Almas Acalentadas

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Sempre estão de olho... Nunca nos deixam sozinho... As vezes... Isso pode ser muito... Muito bom.

Um boa noite, para mim é composta de alguns elementos simples, mas que atualmente estão difíceis de serem vistos junto:

Chuva, nuvens, vento, clima úmido mas não frio e ainda assim, a lua passando por entre as nuvens não pesadas. Para mim, forma o clima perfeito.

Nesta última noite, a cidade que eu continuo a morar, acabou de sair de uma temporada de temperaturas baixas e noites sem luas ou nuvens. Lindo o céu, mas sinto falta delas sempre... Então, a chuva veio durante a noite, me acordando em minha cama com seu trovão convidativo a fazer uma viagem que eu não entendia para onde, apenas sentia, em meu corpo, coração e mente que deveria ir. E assim, eu aceitei o convite daquilo que mais confio.

***

"Felipe..."

Ouvi uma voz me chamando, de um homem mas não a identifiquei.

Abri os olhos e eu estava numa praça pequena, conhecida minha de infância. Era o local onde eu tive a minha primeira missão.

Mas agora não era minha primeira missão. Estava de manhã, com o céu cinza e muito encoberto pelas nuvens pesadas de chuva que derrubavam a sua canção sobre meu rosto e asas meio abertas.

A Minha frente, muitos guardas com cães cobrindo toda a área da praça e do que foi, a rua que cruzava e separava a praça da empresa. Agora, a rua foi anexada ao prédio e a praça. Era tudo um único chão coberto de grama muito bem podada e com alguns brinquedos para crianças, que obviamente já estavam encharcados.

- Ei! Você! - chamou o guarda que interrompeu minhas lembranças daquela época – Saia Daqui! – Ordenou ele que logo foi acompanhado de outros homens me cercando.

Eu não entendia aquela situação. Eu estava em paz, meus olhos olhavam aquelas pessoas como se elas, não fossem nada demais e então. Um dos guardas sacou uma arma de choque e veio para cima de mim todo desajeitado e escorregando na grama e terra molhada.

Simplesmente dei um salto por cima do trie e parei em pé mais afastado do grupo, mas agora, com outros guardas a minha frente, olhando para mim e apontando as asas grandes e o pequeno par de asas na altura da panturrilha.

Quando percebi, os mesmos haviam soltado as correntes de suas mascotes, javalis enormes que vieram a toda velocidade para cima de mim ao comando de seus donos.

Dessa vez, eu simplesmente me abaixei e sorri, estendendo uma das mãos para os animais cheirarem quando se aproximassem, porém, eles mal se aproximaram e pararam, me observando, sem qualquer menção de um ataque e foram procurar algo para comer.

Alto, um grunhido se fez notar mais distante.

Era um outro javali que foi solto pelo comandante das tropas externas.

Duas vezes maior que os normais e com olhos vermelhos, robusto com vários ferimentos pelo seu corpo, casco e pelo das costas.

Outro grunhido, mais alto e feroz que o anterior enquanto os pequenos guardas amedrontados saiam correndo da frente do animal incontrolável que corria em minha direção.

"Pobre animal... Sofrido, mal tratado, abusado em sua carne e mente... eu vou livra-lo dessa triste dor..." foi o meu pensamento enquanto já estava no ar, saltando longe e para cima, além de por cima do grande e feroz animal, que ao olhar para cima e me acompanhando, teve a sua luz interna apagada. Tornando-se uma carcaça machucada e vazia de olhos ainda abertos, porem agora, vazios.

Contos de Um Lobo na Cidade - Vol. 4 - Os Mundos e Seus Seres ~Vivos~Where stories live. Discover now