu esquecer sobre aquilo por não ter tido nenhum significado. Mesmo assim! Mesmo assim comigo foi diferente. Mesmo sendo seu amigo e estando ao seu lado, sinto que estamos ficando cada vez mais distantes. Eu não quero isso. Pelo contrário, desde aquele dia tenho desejado estar próximo, mais e mais dele. Então, o que devo fazer? Falar sobre meus sentimentos? Mesmo que incertos e confusos, explicar a bagunça que aquele beijo me causou? E se aquele beijo para ele não for mesmo nada? Como reagiria? Poderia continuar ao seu lado como se nada tivesse acontecido? Como se nada tivesse mudado? Talvez. O que aconteceria? Aliás, o que eu quero que aconteça?! Talvez, para Atsushi, beijar um amigo seja normal? Se bem me recordo, me disse que era bem próximo do capitão, Akashi Seijuro. Eles já se beijaram? Himuro, foco! Esqueça isso, afinal, vocês não estão juntos, isso não tem nada a ver com você. Esqueça... esqueça.

Seu mestre mandouOnde histórias criam vida. Descubra agora