Capítulo 12

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Jamais imaginaria que algumas portas do Lobby dessem para salas particulares no interior do próprio Lobby, sempre acreditou que todas elas possuíam algum destino nos Planetas, mas pensando bem até que fazia sentido... Afinal de contas, as almas superiores tinham que trabalhar em algum lugar reservado, certo?

Shikamaru observou a iluminação rala e extremamente sombria daquela luminária baixa, o cenário como um todo assemelhava-se aos filmes americanos de interrogatório policia e ele não pode deixar de rir pelo nariz. Pra que tanto drama? Ele não seria o interrogado, estava ali com hora marcada para fazer suas perguntas e não receber perguntas das almas superiores, afinal, não fizera nada de errado, fizera?

De qualquer forma, espreguiçou-se enquanto caminhava até a mesa solitária diante da escrivaninha de madeira, começando a se perguntar qual seria o tamanho daquela sala. A luz era tão suave que ele sequer conseguia fitar as paredes.

Ouviu um pigarro à sua frente e percebeu pela primeira vez que havia outro homem na sala, mas este se sentava extremamente longe de Shikamaru, imerso na escuridão. Era impossível identificar até mesmo o sexo deste ser humano, quem dirá sua silhueta.

_ Shikamaru Nara – a pessoa falou, e pelo timbre da voz constatou que era um homem, uma voz levemente suave e perspicaz. Ele estava esperando por uma voz maléfica e cruel, talvez devido a todo drama de jogo de luzes do local, e se surpreendeu com a entonação da fala de seu colega superior – Alma em sétimo ano de segundo grau, avançada na vida anterior... Plano superior interessante, verdadeiramente interessante...

_ Hum... O senhor seria? – perguntou com educação. Não gostava muito de falar com desconhecidos, mesmo que houvesse requerido essa entrevista há um mês. O homem suspirou profundamente antes de responder com um ar divertido no tom de voz.

_ Como pode ter percebido, todo esse drama é para que eu não possa me revelar a você, mas sou uma alma de quinto grau.

_ Q-q-quinto?

_ Isso mesmo. Você requisitou uma alma superior, aqui estou eu.

_ Mas almas de quinto grau demoram meses para atender a requisições desse tipo, isso quando atendem!

_ Bom, você requisitou e aqui estou eu. Pra que questionar esse tipo de coisa? – o homem tornou a perguntar, começando a irritar Shikamaru. Quem estava ali para fazer perguntas era ele, essa tal alma de quinto grau deveria apenas se limitar a respondê-lo.

Que pessoa problemática.

_ Seja como for, pedi essa reunião para fazer umas perguntas a respeito da hierarquia.

_ Prossiga...

_ Há a possibilidade de almas de terceiro grau burlarem o sistema de missões? – sim, essa era a sua verdadeira preocupação e ele não iria fazer charminho antes de perguntá-la. O homem permaneceu em silêncio alguns instantes, até responder com a voz firme.

_ Não. As missões são feitas pelas almas missionarias de quinto grau, almas inferiores não podem fazer missões e nem burlar esse sistema. Mas por que a dúvida? Conte-me seu caso.

_ Na verdade eu gostaria de fazer mais perguntas, já que acabou de responder a minha primeira...

_ Eu insisto senhor Nara: conte-me seu caso. – a alma falou gentilmente, Shikamaru conseguia até imaginar um estranho sorrindo cordialmente para ele enquanto falava.

Mas que diabos? Por que uma alma tão ocupada como uma de quinto grau estaria perdendo seu tempo fofocando sobre casos peculiares de almas de segundo grau? Ele devia ter pilhas e pilhas de trabalho pra fazer, não deveria perder seu tempo assim. Shikamaru suspirou fundo e empurrou sua cadeira para trás até ter espaço o suficiente para esticar as pernas e colocá-las acima da escrivaninha: se a tal alma de quinto grau não ia agir como um superior, ele não iria se esforçar para parecer um soldadinho subordinado.

The PlanWhere stories live. Discover now