- - Vou encontrá-la -- falo vestindo minha camisa.

- -  Como pode fazer isso trancado aí dentro? Que droga, Matt, saia! Preciso de ajuda.

Vou até a porta, sem abri-la.

-- Calma, querida. Eu vou encontrá-la -- O tom da  minha voz é acalma.

Agarrando uma lanterna, deslizo para a escada de serviço escondida entre as paredes, e desço um andar, dirigindo-se ao outro lado da casa.

-- Camille? Camille?

--   Papai? -- ouço sua voz.

--Fique onde está, princesa. Já estou chegando.

-- Estou com medo... A gatinha miou -- ela explica.

- -  Eu sei, querida. Continue falando comigo -- subo a escada estreita -- Pode ver a lanterna?

--  Não-- é  possível perceber o pânico na voz dela.

-- Está tudo bem, princesa. Papai está aqui. Nada vai acontecer.

-- Está bem.

Sorrio percebendo que ela tenta ser corajosa. Viro a curva seguinte, desejando que a passagem estreita tivesse alguma iluminação. A escada de serviço, entre as paredes, percorre todo o castelo, e embora  conhecesse o caminho no escuro, Camille poderia ficar presa ali durante vários dias, sem encontrar a saída.

- - Como achou a escada na parede? -- pergunto.

--  o gatinho passou por baixo da parede, no canto do meu quarto.

Droga! Devo ter deixado parte do painel aberto na noite anterior. A culpa era minha!

-- Estou vendo a luz, papai.

O alívio era evidente na voz da dela. Logo desviei o facho de luz, localizando-a. Inclino abraçando minha  e a pegou no colo. Se alguma coisa acontecesse com ela... 

Ela passa os braços ao redor do meu pescoço,  beijou-a no rosto, acariciando suas costas. Ela tremia e soluçava.

--- Está tudo bem, querida. Papai está aqui.

--- Eu estava com tanto medo...
--  Eu sei, meu bem, eu sei.

Carrego  de volta para a saída. Aperto o botão na parede e a porta se abre Coloco-a no chão, e Camille corre para o corredor.

-- julie, Julie! -- ela grita.

--  Oh, Camille! -- ouço Julie gritar , correndo para abraçar e beijar a menina. Ela começa a rir. Fico parado na soleira da porta entreaberta, vendo Julie abraçar minha. É bonito o afeto que tem por minha filha,  reflete nos olhos dela, misturado com as  lágrimas que tenta conter.

--- Querida, onde você estava? Fiquei tão preocupada! -- Julie perguntou.

Agora ela saberia meu segredo.

-- Dentro das paredes -- Camille disse

-- O quê? -- Julie perguntou como se não tivesse entendido direito.

--  Há uma escada de serviço, com passagens escondidas dentro da parede, que percorre toda a casa -- digo ainda escondido.

Juli vira, olhando para mim. Semi-escondido, ela posia ver apenas meu short e a camiseta preta. A luz refletia meus músculos fortes das coxas.

Julie afastou-se  com raiva.

--Passagens? -- repetiu ela -- Meu Deus, Richard! Ela podia ter caído, se machucado. Eu nunca iria encontrá-la! Você devia ter me avisado sobre isso.

- - Sinto muito Julie -- Camille sussurra.

-- Não é sua culpa -- diz ela, abraçando-a carinhosamente.

Julie

--  E assim que vem para o meu quarto, não é, papai? --  olho para Camille  com expressão preocupada.

-- Sim, princesa -- Matt confirma.

Não era de admirar que ele pudesse andar pela casa tão facilmente.

-- Que notícia! -- digo não sei se alegre ou surpresa.

-- Só fui ao quarto dela - esclarece  Matt.

- - Jamais pensaria que fosse ao meu - disparo ironica -- Afinal, tem muitas luzes.

-- Papai lê para mim todas as noites -- Camille confessa com um sorrisinho no rosto. Olho para ela, sem esconder a surpresa.

-- O quê? -- fito Matt, apesar de não vê-lo claramente.

- - Você lê para ela? Vai até o quarto por trás das paredes? -- pergunto não acreditando.

-- Sim.

Dou um passo à frente e coloco o dedo indicador no peito dele.

- - Isso é... é... --  suspiro, pousando a mão nos músculos fortes. - E maravilhoso, Matt. Fico feliz por vocês dois.

-- Isso muda muito pouco.

Seu péssimismo me irrita.

-- Mas me permite ver que pode se arranjar sozinho, se eu for embora -- falo.

Matt

Inclinei-me  e sentir o perfume que Julie usava.

-- Você não vai embora - resmungo autoritário.

-- Por favor, Julie, não vá! Por favor! - pede Camille,  espero que o pânico na voz dela corte bem fundo o coração de  Julie.

--  Eu não vou embora, querida. Ainda não -- ela se vira para mim e num tom mais baixo me diz -- Eu já disse, não posso continuar assim.

Inclino minha cabeça, a boca a poucos centímetros dos  seus lábios.

Mas vai continuar. Era isso que eu queria dizer. Mas ela não concordaria tão facilmente, sem discutir.

-- Continuaremos nossa conversa mais tarde -- digo antes de desaparecer pelos corredores.

Julie

- - Está zangada com o papai? - pergunta Camille, enquanto seguro a mão dela indo para a cozinha.

--Sim, querida -- resolvo ser verdadeira.

-- Por quê?

-- Porque ele é... teimoso. - E orgulhoso, desconfiado. Queria que acreditasse nela, que confiasse nela -- Venha, vamos preparar a janta.

Venha Para LuzWhere stories live. Discover now