Pedra de gelo

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Dean


Eu procurei um hotel qualquer na volta para à capital. O local era na beira da estrada e não era lá essas coisas. Mas foi o suficiente para que eu pudesse descansar. Já se fazia mais de vinte quatro horas acordado e mesmo assim não consegui dormir.

Fora o barulho da estrada, havia outra coisa que sempre fazia um barulho insistente . Meu celular. Sabrina não parava de me ligar, mandar mensagens. Resolvi desliga-lo. Eu queria por um momento esquecer de tudo e de todos. Mas não pensei que essa sensação duraria por tanto tempo. Eu resumi minha distancia em quatro dias.

Quando voltei ao alojamento, decidi que ficaria em um local fora do campus. Usei um pouco da grana guardada da venda do meu antigo  carro e aluguei um pequeno quarto. O local era horrível, mas eu não pretendia ficar por muito tempo. Logo que começassem as ferias da faculdade eu iria trabalhar em algum local de construção que TH me arranjou com seu pai e assim dava pra sair do buraco imundo que eu acabara de alugar. Scott tentou conversar comigo tentando me impedir de sair do campus, mas eu não fui muito reciproco.

Depois de alguns dias, Sabrina não me mandou mais mensagens e nem ligações. Eu preferi dessa forma, pois no fundo, eu queria ficar longe das pessoas que me faziam lembrar daquela noite. Da noite que aquela mulher reapareceu e me chamou de filho. A noite que Jeff decidiu dar um fim à sua vida. A ultima coisa que eu queria lembrar era de algo relacionado a isso. Essa era a forma que encontrei de me recompor. Outra coisa me ajudou também. A bebida. Passei a tomar cervejas quase todos os dias. Nos treinos eu mais parecia um zumbi do que um jogador de verdade. 

O treinador me gritava, me fazia correr metros e metros, mas juro que eu mais parecia uma pedra de gelo, pois nada daquilo me doía. Eu não conseguia sentir dor alguma, nem mesmo as físicas. Eu estava seco de sentimentos. 

Um mês se passou. 

Por algumas noites eu não conseguia dormir e uma vez ou outra eu acabava tento pesadelos. 

"Estou sentado na droga daquela cozinha na minha velha casa. Ela me beija os cabelos e diz: " eu já volto  querido!". Há um tic-tac infernal de um relógio. Eu visualizo os ponteiros ainda sentado naquela cadeira dura. A cozinha esta imunda. Há ratos por todos os lados. Uma voz embriagada fala: " onde esta sua mãezinha seu panaca?!. Percebo que o dono da voz é meu pai. Ele se aproxima de mim e fala novamente: " Vá embora! Aqui não é mais o seu lugar". Um barulho estridente, como de pneus queimando o asfalto e depois uma batida. Saio em direção a porta. O carro do Jeff esta pegando fogo debaixo de uma arvore caída devido a batida. Nessa hora uma luz branca toma conta de todo o espaço." 

Me acordo assustado, suado e percebo que há um barulho de pessoas discutindo lá fora. Abro as cortinas com cuidado e percebo que acabou de acontecer um acidente de carro em frente ao prédio. Vou até o pequeno frigobar enferrujado. Pego uma cerveja. Eu preciso mais do que uma para voltar a dormir.

Na manhã seguinte, fomos jogar contra um time. Perdemos! O teimador ficou louco comigo, disse que a culpa era minha. Eu não sentia nada. Não sentia remoço por perdermos. Simplesmente não sentia absolutamente nada!

Convidei TH para tomar alguma cervejas comigo. Ele disse que tinha um compromisso. Segui para o campus reserva da faculdade, e em uma arquibancada me sentei junto as cervejas, dai a Sabrina apareceu...

Ela continuava linda, mas agora ela tinha um olhar confuso. Ela me disse algo e eu não consegui levar a serio. E quando eu percebi que não queria arrasta-la pro buraco em que me enfiei, eu a expulsei da pior maneira possível. Eu fui cruel com ela e a fiz lembrar quem era o Dean. 

Eu pretendia contar a ela, algum dia, o quanto eu errei com ela. Eu pretendia dizer a ela que havia feito aquilo. Mas numa hora oportuna, pois, a unica coisa que eu não queria era magoa-la. Mas eu decide que aquele era o momento certo. Eu precisava deixar ela ir. E ela se foi. E no seu olhar eu vi raiva, rancor, ódio.

  - Você é um miserável de uma figa! Quer saber Dean? Você tem razão. Você é horrível! Você é como uma nuvem negra em dia quente. Você tapa o sol e ao mesmo tempo ameaça uma tempestade. Mas a única coisa que você faz é sufocar as pessoas com seu calor horrível de maldade. Você não deixa o sol brilhar e nem deixa a gota de água cair. Você só sufoca e mata! Você mata as pessoas! É por isso que você ta aqui sozinho e vai continuar sozinho. Eu te odeio! - Ela se aproximou de mim e disse : - Continue bem longe de mim! 

Ela sai chorando e só dessa vez algo me incomodou. Eu vi Sabrina se distanciar e meu coração apertou. Eu joguei assim as garrafas de bebidas longe, na esperança de que aquele sentimento passasse. Eu não estava preparado ainda pra sentir algo. Não mesmo!


Trilha sonora do capitulo:


As Regras do Jogo - Dean e Sabrina - Coleção  Amor em JogoWhere stories live. Discover now