E agora Potter?

16.3K 1.4K 1.9K
                                    

Harry sentia-se sozinho, mas particularmente naquela manhã que precisava ir ao ministério da magia para o início das audiências dos comensais da morte, também responsáveis por suas perdas, além de ser o último dia antes de regressar para Hogwarts para seu último ano. É claro que o Sr. Weasley estaria ao seu lado no ministério, mas Harry deveria ser ouvido e ele não sabia o que falar, no momento não sabia nem mesmo quem era.

Tentando tirar todos esses pensamentos de sua cabeça, Harry levantou de sua cama, que outrora fora de seu padrinho, trocou-se de roupa e desceu para tomar seu café da manhã que certamente estaria pronto, pois Monstro mostrou-se muito prestativo desde o fim da guerra.

- Bom dia Monstro! - Proferiu Harry ao elfo doméstico.

- Bom dia meu senhor, seu café da manhã já está na mesa, pronto para o meu senhor. - Respondeu o elfo, puxando a cadeira para seu mestre.

- Obrigada Monstro. Amanhã voltarei para Hogwarts, poderia manter a casa em ordem na minha ausência? - Questionou o garoto, demonstrando um leve mau-humor.

- É claro meu senhor, tudo o que o meu senhor mandar. - Declarou o elfo ao mesmo tempo em que a campainha da casa tocou, fazendo Monstro desaparecer para atender a porta.

Era o Sr. Weasley, ele parecia muito mais velho desde a última vez que o viu. O peso da perda de dois filhos, deixou o coração da família de ruivos partida. George abandonou a loja de logros nas mãos do amigo Lino Jordan enquanto cuidava da mãe que espalhara fotos de Ginny e Fred por toda a Toca.

- Bom dia Sr. Weasley, obrigada por vir. - Falou baixinho o garoto de cabelos bagunçados que havia se levantado para partir junto ao Sr. Weasley em direção ao ministério.

- É claro Harry, você sabe que faz parte da família. Só queria lhe alertar que o primeiro julgamento hoje é de Draco Malfoy. - O Sr. Weasley disparou diretamente.

Harry apenas concordou com a cabeça, pois sabia que embora a família Malfoy tenha se arrependido no final da guerra e Lucius e Narcisa Malfoy terem sido assassinados por um Comensal da Morte enviado por Voldermort antes mesmo do final da grande guerra bruxa por traição, na frente do filho, Draco havia sido indiciado por ter a marca negra.

Após dar instruções rápidas para Monstro preparar seu malão para o retorno a Hogwarts no dia seguinte, e com um aperto no coração de ter que passar por aquilo, Harry Potter e Arthur dirigiram-se ao ministério da Magia.

--

Ao entrar no Ministério da Magia, Harry pode perceber que todos olhavam para ele admirados, buscando compreender como um garoto de dezessete anos, que ainda não era formado em Hogwarts havia derrotado um dos bruxos mais poderosos de todos os tempos e livrado o mundo bruxo da maldade daquele que se intitulava Lorde das Trevas. Mal sabia eles que Harry sentia um buraco no fundo de seu peito desde que ele se fora, era como se Voldemort tivesse levado uma parte de Harry para o túmulo com ele. Foi nesse momento que Harry agradeceu imensamente por ter o Sr. Weasley ao seu lado.

Harry foi direto para a sala de julgamento, a mesma que Harry já estivera quando foi a julgamento por realizar um patrono para se defender dos dementadores em Little Whinging e em uma das lembranças da penseira de Dumbledore. Ao entrar, percebeu que todos estavam lhe aguardando e imediatamente percebeu o garoto com um loiro perfeito, embora muito maltratado, ao meio da sala, com correntes prendendo suas mãos.

O atual ministro da magia começou a ler no pergaminho que estava em sua frente as acusações que o ministério tinha em relação ao ex-Comensal da Morte Draco Malfoy, não dando deixas nenhuma para defesa do bruxo. Kingsley Shacklebolt, ministro da magia, estava começando a proferir a sentença quando um impulso repentino fez com que Harry levantasse, todos pareciam surpresos e olhavam perplexos para o garoto magrelo de cabelo bagunçado com uma cicatriz em forma de raio na testa.

- Acredito que queria falar algo Sr. Potter - Falou Shacklebolt, com formalidade.

- Sim, ministro. - Harry começou, pensando no que iria dizer, percebendo que aquilo fluía tão facilmente, como se ele tivesse se preparado para o discurso - Acredito que não devemos julgar Malfoy desta forma. - todos estavam boquiaberto, mas pela primeira vez o loiro levantou o rosto, fitando os olhos do inimigo Grifinório - Draco Malfoy não pode ser responsabilizado pelas escolhas que fez, pois claramente foi imposto a ele a marca que ele carrega em seu braço. Eu acho que ele não escolheu ser um Comensal da Morte, porém o nome Malfoy trouxe isso a ele, ele ainda é um garoto, nem se formou em Hogwarts, além de ele ter abandonado a batalha, ele não lutou.

- Mas Harry, você também era só um garoto. - Arthur Weasley defendeu, sem mesmo perceber que não tinha permissão para falar no julgamento.

- Sim, eu também sou só um garoto e na maior parte do tempo eu não sabia o que estava fazendo. - assumiu Harry, tirando o peso que percebia estar carregando em seus ombros - Eu tive o melhor mestre e maior bruxo de todos os tempos Alvo Dumbledore ao meu lado, ele quem me fez fazer as escolhas certas, ele me mostrou o caminho. Não havia ninguém lá pelo Malfoy, mesmo eu tendo derrotado Lorde Voldemort - todos ficaram estarrecidos com a audácia do garoto de proferir esse nome, é claro que o Lorde das Trevas estava morto, mas ainda dispensava muito medo no mundo bruxo, porém Harry não ligou e continuou seu monólogo - amanhã estarei voltando para Hogwarts, onde foi o primeiro lugar que reconheci como um lar e é aonde Draco Malfoy deveria estar indo. - Harry sentou-se, dando a entender que terminou o seu discurso e não iria mais falar.

Shacklebolt olhou para Harry e pode perceber a sinceridade em seu olhar, abriu um sorriso, pois mesmo com todo o sofrimento que o garoto que sobreviveu passou, seus olhos ainda refletiam esperança. E foi por isso que o ministro decidiu que Draco voltaria para Hogwarts, onde deveria ser redirecionado aos caminhos aceitáveis para a comunidade bruxa, além de ter vigilância de perto.

Harry pode ver a luminosidade do olhar de Draco Malfoy, podia jurar que por um breve momento podia ver lágrimas nos olhos do loiro ao mesmo tempo que sentiu a mão do Sr. Weasley em seu ombro. Aquele toque dizia a Harry que ele o compreendia.

Os demais julgamento se alongaram durante o dia, porém Harry apenas ouvia. Todos os réus foram mandados a Azkaban, não houveram defesas. O garoto sentia uma necessidade enorme de sair daquele lugar, de voltar para casa, no Lago Grimauld, deitar em sua cama e permanecer lá, onde não havia julgamentos, nem Comensais da Morte, nem mesmo Voldemort.

CicatrizesWhere stories live. Discover now