Capítulo 16

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Me recomponho e, assim que deixo as crianças na escolinha, vou direto para a casa de Suárez. É perto, e chego antes que ele possa ter tempo de dizer que estou fugindo.

O que eu faria, se tivesse certeza que daria certo. Mas com Suárez, eu sei que não tem escapatória.

Sob a luz do dia, a casa de Suárez parece esconder menos segredos do que aqueles que compartilhamos nas madrugadas das suas festas. Foi ótimo ele ter ouvido meu conselho e passado a maneirar nos aromatizadores de ambiente, se você quer saber.

Distraído, ele está usando um abrigo Adidas, jogando video game quando eu chego.

Não deixa de ser impactante vê-lo assim, descansado e tranquilo, fora de campo. Meu coração bate descompensado sem motivo, só porque eu sei que ele é provavelmente o homem mais bonito com quem eu já fiquei. E o que me conhece melhor, o que é ainda pior para mim.

- Há quanto tempo isso está acontecendo?

Ele pergunta à queima-roupa, largando o controle do game no sofá e me dando total atenção. Acho que não precisava tanta, aliás, me sinto pequeno diante da presença dele, sempre tão sério, sempre direto.

- Isso o quê?

- Ei, Messi. Vai bancar o sonso agora? Pra cima de mim? Me contaram que você tem outro. E com o Coutinho é que você não passaria uma noite fora assim, do nada.

- Eu agradeço você ter me acobertado para a Antonella, só não entendo por quê preciso te dar satisfação.

- Não entende?

- Não.

Ele sorri, desacreditando. Levanta do sofá e busca duas taças de vinho para nós. Me entrega a minha e se senta novamente ao meu lado. São duas da tarde de uma segunda-feira. Dou um longo gole na taça.

- Não quero que me diga quem é o cara. Tenho minhas desconfianças e concluí que é melhor eu nem saber. Pro bem dele. Mas quero saber há quanto tempo isso vem acontecendo.

- Por quê?

- Simples, vou enlouquecer se não souber.

- Não. Por que acha melhor não saber quem é o cara?

- Por que vou ficar me torturando querendo saber o que ele tem que eu não tenho e por que você prefere a ele e não a mim.

- Luis... Nós, eu e você, a gente...

- É, vários jeitos de dizer algo que pra você não significa nada.

- Mas significa algo pra você? Eu achava que você só ficava comigo e com o Coutinho por diversão.

- Alguma vez eu fiquei com o Coutinho sem você? Ou alguma vez eu fiquei com qualquer outro além de você e ele juntos?

Eu engulo em seco.

- Então você sabe a minha resposta. Se você analisar que só juntei você com o Coutinho para ficar próximo de você e que nunca estive com o Coutinho sem você junto, quem sabe pensando um pouco, você saiba a minha resposta.

- Eu não imaginei que...

- Eu também não imaginei que, mas olha só eu aqui feito um imbecil sem saber mais o que fazer para você perceber o que eu já sei desde a nossa primeira noite juntos.

- O quê?

- Que eu amo você, seu burro.

- Bom, eu te amo também, mas...

E então ele larga a taça e me beija. Eu retribuo o beijo, surpreso e entregue. Não sei ter Suárez senão por completo, largo a taça de qualquer jeito e vou pra cima dele, no sofá. O corpo dele recebe o meu, me puxando para perto pelas pernas. Ele morde meus lábios, me beija com pressa, suas mãos passeando pelas minhas pernas, me querendo, implorando.

Por amor, sem amor  | LIVRO 03 | Lionel MessiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora