ENFIM EM CASA

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Enquanto estou no carro começo a imaginar para onde estão me levando. Sei que eu deveria pensar positivo, mas depois de tudo que aconteceu hoje... vou demorar um pouco para voltar a ter essa mentalidade.

— Podem por favor me dizer para estão me levando? — digo sendo educada, não acho que despertar meu lado grossa vá me ajudar agora. Mas por dentro admito que estava gritando.

Não recebo resposta. Estou no banco de trás de um carro e na frente estão dois guardas, um dirige e o outro me encara a cada um minutos. O que? Eles acham que eu vou pular do carro em movimento? Quero ir para casa, mas não quero morrer.

Olho para rua até começar a reconhecer as casas a minha volta. Sim, eles estão me levando de volta para o palácio. Mas mesmo que eu queira muito isso, mesmo que eu queira rever minha família e Mayson mais do que tudo no momento, ainda não sei como vou encarar minha mãe ou qualquer um que seja e dizer: Adivinhem... conheci me pai hoje!

Mesmo sabendo que ninguém provavelmente sabia disso, me sinto meio... traída. O meu pai apareceu e a primeira coisa que ele me pede é para tomar meu lugar. Para esse momento eu esperava algo melhor - não que eu imaginasse que chegaria - esperava algo como: "olá querida", ou "que saudade", ou no mínimo um "te amo".

É tão triste para mim imaginar que nunca poderei dizer essa frase ao meu próprio pai. E mesmo que eu quisesse - e eu quero - como vou dizer isso? Não sei nem se ao menos eu o verei de novo.

 — Você pula aqui alteza. — diz o homem que olhava para mim de tempos em tempos. Ele não é tão grande quanto o que me levou até Marco mais cedo, mas isso não diminui o medo que esses caras causam nas pessoas. 

— Eu... pulo? — digo sem entender o que ele quis dizer com aquilo.

O guarda que está dirigindo ri de mim e fala para o outro:

— Acha mesmo que ela vai entender?

Ele se vira para mim e só então reparo em seu rosto. Ele aparenta ser bem mais novo que o engraçadinho ao seu lado, imagino ter seus dezenove anos.

— Você ficará aqui princesa. — ele diz de uma forma mais gentil — Não ligue para esse troglodita aqui ao me lado. Ele não sabe ser educado com uma dama.

O homem que ele apelidou de "troglodita" ri e se vira para frente encarando a rua escura.

Não digo nada. Apenas rio para ele. De uma forma ou de outra ele falou de um jeito engraçado.

— A propósito, me chamo James, não que você vá se importar em querer saber disso.

Ele diz de uma forma que me faz sentir uma pessoa esnobe. Então para tirar essa má impressão digo:

— Harley — estendo minha mão. Ele olha para mim e estreita os olhos.

— Eu sei quem você é. — ao sorrir aparecem covinhas suaves em suas bochechas e dentes brancos formam um riso um tanto perfeito. — precisa descer aqui. Estamos nos fundo do palácio. Bem ao lado do jardim. Apareça no portão e os guardas vão ver você.

Continuou olhando para ele. Seu rosto é fino e as covinhas em conjunto com olhos castanhos claros ajudam a dar uma ar mais jovial. Com certeza ele não parece nada com o guarda ao seu lado. Admito que de momento o acho um tanto... bonito.

James percebe minha distração e para tirar isso estala os dedos na minha frente.

—  Princesa. Vamos! Você tem que descer.

—  Claro —  apenas digo e abro a porta do carro.

Antes que eu pudesse descer, o guarda ao lado de James fala sem olhar para mim.

Entre Flores e Trovões [CONCLUÍDO]Kde žijí příběhy. Začni objevovat