Trinta e três: Carrie

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Dedicado à BarbaraMistura 

Não foi na Grécia mas tá perdoado porque a Argélia também é linda, né? 😹

Boa leitura!

Eu observava as plantas do jardim farfalharem com o vento enquanto caminhava ao lado de minha mãe num caminho de pedras dentro do jardim nos fundos da fazenda, ela contou que se dedicou às flores por todos esses anos como forma de distração para esquecer o passado. Relatei a ela tudo o que havia acontecido e ela escutou atenta, muitas vezes demonstrando choque em alguns momentos, inclusive quando contei sobre a morte de Thomas.

— Não consigo imaginar como você viveu tantos anos nesse inferno, minha filha - suspirou - quando eu fugi de casa e não vi você no seu quarto me bateu um desespero tão grande, Carrie, eu vim para esse lugar o mais rápido que pude, e por todos os dias que vivi aqui eu remoí a minha vontade de voltar para a Califórnia e procurar por você, mas eu não podia me sujeitar ao risco de descobrirem que eu fugi, não podia colocar a sua vida em risco, eles nos matariam, Carrie - me olhou suplicante - eu espero que você possa me perdoar um dia, perdoar por ter te deixado naquele lugar horrível, deixado você exposta aqueles vagabundos sem escrúpulo e...

— Ei! - parei de caminhar e toquei seu braço fazendo com que era parasse também - Está tudo bem, mãe, eles não vão nos prejudicar mais, tudo é passado agora, e eu entendo o seu lado, não tem o que perdoar, mãe

Sem esperar mais, veio até mim e abraçou, chorando compulsivamente

— Ainda não acredito que está aqui, eu te amo tanto, Carrie

— Senti sua falta, mãe

Afaguei seus cabelos e logo ela se soltou, direcionando o olhar para Henry e Adam que brincavam de alguma coisa perto da fonte que ficava no centro do jardim.

— É impressionante como eles se parecem tanto

— Eu também me surpreendo com isso todos os dias

— Como ela era? - perguntou referindo-se à Brianna

A olhei por alguns segundos antes de começar mas logo voltei o olhar para a fonte novamente

— Ela era incrível - esbocei um sorriso lembrando da minha filha - era a criança mais feliz que eu já tinha visto, mesmo com toda nossa situação todos os dias ela ria de verdade, era a alegria da casa

Olhei para minha mãe e ela sorria, provavelmente projetando uma imagem da menina em sua cabeça.

— Você iria adora-la - ri triste - pena que a vida não é tão justa o quanto eu queria

— Tem razão, mas não encare isso como um peso

— Como assim? - indaguei franzindo o cenho confusa

— Sabe, Carrie, se tem uma coisa que eu aprendi vivendo aqui sozinha por todos esses anos é que o passado deve ficar no passado, não carregue a memória de sua filha como um peso, carregue como uma lembrança boa de que você foi forte o suficiente para passar por tudo isso, não só pela morte dela mas por todos que te fizeram sofrer, o que importa é o presente, você está aqui agora - respirou fundo o ar fresco - apenas viva, Carrie, esse previlégio que a vida lhe proporcionou, essa nova chance de viver - apontou para os dois que corriam rindo há alguns metros na nossa frente - você tem a chance de recomeçar em suas mãos, não desperdice isso, filha

Ela terminou e eu encarei a cena de Henry correndo pela grama com Adam pensando no que acabei de ouvir, e ela tinha razão, estava certa. Eu não queria carregar nada do meu passado como um peso, e sim como uma lembrança de superação. Tudo agora estava lá atrás, e eu não tinha que remoer isso.

Andei com minha mãe até as espreguiçadeiras dispostas pelo jardim e deitei finalmente tirando um momento para relaxar depois de todos esses dias intensos.

— E então? - prendeu minha atenção - O que vão fazer agora?

— Eu não sei - suspirei - Henry provavelmente não vai querer voltar para os Estados Unidos, e eu compartilho da mesma vontade

— Ah! Então vocês estão juntos! - bateu palminhas animada e eu ri

— Ah, é complicado

— Vocês e esse "complicado" - fez aspas com os dedos - nada é complicado, Care, está escrito na testa de vocês que morrem de amores um pelo outro, só não vê quem não quer

— Está bem - rolei os olhos e sorri - eu amo ele e ele me ama, mas é tudo tão novo para mim que eu não sei como agir

— Só deixe fluir, só deixe - deu um tapinha em minha mão e se levantou - vou fazer um chá e deixar vocês aqui

Foi até a casa enquanto eu sorria com a cena diante dos meus olhos, levantei e caminhei até os dois garotões que agora estavam deitados na grama rindo, que se dane o relaxamento!

— Posso saber do que os meninos estão rindo? - pousei as mãos na cintura e os dois levantaram o olhar até mim

— O papai estava falando que quando formos morar em Paris eu posso ter cinco cachorros! - o menor disse abrindo um sorriso gigante e eu olhei para Henry abismada

— E quando eu ia ficar sabendo disso? Paris? Cinco cachorros? A minha opinião agora não importa? - indaguei indignada sentando ao lado dos dois na grama

— Ah, querida, não importa o lugar, você pode escolher, seremos felizes para sempre, nós três e nossos cinco cães

Intercalei o olhar entre os dois pares de turmalinas na minha frente e não consegui evitar sorrir

— Eu não vou limpar a sujeira dos cachorros, ta bem?

Assim que fechei a boca Adam deu um grito de alegria e pulou em cima de mim quase me sufocando com um abraço, acabei gargalhando e caindo deitada ao lado de Henry que assistia a cena sorrindo. O moreno me abraçou pelos ombros e beijou carinhosamente a lateral do meu rosto.

— Eu amo vocês - sussurrou contra minha bochecha e eu sorri.

Paris.

Cinco cães.

Felizes para sempre.

Olá amorezinhos! ❣️

Últimos capítulos já ):
Já estou chorando antecipadamente pelo final do livro, e vocês?

Comentem muiiitooo e não se esqueçam da estrelinha 🌟❣️

Até o próximo!

XOXO.

When We Were YoungWhere stories live. Discover now