Perfeitos Estranhos e Cicatrizes

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PERFEITOS ESTRANHOS

E CICATRIZES

Bless my soul I love you

Take me so far away


Na primavera de 1984, Chanyeol estava vivendo um sonho.

Descobriu que amava música muito mais do que imaginava. Parecia inacreditável fazer parte de uma banda, e, porra, adorava ser um Skywalker. Quando estava no palco, sentia uma energia incrível e única que enchia seu coração.

E também havia Baekhyun. Ele era a parte selvagem de sua vida.

Não passavam muito tempo juntos depois dos ensaios, mas gostava de quando Baekhyun estacionava o Plymouth 1960 em frente ao cinema ao lado de onde morava para que pudessem trocar beijos em segredo e era cada vez mais comum que Chanyeol acabasse quase sem roupas dentro do carro. Depois de um tempo, Chanyeol já se considerava um fumante. Nunca havia colocado um cigarro na boca, mas acreditava estar viciado no tabaco e ansiava cada vez mais por um beijo de Baekhyun, que sopraria a fumaça tragada para dentro de sua boca. Bom, talvez apenas fosse viciado nos beijos do veterano.

Eles não eram namorados, tão pouco amigos. Baekhyun dizia que eram colegas de banda com benefícios. Às vezes, brincava que estava fazendo caridade, mas Chanyeol não acreditava naquilo. Os olhos de Baekhyun não mentiam. Eram selvagens, mas sensíveis. Sabia que o vocalista ansiava os momentos quentes dentro do Plymouth tanto quanto o calouro, e suspeitava que, além disso, o Byun ansiava por sua companhia.

Raramente conversavam sobre coisas triviais. A relação de ambos resumia-se à música e sexo. Chanyeol não sabia quase nada sobre Baekhyun e daria tudo para conhecê-lo de verdade. Sabia que ele gostava de música e de cantar. E ouvi-lo cantar era dolorosamente incrível. Quando cantava, o Byun sorria com facilidade e tinha certeza que, pelo menos, a maioria dos sorrisos eram sinceros.

Chanyeol amava todos os sorrisos de Baekhyun. Quando estavam nos ensaios, às vezes era difícil demais conter a vontade de provar daqueles sorrisos. Queria ser capaz de beijar cada um deles.

"Tá olhando o quê, moleque?", era o que o Byun dizia cada vez em que Chanyeol era flagrado encarando-o por tempo demais. Exatamente do mesmo jeitinho rebelde que falara na manhã de 1982, mas agora havia um sorrisinho enviesado quase imperceptível. Talvez aquele fosse o seu preferido.

Fora isso, não conversavam quando haviam outras pessoas em volta. E foi exatamente por isso que Chanyeol quase engasgou-se em surpresa naquela manhã. Baekhyun nunca o procurava na escola, nem ao menos cumprimentava-o quando cruzavam pelos corredores; havia apenas um olhar insinuante e nada mais. Mas, naquele dia, havia sido diferente.

Da forma mais deplorável possível, o Park lutava contra o cadeado de seu armário. Colocava a senha, puxava-o e balançava-o, quase arrancando a porta de metal no processo. Talvez houvesse esquecido a senha, não duvidava. Andava com a cabeça nas nuvens.

E estava pronto para arrebentar o cadeado se fosse preciso, quando seu olhar cruzou com o de Baekhyun. Ele estava caminhando em sua direção. Chanyeol paralisou, as bochechas vermelhas pela luta vergonhosa contra o cadeado e, também, pelo nervosismo que o atingiu como um soco ao observar o veterano aproximando-se, com aquele jeitinho descolado de andar. Ele estava mais bonito do que deveria com aquela camisa vermelha de botões.

Baekhyun chamava a atenção por onde passava, não era uma novidade. Mesmo assim, Chanyeol incomodou-se com o burburinho das meninas em sua volta. Um veterano no corredor dos calouros.

Poor AlfieOnde as histórias ganham vida. Descobre agora