O Viajante - Parte 1

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"Depois de algum tempo fora, voltei a viajar pelos mundos a fora. Cada um com o seu lado bom, cada um com seu lado ruim, todos, interligados entre si..."

Ali estava eu, em pé na plataforma do metrô mais uma vez, com a minha mochila azul nas costas, vestido com roupas um pouco mais pesadas por causa do frio.

As pessoas a minha volta eram poucas, e as que estavam distraídas como sempre.

Em todos os mundos com um certo nível de tecnologia, se distrair é algo muito fácil. Depende as vezes, de onde você mora apenas.

Logo o som da composição, alto e agudo se fez ouvir e a luz dos faróis a frente ofuscava quem olhasse para eles diretamente.

O condutor sério, como sempre, freou o trem. As portas se abriram. Entrei e o vagam estava com uma quantidade de pessoas moderada.

O sinal da porta tocou. Ela se fechou e me sentei num lugar vago momentos antes do trem se mexer e seguir viagem.

Observando essa composição, não é mais atual do que a que é usada na maioria dos caminhos sobre trilhos de um mundo, mas também não é atrasado. Mas já percebesse que esta usada a algum tempo.

- Boa noite senhores passageiros! – Gritou um homem, jovem de camiseta preta e bermuda, seu corpo pardo e rosto coberto, mas percebia-se que era jovem pela pele bem cuidada – Passem todos os seus pertences! – Declarou ele, sacando a arma da cintura enquanto outros dois, mais brancos, uma de camiseta branca e calça, e outro de blusa preta e calça cumprida olhavam os passageiros com as mãos na cintura.

Virei o rosto para ver a situação e logo percebi o que estava acontecendo.

Um dos jovens foi andando atrás do que tinha arma e recolhendo os pertences das pessoas: joias de pulso e de pescoço, celulares e bolsas inteiras.

Sem demora chegaram onde eu estava e mandaram a mulher ao meu lado passar tudo que tinha, inclusive o anel e o colar pouco chamativos, mas ainda belos que ela tinha.

- Vamos! – Disse o homem repetidamente enquanto o com a arma, apontava para o outro lado.

Rapidamente puxei o homem para baixo pela gola da camisa.

Este com o susto derrubou a sacola q estava usando para recolher os objetos no chão fazendo-os se espalharem.

- Estação ******** - Falou a voz automática do trem assim quem o trem parou.

O ladrão com a arma olhou para trás e me viu segurando-o pela gola da camisa, amedrontando-o enquanto um guarda do lado de fora da estação olhava dentro do trem.

- Droga! – Gritou ele para os comparsas que trataram de correr, inclusive o que estava comigo, correu logo após eu solta-lo.

- Ah! – Gritaram eles enquanto pelo corredor até a porta mais longe que quando se abriu, logo passaram feito um raio com os guardas atrás de todos.

As pessoas dentro vieram para perto da moça ao meu lado pegar os seus pertences de volta, todos com um rosto triste, desanimado e assustados. Alguns tremendo.

- Obrigado jovem... – Falou a moça, quase de idade olhando para mim.

Ela era bonita, cabelos levemente cacheados e loiros, seus olhos claros e puxados para o azul combinavam com as roupas de marca que ela usava.

- Imagine senhora, não foi nada respondi - ao som do trem apitando, informando que seguiríamos para a próxima estação.

- Foi sim – insistiu a moça, se virando um pouco mais para mim e voltando a falar – você.... Digo, eu não o vi aqui, até... o ocorrido.

- Eu entendo – falei para ela, olhando as paredes de concreto passando por mim, iluminadas por várias lâmpadas elétricas brancas – geralmente não é para ser notado... mas não podia deixar que levassem coisas especiais do outros.... Não é? – Falei olhando a moça de volta-

A Mulher me olhou por um tempo em silencio.

Depois ela respirou fundo e mexeu em sua bolsa, que não era pequena e tirou uma pedra.

- Aqui, pegue isto – olhei para ela, e depois para a pedra escura que ela segurava.

- Por que? – Perguntei olhando para ela.

- Bem... é o meu agradecimento por você não ter deixado levarem o que eu tinha de especial. – Falou ela sorrindo e oferecendo a pedra.

Respirei fundo e peguei a pedra.

- Estação ******** - falou a voz automática do trem novamente.

- Eu agradeço pelo pagamento – falei guardando a pedra no bolso da blusa enquanto andava até a porta mais próxima – e fico feliz pela senhora ter tanto amor por algo que um dia foi de quem a senhora amou, tenho certeza que ele, onde estiver, fica feliz com isso.

Logo a porta abriu e eu sai sem olhar para trás, parando e olhando a construção rustica dessa estação.

Puxei a pedra para fora e a olhei.

Ela brilhava levemente, cheia de uma energia branda e claramente feita para proteção.

"Vou precisar disso mais para frente..." Pensei comigo, enquanto pegava a mochila, abria e dentro dela, nada havia a não ser escuridão e alguns pontos brilhantes, como o céu noturno sem nuvens e cheio de estrelas. Deixei a pedra cair dentro, sem fazer nenhum som de que chegou ao fundo e fechei a mochila.

Contos de Um Lobo na Cidade - Vol. 4 - Os Mundos e Seus Seres ~Vivos~Where stories live. Discover now