QUEM É ELE?--UMA PAIXÃO (Livro 3 Concluido)

CAPÍTULO VINTE

  

  Conto tudo que me aconteceu hoje a Jhon, e ele concorda que Clarice é uma vadia ciumenta e encrenqueira. E ao que parece, me enxerga como sua inimiga de grandeza maior. Apenas não sei o porquê dela me ver assim; pra isso ela teria que saber sobre os sentimentos de Fernando e que estivemos juntos. E duvido que ele tenha contado. Do contrário eu sou apenas mais uma das mulheres com quem ele já dormiu.

  Jhon me aconselha a não bater de frente com ela e ser mais inteligente; que eu não me preocupe, que com certeza ela não poderia fazer nada contra meu pai ou a empresa.
Me sinto mais tranquila ao falar com ele, e quando desligo a chamada, me sinto mais decidida a não deixar que nada estrague esse contrato tão importante. E sem mais interrupções, me dedico ao trabalho.

  Aviso à Khatia por Margaret, que não irei almoçar na cantina para terminar os contratos, mas peço que ela me traga o almoço quando retornar.
  Analiso os contratos e os separo para serem mandados para Fernando assinar.

  Consigo me manter imersa no trabalho, tanto que levo um susto daqueles ao ver Fernando sentado na cadeira me olhando trabalhar.

__Droga Fernando!!__xingo. Meu coração quase salta para fora do peito com batidas furiosas. Ele sorri cruzando a perna por cima do joelho da perna esquerda tranquilamente; absolutamente à vontade.

__Parece que você e Clarice se deram bem.__comenta quase satisfeito. Não olho em seus olhos. 

  Isso é o que ele pensa.

__É. Parece.__concordo e volto minha atenção para o contrato. Se eu ignorar sua presença, talvez ele se mantenha distante. Assim evitarei problemas com a Cascavellice.__Não devia estar trabalhando? Ou ainda estamos em horário de almoço?__pergunto olhando a tela do monitor.

__O horário de almoço acabou há cinco minutos.

__Ah, e há quanto tempo está aqui me observando?__pergunto ainda sem lhe olhar. Continuo com meu trabalho.

__Há uns cinco minutos. Margaret trazia seu almoço, mas eu mesmo quis trazer até aqui.__olho pra ele e vejo a bandeja na mesinha perto do sofá. Não sei nem o que dizer. Não o vi entrar e muito menos com uma bandeja nas mãos.__Você estava mesmo concentrada.

Aperto os lábios.

__Trabalho é uma ótima distração.__respondo não querendo dar motivo para mais conversa. Volto outra vez minha atenção para o monitor e não mais falo com ele. Após um minuto inteiro ouço o espalmar de suas mãos nas coxas e um suspiro profundo.

__Vou deixá-la trabalhar, você está mais concentrada do que nunca.

   Ele se levanta e caminha até a porta, mas se vira para dizer algo:

__Que tal uma bebida mais tarde?

Olho-o por reflexo.

  O convite me faria aceitar imediatamente, mas devido aos últimos acontecimentos preciso manter uma distância segura entre nós. Umideço os lábios.

__Não vai dar, quero levar um pouco desses contratos e analizá-los em casa.__minto. Sua expressão muda e ele não insiste no convite.

__Tudo bem, podemos deixar pra outro dia.__Fernando sai visivelmente contrariado enquanto eu fico me sentindo péssima por fastá-lo. E pior ainda por querer tê-lo por perto.

   Por quatro dias eternos, me mantenho distante, à margem, como pediu Clarice. Fernando questiona minha frieza e o ambiente dentro da empresa, já não é o mesmo. Por mais que com os outros quatro eu seja a mesma de sempre, eles não sabem como agir, lidar ou o motivo da minha repentina distância de Fernando, mas suponho que imaginem, pois não comentam nada e tentam agir normalmente.