Capítulo 14

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A madrugada é gentil conosco, embora faça um frio da porra nesse horário. Arthur é um bom motorista, indo em curvas suaves enquanto atenta para o retrovisor o tempo todo, mesmo as ruas estando tranquilas.

Ele me conta que ainda está se adaptando à cidade. Que adotou um cachorro e criou um perfil pra ele no Instagram. É tão cafona que me enternece, como de praxe. Ainda não sei onde estamos indo.

- Como você vai lidar com tudo isso? - Ele me pergunta com suavidade, como quem comenta as imprevisibilidades do tempo.

- Com isso o quê?

- Você está se envolvendo com muita gente ao mesmo tempo, não está? É o que estão dizendo.

- Isso te incomoda?

- Me preocupo com você. Não quero que seja alvo de fofocas, é ruim pra sua reputação.

Quero perguntar como diabos ele se preocupa comigo, ele ser tão doce me enerva, porque sinto que não mereço. Que não estamos nesse ponto, que não merecemos estar. Inferno de homem gostoso e bonzinho. Não falo nada. Andamos mais um pouco na noite escura e finalmente paramos diante de uma casa de dois andares em um bairro nobre da cidade.

- É sua? - Pergunto, seguindo-o e esperando enquanto ele abre a porta.

- Poderia ser, mas ainda estou avaliando. Deixaram as chaves comigo enquanto penso.

Enquanto ele pensa já estamos dentro da casa. O puxo pela cintura e o beijo. Ele me pede calma. Caramba.

Me pega pela mão e me mostra a casa toda. O imóvel é todo mobiliado, em uma decoração clássica, em tons neutros. Digo que é bonita, mas sem personalidade. Ele ri. "É como se você estivesse falando da escalação do Barça quando você fica de fora". Eu rio.

- Quero te mostrar algo.

Segura mais forte a minha mão, subimos rumo ao segundo andar, na penumbra. Ele anda comigo até que acha uma porta. Mesmo por fora se vê que o cômodo já estava iluminado, o que é estranho. Entramos.

Cercada de velas acesas, uma banheira cheia e espumante domina o ambiente. Não é qualquer banheira, reconheço ser aquela da foto que Arthur me mandou. Dou risada. Ele ri também, sem jeito.

- Você preparou tudo isso pra mim?

- Bom, eu disse que precisava ser especial.

Nos beijamos de novo, dessa vez ele não me interrompe. Não sei que acaso me fez olhar para ele e começar tudo isso, mas agradeço aos céus. Ele vai tirando a minha roupa e a dele, me beijando com pressa e vontade.

- Não vai entrar?

Eu termino de tirar a roupa e entro. A água é quente e cheirosa. Arthur fica me olhando, as mãos na cintura e semi-nu, só de cueca. Parece que sou uma missão que ele conseguiu completar. Foi difícil, mas ele conseguiu.

- Você não vem?

Ele vem, nu diante de mim pela primeira vez. Seu corpo é lindo, perfeito em todos os músculos e sua pele tão clara. O recebo nos meus braços, aos beijos, mas a verdade é que a banheira é pequena demais para dois homens adultos. A água transborda e apaga algumas velas, fazendo uma grande bagunça. Em cima de mim, ele tenta achar uma posição, sem parar de me beijar. Fica desconfortável em todos os níveis. Rimos, e então estamos gargalhando. Não vai dar certo.

- Você quer ir pra cama? - Ele pergunta, atencioso.

- Quero. Mas obrigado por ter preparado tudo isso. Foi muito gentil.

"Tá bom", ele se limita a responder, saindo da banheira e me levando junto. Vamos para o cômodo ao lado, um quarto onde só a cama está arrumada. Ele também deve ter pensado nisso com antecedência. O restante dos móveis está coberto com lençóis brancos. Uma casa abandonada e fantasmagórica, onde se cometem pecados.

A cama recebe com gosto o corpo de Arthur, depois o meu, por cima dele. A pele dele é macia, cheirosa, seus olhos verdes cintilam mesmo na pretensa escuridão do quarto. Abro caminho entre suas pernas com meu quadril, depois eu vou me arrepender de ser tão apressado, mas é que o quero tanto. O penetro de uma vez só, com força, ele arfa e me puxa pela nuca, buscando minha boca. 

Vou dando estocadas mais fortes, impondo um ritmo que Arthur tenta acompanhar me beijando com mordidas cheia de dentes. Eu o quero tanto e temo que termine aqui, nessa noite, nessa casa fantasma.

Experimento o gosto doce do seu corpo, beijando seus ombros ainda úmidos e seu pescoço perfumado. Ele arqueia o quadril, para me receber melhor. Cravo as unhas em sua cintura e continuo, entregue. Na madrugada que recai sobre nós, o único som que ouço é o da sua respiração pesada, que ele alterna com pedidos manhosos para que eu meta mais forte. Mais forte, sempre mais forte. Me inclino sobre ele e o beijo com raiva, eu acho. Não sei dizer o que sinto.

Em êxtase, Arthur começa a se tocar. Lentamente, como se não quisesse que acabasse. Até que por fim goza, lambuzando a mim e a si mesmo, enquanto ainda estou metendo nele. Isso é demais pra mim, mordo seus lábios e em instantes estou gozando também, dentro dele. Meu corpo todo se arrepia em espasmos, dou uma última estocada e tiro, finalmente satisfeito.

Jogados na cama, confiro a hora no celular. Está terrivelmente tarde, eu estou incrivelmente ferrado se Antonella acordar e não me encontrar ao seu lado na cama.

Arthur busca meus lábios e me beija com doçura, me tirando daqueles pensamentos.

- Você está bem? Me desculpe se fui muito... - Esqueço o que ia dizer quando ele me interrompe com outro beijo.

Nos permitimos dormir por meia hora antes de ir embora. Arthur se aconchega nos meus braços e eu enrosco minhas pernas nas suas. Adormecemos.

A casa range, silenciosa e cúmplice.

Por amor, sem amor  | LIVRO 03 | Lionel MessiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora