Capítulo 5

24 2 0
                                    

No caminho para o fórum, fez-se um silêncio perturbador, então o policial Freitas fez a pergunta que queria fazer a tempos:

-Mas, afinal, quem matou Elena?

-O assassino é surpreendente, vamos fazer suspense até chegarmos, lá você descobrirá.

Freitas parecia incomodado e confuso durante o trajeto, mas tentou não demonstrar muito, afinal, pareceria anti-profissional.

Quando saíram do carro, três policiais algemaram Freitas rapidamente, que agora não parecia mais confuso, mas com raiva. O prenderam e levaram-o à sala do juiz, o detetive foi logo atrás... 

-Quanto tempo Sr. Carvalho e prazer em revê-lo policial Freitas! Mas o que fazem aqui?- cumprimentou o juiz

-Faz bastante tempo mesmo, Sr.Guilherme, mas vamos direto ao ponto. Houve um assassinato no hotel Pocher, a vítima, Elena, uma camareira. No início não fazia sentido para mim, matarem uma camareira, afinal, ela não tinha nenhum bem especial... No local do crime, havia um fio de cabelo, curto e grisalho, não comentei isso com Freitas. Como não tinha como analisar o DNA no hotel, me guiei com base no comprimento e cor, o que me levou a alguns suspeitos, David, do quinto andar, Carlos Roberto, do terceiro, Eduardo, o gerente... E o policial Freitas, que por sinal, estava me ajudando na investigação. Mas haviam também, riscos de esmalte na parede, o que levava a crer que o assassino era uma mulher. Tudo me parecia muito estranho, notei que durante o interrogatório e nossas conversas, o policial Freitas tentava reforçar que o criminoso se tratava de uma mulher. Durante minha conversa com a doutora, descobri que o crime acontecera entre 19:00 e 20:00 de Quarta, justamente no intervalo de tempo em que encontrei Freitas dentro do elevador, descendo para o subsolo. Procurei saber melhor sobre Elena na internet e através de alguns de meus contatos e foi aí que descobri toda a verdade. Elena era, na verdade, Meredith, aquela mulher que supostamente roubara uma importante é caríssima peça de um museu, está lembrado?

-Me lembro sim, era o policial Freitas quem comandava a investigação desse caso- disse Guilherme

-Exato. Quando Freitas havia conseguido encontrar o ladrão, Meredith, e convocou uma reunião para a divulgação, a mulher mudou de identidade se tornando Elena e de cidade, vindo para São Paulo... Então, durante a reunião, quando o policial foi anunciar a criminosa, sua identidade não foi encontrada e ele acabou sendo humilhado por acusar uma pessoa "inexistente". Para evitar suspeitas, Meredith se tornou arrumadeira de hotel e não comentava muito sobre seu passado, por isso, apenas agora, cinco anos depois, Freitas a encontrou e quis vingar-se.

Nesse momento freitas suava e se debatia, com olhos arregalados, demonstrando claramente algum distúrbio.

-E agora o senhor deve estar se perguntando sobre as marcas de esmalte.

-Sim.- concordou o juiz 

-Sabemos que o policial Freitas não é bobo... Ele é profissional, claramente colocaria uma pista falsa, que levava a crer que o assassino era uma mulher, mas ele não contava que eu não estaria no Hotel justamente nesse dia. Por que eu observo, não somente vejo. Notei, no café da manhã, quando o policial foi pegar suas torradas, que a lateral da unha de seu dedão estava com restos de esmalte vermelho... Decidi não comentar, pois ainda não havia certeza do criminoso. Mas agora, declaro que o caso foi concluído. 

Freitas já não estava mais se debatendo, ele agora gritava desesperadamente, os seguranças, o detetive e o juiz acalmaram ele... Que quando estava mais calmo, falou:

-Sei que vão me prender, mas posso ao menos ir lá fora e respirar ar livre por alguns minutos, para me despedir da liberdade?

O que o policial fizera era imperdoável, mas ele fora um bom companheiro de trabalho antes de enlouquecer, então o juiz o deixou ir ao exterior do fórum por cinco minutos.

Lá fora, sozinho, Freitas olhou para o céu e com os olhos arregalados em súplica, pegou uma faca de dentro do paletó, a mesma que usara para matar Meredith e com um golpe no pescoço, caiu morto no chão...

Depois desses acontecimentos, o Hotel Pocher ficou alguns poucos meses com poucos clientes. Mas era de fato um Hotel muito bom, então não demorou muito para lotar novamente.

22/04, foi o dia do funeral de Elena, seis dias depois de seu assassinato. Todos estavam chocados e tristes, especialmente Sr.Carvalho, que deixou uma rosa no túmulo de Meredith, não só pela camareira que fora assassinada por um grande amigo seu, mas também por uma parte de sua vida que foi levada embora junto com a morte de Freitas.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 26, 2018 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Um Crime Escarlate (FINALIZADA)Where stories live. Discover now