|04| Seja Mal Pela Primeira Vez

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Jimin? — ouvi uma voz contra meu pescoço e me virei, assustado.

Estava sentado em minha cama, olhando o tempo rodando no relógio, mas me levantei com o susto.

Olhei para todos os lados. Não havia ninguém, então fechei os olhos e suspirei, pensando que havia sido apenas alguma alucinação doida de minha mente.

Jimin... — mas então a voz grave e sombria voltou a soprar em meus ouvidos e eu gritei, me virando para tentar achar quem estava me assombrando.

Não havia ninguém.

— Olá? — gaguejei, olhando ao redor. — Quem é?

Não obtive resposta.

— Eu devo estar ficando louco... — divaguei, esfregando as têmporas.

Assim que pensei em sentar em minha cama, uma sombra cortou-a no meio e me jogou contra a parede. Gritei, vendo a destruição súbita diante de meus olhos. Entretando... o que mais me arrepiou não foi o fato de ver minha cama sendo destruída..., mas sim quando, lentamente, uma silhueta magra, esquelética, foi se formando em minha frente.

Uma criatura de ossos pretos e gosmentos, com crânio de bode e presas gigantes se formava pouco a pouco, me arrancando um grito de puro pavor. Assim que deu o primeiro passo, o piso rachou até meu pé e depois começou a ranger. Quando deu o segundo, mas rachaduras apareceram, até que um buraco gigante se formou e eu precisei me arrastar para não cair.

Jimin! — gritou, jogando uma gosma preta de sua boca por todos os lados.

— Meu... Deus! — gritei horrorizado, me afastando o máximo que eu podia.

Mas eu estava encurralado.

Olhei ao redor e comecei a pensar: não poderia morrer, pois já estava morto. Essa era a única coisa que me importava, mas quando olhei para suas garras pontudas e afiadas, tremi por inteiro e comecei a me arrastar até a porta. Uma das rachaduras havia sido tão profunda, que havia quebrado a porta ao meio, então só tive que empurrá-la para me ver diante do corredor.

O corredor que agora parecia infinito.

Jimin! — a criatura voltou a gritar, mas não esperei por seus passos.

Levantei e, mesmo com o corpo inteiro latejando, corri como se minha vida dependesse daquilo — e dependia, mesmo que já estivesse morto.

Assim que atravessei o primeiro corredor, ousei olhar para trás e gritei ao ver que a fera corria rapidamente atrás de mim, destruindo tudo por onde passava. Os corredores pareciam se desfazer a cada passo pesado que ela dava. Quando virei para a esquerda, me deparei com um longo corredor que nunca havia visto antes, cheio de quadros e portas, e enquanto corria, gritava por socorro.

Por alguém.

Mas ninguém aparecia.

Então o pensamento de que todos estavam no salão de café-da-manhã me veio como um soco certeiro na barriga, e eu precisava chegar até lá.

Encontraria Morfus e ele me salvaria daquela besta que me perseguia — e estava cada vez mais perto.

Parei diante de um corredor que abria tanto para a esquerda, quanto para a direita, e não pensei muito, apenas tomei a direita e corri até virar em mais um, e em outro, e mais outro, até sair diante do grande salão que era a entrada principal de todos os corredores que haviam ali; o salão que Rubel havia passado comigo, pela primeira vez, quando me levou para meu quarto.

— Socorro! — gritei em plenos pulmões, mas novamente, nenhuma resposta. — Meu Deus!

Jimin! — a fera, finalmente, me alcançou, bufando animalesca.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroWhere stories live. Discover now