No Entiendo

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Para Klyvia 

joeldobrasil


A primeira vez que vi Klyvia foi no clube, perto da quadra de vôlei. Não foi o melhor de nossos momentos, eu corria atrás do meu irmão, que por ser mais rápido que eu desviou do caminho ao vê-la, enquanto eu mal tive tempo de parar, e levei nós dois ao chão. Eu cai por cima dela, rolando na grama.

Meu irmão riu, saindo correndo em seguida. Não podendo me levantar para ir atrás dele, apenas girei e sai de cima de Klyvia, me deitando no chão. Ela se sentou, assustada.

— Desculpa — falei, a olhando. — Você ta bem?

Ela confirmou com a cabeça, ainda um pouco chocada.

Eu tive que me recompensar depois daquilo, é claro. No modo tradicional apenas um suco na lanchonete no clube teria sido o bastante, mas meu irmão se intrometeu, e me recompensar foi ter sido derrotado por ela no vôlei.

Foi um dia glorioso.

Passei a ver ela quase todos os finais de semana depois disso, sempre na quadra de vôlei. Não demorou muito para começarmos a trocar mensagens e passarmos noites em claro conversando.

Nosso primeiro beijo também foi na quadra de vôlei, em uma festa do clube. Eu já tinha pedido para ficar com ela antes, diversas vezes, mas ela sempre negava. Levei um tempo para descobrir que era porque Klyvia ainda não tinha beijado ninguém.

Eu estava correndo atrás dela, naquela noite, não me lembro o porquê, mas me lembro que estava. Nós caímos, assim como na primeira vez em que nos conhecemos, perto da quadra de vôlei, rolando na grama outra vez. Eu cai em cima dela, e quando fui apoiar a mão no chão para me levantar, Klyvia segurou em minha nuca e me puxou para baixo, me beijando.

Não sabia dizer quem ficou mais chocado, eu ou ela.

Depois daquela noite, as coisas começaram a realmente acontecer entre nós.

Acho que se não fosse pelo reaparecimento de uma ex minha, as coisas teriam ficado mais sérias. Lauren apareceu do nada, querendo voltar. Foi uma confusão que eu não esperava, e demorou a que Klyvia voltasse a confiar em mim de novo.

Depois de três meses, as coisas se estabilizaram.

As tardes no clube foram substituídas por incontáveis noites no meu quarto, em que ficávamos deitados olhando os desenhos brilharem no teto. Nunca foi algo carnal, porque ela se sentia desconfortável devido a timidez sempre que eu a tocava. Ela sempre acabava dormindo, e eu ficava uma boa parte da noite a observando, minha cabeça apoiada em uma das mãos, deitado de lado, mexendo em seu cabelo.

Depois de um tempo ela passou a confiar em mim, de uma maneira nova, parecendo começar a entender que estávamos juntos, e que eu realmente gostava dela.

O meu namoro com Klyvia era repleto de primeiras vezes, levando em conta que eu era seu primeiro namorado. No começo, eu precisei ter muita calma e me controlar, mas isso depois se inverteu, e foi ela quem precisou ser controlado. Se dependesse dela, tinha perdido a virgindade no meu carro enquanto estávamos indo ao shopping. Segundo ela a culpa disso era totalmente minha, e quando perguntei o porquê, ela me mandou olhar no espelho.

Ela não tinha a ilusão de uma primeira vez perfeita, e que bom, porque a primeira vez que transamos foi na sala de jantar da casa dos meus pais, em cima da mesa de vidro.

Depois de algumas semanas nós de fato assumimos o namoro, com aliança e tudo. Eu passei a busca-lá na escola, e todas as tardes ela ficava na minha casa.

Foi engraçado como sua família reagiu ao nosso namoro, chocadas que Klyvia realmente estava namorando. Ela ficou amiga dos meus irmãos, e nossas tardes no clube se resumiam a dessa vez ela correndo atrás dele e eu correndo atrás dela para ela parar. No final era todo mundo que ia para o chão.

Eu acabei me apegando a ela de uma forma a qual eu não esperava. Começou aos poucos, com ela indo dormir lá em casa um dia, depois passando um final de semana. Foi indo, e sem nem ver seu cheiro já estava por todo o meu quarto, e dormir sem ela a noite se tornou algo incomodo. Um dia eu sai no meio da noite pra ir até a casa dela para dormirmos juntos. Meu irmão mais velho quase me matou quando descobriu que eu fiz isso.

Nosso relacionamento foi estável, por muito tempo.

Quando Klyvia me chamou na quadra de vôlei, durante uma festa do clube, eu não imaginei que seria para terminar. Aquela vez eu soube que fui eu quem ficou chocado. Quando perguntei o motivo, ela não me disse. E não era só um tempo, ela queria realmente terminar. Mas esperava que ainda fossemos amigos. Aquilo foi como um tapa.

Quando ela foi embora, me deixando sozinho na quadra escura, eu apenas fiquei olhando, sem falar nada. Eu não tinha o que falar. Nem conseguiria, se tivesse.

Klyvia estava indo para a faculdade, e aquela noite, enquanto ela se afastava e sumia nas sombras do clube, foi a ultima vez em que a vi. 

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