O Viajante - parte 2

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"Saudades de uma vida assim.... 'tranquila' com pessoas que gostam da gente pelo que é...."

Logo que peguei a minha mochila e a coloquei nas costas novamente, subi pela única escada que pedra bruta que tinha, e o céu se fez presente em cima de mim.

Céu fechado, com nuvens pesadas de chuva passavam rápido enquanto eu subia os degraus até a saída: uma colina verdejante a minha frente com um vilarejo pequeno e um castelo mais ao fundo.

Olhei para trás e o buraco se fechou tranquilamente com luzes azuis.

- Bem... vejamos onde vim parar essa noite.... Ou dia – falei comigo mesmo enquanto caminhava pela colina, descendo-a calmamente sentindo o vento forte de chuva que passava com as nuvens, fazendo toda a grama e relva balançarem forte.

Não muito tempo depois de andar, eu estava entrando no vilarejo. Onde estava tendo algum tipo de festa.

Havia bandeirinhas penduradas em fios espalhados pelo alto das barracas simples, armadas com madeiras e bambus e cobertas com panos.

- Olha as cartas! Cartas e Pedras preciosas para a sua mágica! – dizia um vendedor com cara de mau humorado de um lado enquanto eu passava.

- Poção! Poção para o seu amor! – dizia uma moça mais jovem e bonita de cabelos longos, morena e com apenas um vestido simples cobrindo o corpo e animada na outra barraca a frente.

Enquanto eu andava, as pessoas não me viam como sempre, mas eu parava e olhava curioso para as pedras.

Me abaixei para ver as pedras sendo vendidas: Ouro, prata, balsamo, ametista, rubi, esmeralda, âmbar entre outras. Todas uma ao lado da outra sendo vendidas a céu aberto.

- Bom dia meu jovem garoto – me disse uma senhora sentada num banquinho de madeira a minha frente, com seus olhos semifechados, e o seu ralo cabelo branco caído para trás.

- Bom... dia? – respondi eu, olhando-a meio surpreso e me erguendo de volta a posição de vertical.

- vai querer algo? Deseja ver as cartas que tenho? Ou prefere ver as pedras magicas mesmo? Posso ver que é um viajante jovem... tenho algo que lhe interessa? – falou a senhora meio séria e simpática ao mesmo tempo.

- Bem eu... – parei e olhei tudo o que ela tinha, olhei para ela e para a barraca dela, pude ver o marido dela, um senhor de idade também, numa roda de pedra, afiando um machado pequeno, provavelmente para minerar ainda hoje.

- Sim? – me fez a mulher.

- este local, este mundo têm magia... é por isso que a senhora consegue me ver.... correto? – perguntei para ela, relaxando.

- Sim, jovem esperto você. – falou a senhora se sentando – não é incomum jovens viajantes de outros lugares distantes pararem neste local, então, uma sabia que mora no castelo nos disse que pessoas diferentes sempre passaram por aqui, e que não nos preocupássemos com vocês. Por que geralmente são amigos. Além de ótimos clientes – completou a senhora com um sorriso.

Dei um sorriso de volta para a senhora enquanto eu olhava para o que ela tinha vendendo além das pedras em sua mesa improvisada na barraca: cartas.

- Estas cartas senhoras – apontei olhando para a imagem da primeira carta. Uma mulher seminua com os peitos cobertos por asas, com as mãos entre os peitos, olhos fechados e da cintura para baixo, apenas fumaça.

- Ó, o senhor conhece? – perguntou ela se levantando e pegando o baralho para mim.

- Talvez, em meu mundo tem algo similar, mas... estas servem para o que aqui, neste mundo? – perguntei enquanto pegava gentilmente as cartas da mão da senhora.

- Algumas pessoas, pessoas não – corrigiu a senhora – algumas mulheres, dotadas de dons, as encantam e fazem delas, objetos de lutas para fins próprios.

"Os fins destas cartas são diferentes neste mundo...", pensei comigo.

- Então são simples cartas até que alguém as encante? – perguntei.

- Sim meu jovem – respondeu ela e logo emendou – vai querer levar?

Olhei as cartas e pensei por um tempo.

"No meu mundo tenho cartas como esta, então não preciso levar estas comigo... Logo...".

