Subversion

II - The other side.

      O vento passa ligeiramente pelo rosto de Jeongguk, acariciando suas bochechas e mexendo seus cabelos vagorosamente. A vista de seu mundo particular lhe dava algum tipo estranho de sensação que corria por todo seu corpo, o jeito que a noite lhe abraçava e lhe dava segurança longe dos olhares de todos e de Jiyon, com seu jeito explosivo e destruidor. As luzes da cidade lá do alto da sua varanda pareciam estrelas, uma em cada ponto, distantes uma da outra iluminando poucos pontos das ruas; e as casas escuras, todos já dormiam.

   A penumbra da noite assusta a muitos, mas não Jeon. Ela era sua amiga, sua liberdade.

   Sim, ele tinha uma liberdade.

   O mesmo menino que cresceu acorrentado e sufocado, preso por rebeldes em algo maior do que poderia imaginar na época que sua mãe morreu. Que fora criado para ser apenas uma arma, inabalável, pronto para derrubar o governo quando lhe fosse dado a ordem. Que a muito tempo não tem vontade própria e vive escondido, nas sombras frias e medonhas daquilo tudo que a pequena criança poderia e queria ser. Tinha tudo para ser nada, para não ter alguma ambição significativa e até certo ponto não possuia uma mesmo, contudo ainda tinha sua liberdade.

    Não por muito tempo, mas era o suficiente.

   O céu estrelado era lindo, lindo demais. Via várias estrelas, e seu passatempo era admira-las e estudar em silêncio suas constelações, imaginado quais delas era planetas.

   O mundo parecia mais confortável assim, visto de longe, a noite, frágil.

   Era muito de noite quando fora se deitar e mais tarde ainda quando finalmente adormeceu, sob a luz da linda lua cheia e brilhante refletindo sobre sua porta e cortinas.

                                    {×}

      Acordou um pouco mais depois das seis da manhã, com olheiras e pouco indisposto. Queria se arrepender por ter ido dormir tão tarde, mas claramente não conseguia o fazer, era o único momento que tinha para ser egoísta e pensar um pouco em si mesmo. Agora que o sol voltou a irradiar e iluminar todos com seus raios dourados, ele não tinha pra onde correr, virava apenas mais um frio e calculista rebelde esperando o próximo passo para matar o príncipe.

      Se arrumou e encontrou todos os seus outros companheiros no refeitório daonde viviam. Sentou-se na mesa e comeu silenciosamente, olhando para um ponto fixo, então um estrondo forte surgiu fazendo todos se assustarem. Jeongguk não precisava virar pra trás para saber quem era, aquele barulho era característico dele, e em qualquer lugar que chegasse saberia que era ele apenas olhando para a reação das pessoas em volta. Eretos, os que antes falavam em completo silêncio, olhos atentos a toda hora, e até alguns olhares de respeito direcionados para a porta. Somente Jiyon tinha esse poder, de fazer as pessoas agirem assim.

     Continuou a comer como se ele não estivesse ali, como se não fosse algum tipo de falta de respeito se fosse feito por qualquer alguém.

       — Bom dia a todos! — Comprimentou animado, Jeon levantou as sobrancelhas em desconfiança, isso também não era bom sinal. — Acho que todos já devem ter ficado sabendo da lamentável notícia que recebi ontem. Mas não fiquem abalados meus caros, fiz reuniões e conversei com pessoas sábias e cheguei a uma conclusão. — Não era preciso estar virado para ele para saber que o sorriso em seu rosto estava enorme, medonho. — Obviamente não deixaremos aquilo que chamam de príncipe viver. E vamos agir rápido, para que o real ataque ao castelo seja feito, quando estiverem vuneráveis e de luto. Com isso quero que se preparem para o ataque, talvez esse grande dia esteja mais perto do que o imaginado. Dobrem seus treinos! Quero todos preparados, nossa vitória chegará!