Doze: Henry

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Londres, 1996

As portas de aço se abriram e eu adentrei no último andar do prédio, o Donovan&Royer Law Firm era um dos escritórios de advocacia mais visado de Londres, era muito bem falado por todos e tínhamos os melhores profissionais do direito empregados na firma. Andei pelo amplo lobby do andar, o piso de madeira e as imensas janelas que iam do chão até o teto davam um ar de conforto, passei pela mesa de Ron e a mesma estava vazia, Ótimo, pensei, teria um tempo sozinho para organizar minha mente. Empurrei a grande porta de carvalho que dava acesso a minha sala, meus sapatos faziam barulho em contato com o porcelanato claro, os raios de sol cortavam as janelas que eram iguais as do lobby, o ambiente estava muito bem iluminado. Sentei em minha cadeira e observei o céu azul e a cidade, o dia estava lindo, estava. O telefone na minha mesa começou a tocar, não tinha se passado nem cinco minutos que eu sentei e a porcaria do telefone estava tocando.

— Merda – resmunguei tirando a coisinha irritante do gancho levando até o ouvido – O que foi?

— Bom dia para você também, Henry – escutei a voz do meu fiel secretário do outro lado – Sr. Royer está aqui fora querendo falar com você – que maravilha!

— Pode mandar ele entrar, Ron

— Sim, excelência - Muito engraçado, Ron

O alto magro entrou pela porta carregando uma expressão de malandro no rosto e alguns papeis na mão, tomou seu lugar em minha frente e me olhou com olhos verdes engraçados

— Oi, gatinho – o loiro brincou, mas eu não estava para brincadeiras naquela manhã

— O que você quer, Colin?

— Ok, já vi que está de mau humor então vou direto ao assunto – colocou as folhas que carregava em cima da mesa – Dei uma olhada rápida naquilo que você pediu e cheguei à conclusão de que para um advogado você é bem burro, meu amigo, casamento com comunhão de bens, Henry? E além disso devo admitir que a advogada da sua mulher é fogo! Não me deixou falar nada e ainda desligou o telefone na minha cara

— Você está aqui para me ajudar, falar mal de mim ou da advogada que você dormiu?

— Nossa, que bicho te mordeu? Nunca te vi tão insuportável e nojento – Colin me olhou risonho

— Aubrey está me tirando do sério – bufei – não aguento mais dividir o mesmo teto com ela

— Por isso mesmo que você entrou com o pedido de divórcio – balançou as folhas

— Eu sei, eu sei, mas ela não para de reclamar na minha cabeça que não vai aceitar essa separação, que não vai desistir do nosso casamento, e blá, blá, blá – mexi as mãos enquanto falava

— Sinceramente, não entendo essa insistência da parte dela, você nunca gostou dela mesmo

— Sim, mas na cabeça dela eu a amo

— Louquinha de pedra! – riu – essa mulher precisa de um hospício, isso sim – gargalhei e ele me acompanhou, nesse momento Ron invadiu a sala andando elegantemente trajando seu terno preto e uma gravata tão rosa que se apagasse a luz ela provavelmente brilharia no escuro

— Eu detesto atrapalhar a fofoca dos senhores, que parecia estar muito boa a propósito, mas chegou uma correspondência muito chique para você - apontou o envelope para mim - tem selo e tudo mais

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