Capítulo 3 - Invasão (Parte 2)

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A dor impedia que Kayan se movesse dali mesmo com todo o combate que acontecia a poucos metros de distância.

Ele havia sido ingênuo em pensar que ela estaria segura enquanto eles lutavam. Havia apenas quinze metros de distância e ele devia ter imaginado que aquele homem seria sujo o suficiente para fazer algo como aquilo. Ele devia ter se preparado melhor. Mas agora era tarde.

Mesmo com todo o pesar as lagrimas se recusavam a sair. Tudo o que Kayan era capaz de fazer era permanecer ali, abraçando o corpo já sem vida de sua amada.

Por sua cabeça se passou o momento em que eles se conheceram há três anos. Uma breve conversa, mas, naquele momento, ele já sabia que ela era especial.

O primeiro beijo dos dois, sobre uma sacada em uma das torres do castelo.

O momento em que eles ficaram sozinhos em uma caverna escura e arriscando suas vidas em meio a quase uma centena de inimigos e, apesar disso tinham um ao outro.

A primeira vez que fizeram amor, os dois desajeitados e timidamente descobrindo um ao outro. Descobrindo onde tocar e onde acariciar. Se abraçando, exaustos, depois de tanto se amarem.

Os planos para o futuro compartilhados, há menos de uma hora. Tudo aquilo havia sido tirado dele. Não havia maneira de voltar no tempo.

Lenta e carinhosamente, Kayan deitou o corpo de Sarah no chão e se levantou. Quando o fez, olhou para Mikael, que ainda enfrentava Arthuro em um duelo.

Todo o pesar que sentia começou a se transformar. A raiva que sentia ao ver aquele homem não podia ser descrita. Naquele momento, sua aura se expandiu como nunca havia acontecido antes. Colocou sua mão esquerda sobre o antebraço direito e conjurou um giudecca. A lâmina negra surgiu. Cinquenta centímetros, repleta de runas e emanando uma energia assassina. Naquele momento, não se importava mais em ocultar sua verdadeira esfera, com seu futuro ou mesmo com sua própria vida. Naquele momento, apenas uma coisa lhe importava.

– Mikael!

Gritou enquanto corria em direção ao granmestre. Ele queria mata-lo. Era tudo o que mais desejava. E queria que Mikael sofresse como ele estava sofrendo.

O granmestre conjurou suas lâminas de vento para parar o rapaz. Violentas e letais, elas avançaram contra Kayan, que não se defendeu, apenas se esquivou.

Ombro direito, braço esquerdo, coxa esquerda, lateral direita do abdômen. As esquivas não eram perfeitas e o corpo do mago negro foi castigado pelos feitiços do oponente. Mas ele não parava. Kayan não estava mais inteiramente lúcido. Havia algum tipo de loucura naquele rapaz. Sua fúria era incontida.

Percebendo que aquela estratégia não pararia seu adversário, Mikael conjurou uma poderosa rajada elétrica que seguiu rente ao chão contra Kayan. O Atreius estava cego pelo ódio e não pretendia parar. Percebendo isso, Arthuro agiu e conjurou uma barreira de pedras para amparar o tangrea de Mikael. A parede rochosa cumpriu seu intento e a eletricidade sumiu inofensivamente ao se chocar contra ela.

Com a mão esquerda, Kayan conjurou um crisis katris que destruiu aquela barreira completamente e continuou avançando. Ele estava frente a frente naquele momento e Mikael uniu ambas as mãos na frente de seu corpo, formando um escudo de energia que repeliu o giudecca que vinha em forma de uma estocada.

Kayan gritou até sua garganta doer enquanto queimava toda sua aura na tentativa de atravessar aquela barreira, mas o granmestre era poderoso demais e sua ofensiva não conseguia alcança-lo.

– Você não pode fazer nada contra meu poder, garoto!

O rosto de Kayan estava irreconhecível, tamanha era sua ira e, por puro instinto, ele passou o antebraço esquerdo sob a mão direita e outra lâmina negra se formou. Sua aura tornou-se ainda mais agressiva, a magia negra evidenciando-se em meio a sua fúria.

A Ordem de Drugstrein - Volume IIIWhere stories live. Discover now