- A senhora poderia me emprestar elas apenas? – perguntei.

- Como assim, 'emprestar'? – retrucou a senhora sem entender.

- Bem... eu não preciso levar isto comigo, por que tenho em meu mundo, mas aqui, eu estou sem, por isso eu gostaria apenas de pegar emprestado enquanto estou por aqui, antes deu ir embora, elas voltam para a senhora, o que acha? – declarei a minha proposta.

- Bem... – começou a falar a senhora, mas parou colocando as frágeis mãos no seu queixo um pouco pontudo enquanto me encarava, como se me analisasse inteiro – pode ser – concluiu ela mas voltou a falar – espero que cuide bem delas, se é que você, tão jovem, é capaz de me entender...

- Sim... eu entendo bem o que a senhora falou – peguei as cartas, as juntando em minha mão – Um objeto, mesmo não-magico, é um objeto vivo e se deve respeito a ele, assim com o devemos cuidar: de um bem precioso ou uma pessoa, devemos cuidar do que é nossos objetos – expliquei o que sabia.

A senhora assentiu com a cabeça e foi se sentar em sua cadeira enquanto eu, peguei as cartas e passei a minha mão sobre elas, as encantando. Logo meu nome estava escrito em baixo nas cartas: "Felipe".

Peguei e guarde elas no bolso de traz de minha calça, cobrindo-as com a camisa branca e a blusa q eu estava vestindo e fui seguindo até o centro do vilarejo onde tinha muitas pessoas aglomeradas e agitadas.

- Vamos ter o torneio ou não?! – gritou um homem da multidão.

- Vamos começar logo! – gritou uma mulher do outro lado.

As pessoas estavam eufóricas e com raiva ao mesmo tempo. Enquanto eu caminhava ouvia muitas conversas paralelas sobre a situação:

"Parece que não vai ter mais torneio..." comentou uma moça com a sua amiga.

"Ouvi dizer que roubaram... você acredita?!" comentou extasiada outra mulher mais velha com a sua amiga.

"Ficou sabendo? Parece que ladrões apareceram e roubaram as sacerdotisas algumas horas antes do torneio!" falou um homem adulto com outro ao lado e ambos com cerveja na mão.

Quando consegui passar da multidão e chegar de fato ao centro, havia uma cerca com arame separado a multidão de jovens e belas mulheres, no auge da idade, mas de idades variadas no centro e uma outra mais velho, mas não idosa, em cima de um palanque construído, aparentemente, apenas para ela. Sentada e de olhos fechados, ela apenas ouvia as pessoas gritando e era possível ver as jovens a baixo, muito apreensivas.

"Se tudo o que eu ouvi foi verdade então..." Eu estava pensando comigo e antes de terminar meu pensamento, a moça no palanque levantou a mão e todos se calaram.

- Senhoras e senhores aqui presentes, devido a um fato, provavelmente já conhecido de vocês, eu não tenho outra escolha se não cancelar o torneio deste ano. – declarou ela e rapidamente os comentários negativos se fizeram presente.

Aparentemente o tornei era o ápice da festa e se isso não tivesse, poderia ser um problema talvez para o vilarejo.

Prontamente me certifiquei de levantar a mão.

Uma das jovens me viu e foi até mim.

- Pois não? – me perguntou ela, ela tinha os olhos bem marcados com uma maquiagem muito usada no meu mundo e seu vestido, todo negro, balançava suavemente com o vento médio.

- Eu gostaria... de dar uma sugestão sobre o torneio – fiz uma pausa e continuei – posso falar com ela? – e apontei com os olhos para a moça em cima do palanque.

A jovem me olhou e me encarou um pouco surpresa mas assentiu ao ver as pessoas agitadas.

- Espero que a sua ideia seja boa meu jovemhomem – falou ela me tirando de trás da cerca, me fazendo flutuar o que me fezrir involuntariamente pela sensação até chegar no chão do outro lado – vamoslá, falou ela, andando apressada a minha frente enquanto eu, parava de sorrirtanto e ia atrás dela.

Contos de Um Lobo na Cidade - Vol. 4 - Os Mundos e Seus Seres ~Vivos~Where stories live. Discover now