Uma característica muito marcante que dizem que eu tenho, é o famoso “coração mole”. Não importa a situação, qualquer oportunidade que eu tiver de ajudar, é isso que vou fazer, independentemente da pessoa. Sei que isso é um pouco arriscado por se tratar de um desconhecido que pode muito bem estar armado ou coisa parecida, mas minha consciência limpa é o que importa.

Agarro a alça da mochila com a mão esquerda e começo a dar passos pesados em direção às caixas. Estico o braço livre e toco o ombro de quem quer que esteja ali, percebendo que o sujeito estremece e paralisa logo em seguida, encolhido. Respiro fundo e tomo coragem de falar quando a pessoa, que descobri ser um rapaz, me encara com os olhos arregalados e levemente marejados.

— Quem é você, e por que tá nesse beco sozinho à essa hora da noite? — falo calmamente, ele já parece assustado o bastante.

Espero uma resposta por alguns minutos, esses que serviram para nos molhar ainda mais, já que a chuva engrossou. Canso de esperar pela resposta e retiro a mão de seu ombro, me viro e tiro minha mochila das costas, apenas para tirar o moletom preto que me cobre, ficando apenas com uma camiseta branca.

— Toma. — estendo o moletom em sua direção, vejo que ele treme mais que eu. — Está molhado, mas vai te ajudar um pouco com o frio.

— Você… não vai… ficar… com frio? —pergunta pausadamente, baixinho.— Eu… não posso… aceitar.

— Pode sim, toma. — dessa vez pego uma de suas mãos e coloco a peça de roupa nela. — Você está precisando mais que eu, minha casa está perto então não precisa se preocupar.

Finalmente ele cede, levanta o corpo levemente e veste meu moletom extremamente largo, pelo menos pra mim, que ficou perfeito em si, já que encolheu um pouco por estar molhado.

Só então percebo um detalhe, as grandes orelhas negras no topo da sua cabeça. Provavelmente se levantaram por ele estar mais aquecido. Ele aparentemente nota minha expressão de espanto, já que se encolhe novamente, abraçando o próprio corpo.

— Agora é o momento em que você me bate e me chama de aberração? — diz baixinho. — Vai logo então.

— Eu… — abro e fecho a boca diversas vezes antes de sair do pequeno transe. — Não vou fazer nada com você. Só quero ajudar.

O híbrido não se move, provavelmente não confia facilmente nas pessoas, deve ter sofrido algum tipo de preconceito ou trauma, por isso o dito anterior.

— Meu nome é Jimin, eu sou um universitário e não vou fazer nada de ruim pra você. — digo chegando mais perto dele e me agachando à sua frente. — Qual seu nome?

— Jeon...— diz baixinho e completa depois de uma pausa. —Jeongguk.

— Certo, Jeongguk. Você ainda não me respondeu o por quê de estar sozinho aqui.

— Eu fugi de casa. — abaixa a cabeça, encarando os próprios dedos que parecem mais interessantes que meu rosto. — Aconteceu muita coisa e eu não aguentava mais.

— Pra onde vai agora? Família, amigos? — continuo calmo, provavelmente é um assunto delicado.

— Minha família está morta e não tenho amigos. — diz fungando. — Não tenho lugar pra ir à não ser que volte para de onde eu fugi.

Essas palavras foram o suficiente para ativar o “Park Jimin coração mole”. É uma situação um tanto trágica, mas com jeitinho deve se resolver ou, ao menos, melhorar um pouco.

— Você provavelmente não confia em mim e continua desconfiado mas… — passo a mão em minha franja ensopada, a jogando para trás. — Quer vir comigo?

I'll show you the world ¦ pjm+jjkNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