Demuéstrame

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Para Eduarda.

luansvelez


Christopher estava quieto desde que chegamos, as mãos se movendo inquietamente nos anéis que usava.

Soltei um suspiro, fechando os olhos quando o sol refletiu nos óculos de sol de Chris e bateu em meus olhos. Ele pegou os óculos e fechou a mão sobre eles, interrompendo o reflexo.

— Sabe... — comecei, escondendo as mãos em baixo na mesa no meu colo. — Ficarmos aqui quietos não vai resolver muita coisa.

— Eu sei — respondeu. — Mas fazemos isso há meses, e nada se resolveu. Não acho que é agora que agora vai se resolver. Não há o que dizer. — Ele fez uma pausa, levantando os olhos e me encarando. — Ninguém abre mão.

— Ninguém oferece mudança — completei. — Se não confiamos um no outro, por que continuamos nisso?

— Porque achamos que um dia alguém vai mudar.

— E que o outro vai abrir mão — completei novamente.

Fechei os olhos com força, sentindo minha respiração acelerar. Passei a mão sobre a mesa, jogando minhas coisas dentro da bolsa e me levantando, enquanto a passava por minha cabeça e arrumava sua alça em meu ombro.

Chris se levantou, os olhos ficando em alerta.

— Eduarda, espera — pediu, parando em minha frente.

Fui obrigado a parar, encarando o peito de Chris, enquanto seus dedos subiam por meu braço. Levantei o rosto e o encarei.

— Eu não te peço muito, Chris. Nunca pedi.

— Mas você me pede o que não depende de mim.

Coloquei as mãos na cabeça e fechei os olhos com força, não acreditando que íamos começar com aquela conversa de novo.

— Meu Deus, Christopher! — exclamei, fechando os olhos com força. — Se você realmente quisesse isso, daria um jeito.

— E eu quero! — disse, segurando meu rosto entre as mãos. — Quero muito — sussurrou, se inclinando em minha direção.

Seu rosto se aproximou do meu, me permitindo sentir o frescor de limão emanando de seus lábios entreabertos. Quando sua boca estava a centímetros da minha ele congelou, fechando os olhos. Ele me soltou, se virando para as fãs que estavam atrás de nós.

Soltei a respiração que nem sabia que estava segurando, saindo da cafeteria o mais rápido possível.



Há mais de seis meses, quando Christopher e eu vimos que nosso relacionamento não iria a diante, resolvemos dar um fim. O que na realidade nunca aconteceu, porque sempre voltávamos um para o outro. Mas se tornou desgastante e ilusório. Foi então que combinamos de nos ver apenas um dia a cada mês. Na cafeteria perto do centro, durante a manhã, e em seu hotel, de noite.

Quando sai da cafeteria está manhã eu estava decidida a não voltar mais lá e nem ir ao hotel. Estava na hora de um fim definitivo.

O problema era simples, mas nas mãos de pessoas complicadas.

Christopher se envolvia com mais mulheres que conseguia contar, todas escondidas — ao menos a maioria. O que eu pedia a ele, para que pudéssemos ficarmos juntos é apenas parar de ser tão rodado. O que ele parecia aceitar sem problemas algum. A parte complicada estava em não termos um relacionamento escondido. Não pedia por um anunciamento oficial para todos do planeta, apenas não queria mais ser obrigada a entrar escondida em seu quarto de hotel toda vez que o via, ou sair correndo toda vez que alguma fã aparecia.

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