Lola

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     Fecho os olhos com força e grito, agarrada a Loyal com todas as minhas forças. Desde que chegamos a esse lugar, tenho tentado esconder o quanto estou apavorada e manter a calma e a racionalidade para encontrar uma forma de voltar para casa. Mas o que acabei de testemunhar desarmou todas as minhas defesas e fez minhas estruturas emocionais desmoronarem.

     Os. Tios. De. Prosper.

     Eu os vi apenas uma vez, de longe, quando buscaram Prosper na escola uma vez. Lembro-me de ficar muito surpresa com tamanha beleza e harmonia que havia entre eles - quase como se fossem o reflexo um do outro, movendo-se em perfeito equilíbrio e sincronia. Ambos me pareceram gentis e extremamente calmos, como o próprio Prosper demonstrou ser pelo pouco que conheci. Nem em meus mais loucos sonhos eu poderia imaginar que não eram apenas seres humanos. Quer dizer, estava óbvio que os dois não eram normais, mas eu os compararia a super celebridades, não a seres de outra dimensão sobrenaturais e terrivelmente poderosos.

     Quando o tio de Prosper atacou a Loyal e a mim, fiquei petrificada. Mas quando vi a maneira como a tia dele veio em nossa direção, eu soube que já estávamos mortos. Afundo meu rosto ainda mais no peito de Loyal e resfolego. Por que ainda não estamos mortos?

     - Lola... - a voz dele soa fraca e surpresa.

     Bem devagar, ergo a cabeça e abro os olhos. Encontro os olhos de Loyal e agarro-me a eles para não enlouquecer por completo. Estão arregalados e, de certa forma, maravilhados. Só então atento-me para a forte luz violeta e brota de meu peito - mais precisamente do medalhão sob o tecido de minha camiseta. A luz cresce e nos envolve como se nos protegesse dos tios de Prosper e nenhum mal nos acontece.

     - O que é isso? - pergunto a Loyal, mas ele não parece me escutar.

     Baixo os olhos para o medalhão e o vejo brilhar mais forte como se reagisse ao meu olhar. Sinto a forte energia que emana dele e me conta de que o presente que recebi daquele velho montado naquela coisa é muito mais do que parecia ser. Ele disse que meu papel é o de julgar luz e trevas quando me deu este objeto. Estou sendo protegida para cumprir essa tarefa?

     Não tema, disse o velho. Isso a protegerá e manterá seu julgamento imparcial. Alguém precisa julgar os dois lados e não deve poupá-los da dor.

     Engulo em seco, estremecendo por dentro.

     Os olhos negros do dono dos braços que me seguram fixam-se no ponto através do campo de proteção violeta, onde os Irmãos Maravilha estão parados, encarando a gente. Parecem tão espantados quanto eu. O tio de Prosper ergue os punhos e rochas são lançadas contra nós mais uma vez. Ao chocarem-se com o campo de proteção violeta, elas se despedaçam e viram pó. Eu grito de susto quando acontece.

     - Quem são vocês?! - grita o tio de Prosper, irado.

     Afasto-me de Loyal o suficiente para olhar para ele de frente.

     - Eu conheço esses dois - digo. - São tios de um colega da escola.

     Loyal franze a testa pálida.

     - Ricky Prosper?

     Arqueio as sobrancelhas. Então todo mundo se conhece aqui?

     - Sim - assinto. - É loucura, mas, sim, são eles mesmos.

     Loyal cerra os punhos e todo o seu corpo se erijece.

     - Vou matá-los.

     - Não, ficou louco? - seguro seu braço com as duas mãos. - Eles é que vão matar você!

A Ruína de Ricky Prosper (VOLUME 2)Where stories live. Discover now