Capítulo 1

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Ele me traz para mais perto. O treino acabou há horas, estamos só os dois no vestiário. Estou disperso, sentado no banco pensando no próximo jogo. Mexo no celular, alheio, enquanto Coutinho, sentado de pernas abertas de frente pra mim, me puxa para perto dele e me beija o pescoço repetidamente.

Finjo que não percebo. Ele continua, me enchendo de carinho e dengo.

- Fica comigo hoje? A gente arranja um lugar.

- Hoje? Nossa, não... Hoje não posso.

Como se o problema fosse ser hoje, como se eu não o evitasse absolutamente todas as vezes que ele me pede isso. Minha voz sai sem sentimento algum. Nem maldade. Sua resposta para a minha negativa é rápida. Me toma nos braços e me beija, como se o meu "não" fosse o "sim" mais bonito de todos. Eu aceito o beijo, é claro, mergulhando sem medo naquele contato.

Gosto de beija-lo. Bom, é fato, gosto de fazer de tudo com ele. Só não gosto dessa pressão em fazer só nós dois, porque há um acordo implícito de que só fazemos os três juntos: eu, Coutinho e Suárez.

Alguns beijos, uns amassos no vestiário, só nós dois? Ok. Mas ir para cama juntos? Não se o uruguaio não estiver. Coutinho não vem aceitado isso muito bem, embora no começo amasse. O problema é que ele é moleque e quer sempre desafiar a ordem. Desce a mão da minha cintura para a frente do meu calção, me tocando todo possessivo.

- Eu quero você, Messi.

Eu sorrio. Nem precisa muito e seu toque já me deixa pronto. Precisa menos ainda para Coutinho abaixar meu shorts.

- Olha o que você vai fazer, Couto. Depois se pegam a gente no flagra, não vai adiantar se arrepender.

Agora quem sorri é ele. Ignorando meus conselhos, começa a lamber meu pau, lentamente da base até a cabeça. Eu suspiro com a agonia deliciosa que isso me causa. Inclino a cintura pra frente, ele continua me lambendo até colocar meu pau na boca, finalmente chupando.

Estou quase explodindo aqui. Guio seu movimento com a mão em sua nuca, mas ele sabe muito bem o que faz.

Na solidão do vestuário semi-iluminado, essa cena não é nova, mas nunca vai deixar de ser bonita. Coutinho me chupa lentamente, sua língua quente sobe e desce por todo o meu pau.

Quando sente que estou perto de gozar, ele vem rápido em busca do meu beijo. Me jogo pra cima dele, sentindo o meu gosto nos seus lábios. Nosso beijo é mais desesperado que amoroso, ele me toca e me beija até que gozo em sua mão.

Recobramos o ar aos poucos. Ele busca um abraço que eu atendo desajeitado, o envolvendo pelos ombros e beijando suavemente seus lábios. Agora que a urgência se foi, fica só aquele silêncio estranho.

- Você nunca vai me amar, não é? Por que a gente insiste?

A voz de Coutinho sai seca, triturada por tudo aquilo que a gente sabe um do outro e não diz. Quero dizer que quem insiste é ele, não eu. Quero esclarecer que não existe "a gente", nunca existiu nem quando eu mesmo queria. Agora eu já não quero mais.

De tudo isso, então, só sobraram esses momentos cheios de euforia, e vazios de sentido assim que acabam. Abraço Coutinho mais forte, ainda não é uma resposta à sua pergunta, mas já é o máximo que consigo.

Ele faz isso por amor. Eu não sei ainda os meus motivos. Afinal, por amor, sem amor...

Que diferença faz, quando você já teve de tudo e não sobrou mais nada?

Por amor, sem amor  | LIVRO 03 | Lionel MessiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora