Capítulo 1

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Acordei cedo, mas quase não preguei os olhos a noite. É hoje, o dia da mudança. Tudo que eu queria era acordar desse pesadelo e continuar em Londres, porém o trabalho do meu pai é mais importante e por mais doloroso que seja deixar essa cidade eu preciso aceitar. Uma nova cidade, novos amigos, novos amores, novos costumes. Eu tenho que aceitar isso e seguir em frente. Você consegue, Tom! Eu repetia para mim mesmo em frente ao espelho do banheiro.

Termino de arrumar as malas e desço para tomar café. Já não há mais nada na casa, tudo limpo. Olho ao redor e fico emotivo lembrando de tudo que vivi aqui. Meu pai desce as escadas com o meu irmão chamando minha atenção.

- Preparado, filho. - Ele pergunta tocando no meu ombro.

- Preparado. - Eu digo suspirando um pouco cabisbaixo.

- Eu sei o quanto essa mudança está sendo difícil especialmente para você, mas com o tempo tudo vai se acertar.

- Eu sei disso, pai. - Eu digo tentando parecer um pouco mais animado. Nesse momento meu irmão mais novo, Sam interrompe a conversa me dando um abraço apertado.

- Tudo pronto. - Minha mãe avisa depois de checar os últimos detalhes da mudança.

Por um momento nós ficamos em silêncio e demos um abraço em família bem apertado. Chegou a hora do adeus. Meu pai coloca o resto das malas no táxi e nos partimos em direção ao aeroporto. Na saída dou um último abraço no meu melhor amigo, Haz que por coincidência também é meu vizinho.

- Vê se não esquece dos amigos hein, Thomas! - Haz fala me animando.

- Pode deixar cara! - Eu respondo dando um abraço apertado e me despedindo dele.

(...)

Depois de fazer o check in embarcamos no avião. Sento ao lado do meu irmão e coloco uns episódios da série Atlanta para assistir. Confesso que só começei a ver a série para saber um pouco da cidade, mas acabei amando. Já posso me considerar um fã do Donald Glover. A ansiedade estava me consumindo, não aguentava mais ficar naquele avião. Queria começar esse capítulo da minha vida logo.

(...)

Depois de algumas horas finalmente aterrissamos em Atlanta. Assim que saímos do aeroporto me senti em um episódio da série. Observei a cidade da janela do táxi e gostei do que vi. Bem diferente de Londres, mas tem seu charme.

(...)

Quando chegamos na nova casa meu irmão foi o primeiro a correr em direção à porta. A casa é legal, tem uma sala de estar confortável, um escritório espaçoso para meu pai e quartos grandes para mim e meu irmão.

Subi as escadas e fui para o meu quarto. Me joguei na cama e descansei um pouco, estava exausto. Fiz uma chamada de vídeo para o Haz para contar as coisas e tomei um banho rápido.

O lado bom da mudança foi comer pizza no jantar. Meu irmão era o mais animado com a mudança. Meu pai estava ansiosa para começar logo no novo cargo, minha mãe queria explorar a nova cidade e eu queria conhecer pessoas Novas, mas confesso que estou morrendo de medo de não me adaptar à nova escola. E se eu for um pouco inglês demais para os meus futuros colegas? Espero que no final dê tudo certo.

(...)

Depois da pizza conversei um pouco com meus pais e meu irmão e fui para o quarto. Ainda tenho dois dias livres, mas não paro de pensar e criar situações na minha cabeça. A ansiedade está me consumindo e eu não consigo me acalmar. Calma, Tom! Eu repetia, porém nada adiantava. Ouvi um pouco de música para relaxar e peguei no sono de repente.

(...)

Acordei quase dez da manhã com o sol invadindo o meu quarto pela janela. Apesar dos pesares dormi bem e estava bem mais tranquilo agora. No fundo tudo o que eu precisava era uma boa noite de sono. Estou pronto para tudo agora. Atlanta que me aguarde!

Tomo um banho demora, coloco uma camisa branca é um short preto e desço para tomar café. Como uma maçã e brinco um pouco com o meu irmão. Não tinha nenhum plano para mais tarde, mas minha mãe me convenceu a levar meu irmão para conhecer a cidade. A princípio eu relutei, mas no final gostei da ideia dela, será bom respirar novos ares e passar um tempo com o Sam às vezes eu fica tanto com o Haz que acabava esquecendo o meu irmão. Tenho que reparar isso de alguma forma.

Depois do almoço eu e Sam decidimos ir a um parque perto da nossa casa. A distância era curta então fomos a pé. Depois de uns dez minutos de caminhada chegamos ao nosso destino.

O dia estava ensolarado e quente para os meus padrões londrinos. O parque era grande, bastante arborizado e estava repleto de famílias curtindo o dia. Sam e eu andamos exploramos todo o perímetro do parque e até apostamos uma corrida. Aproveitei e fiz alguns exercícios, já estava ficando enferrujado. Sentamos perto de uma árvore para descansar um pouco e relaxar.

- Está gostando da cidade, Tom? - Sam perguntou com atento a minha resposta.

- A gente só está aqui a um dia, ainda não tenho uma opinião formada. Mas eu achei a cidade legal até. - Respondi meio sem compromisso.

- Eu gostei! - Sam disse com um sorriso.

- Nem precisava dizer, sua felicidade entrega tudo. - Eu respondi brincando com o cabelo dele.

(...)

Quando estávamos saindo do parque um cachorro correu em direção a nós dois e o Sam ficou um pouco assustado, felizmente o bichinho era dócil e eu consegui pegá-lo. A dona veio correndo logo em seguida.

- Noon! Finalmente te achei. - Ela disse esbaforida depois de correr atrás do animal.

- Eu peguei ele porque meu irmão se assustou, espero que não se importe. - Eu disse com cuidado entregando o cachorro de volta para a dona.

- Imagina eu que te agradeço por ter segurado ele pra mim. Estava caminhando e ele escapou da coleira. Muito obrigada! - Ela disse com um sorriso aliviado.

- Não foi nada demais. - Eu disse um pouco tímido.

- Mais uma vez obrigada! Quem sabe a gente se esbarra por aí. - Ela disse simpática e se despedindo da gente.

- Tchau. - Eu respondi com um leve sorriso antes de partir.

(...)

Cheguei em casa e me toquei que nem se quer perguntei o nome da garota. Deveria ter prestado mais atenção nessa parte. Quem sabe um dia eu a encontre novamente.

- Como foi o passeio? - Minha mãe questionou chamando nossa atenção.

- Foi legal! - Eu respondi tranquilo.

- Eu adorei! - Sam respondeu entusiasmado.

- Que bom que vocês gostaram. - Ela falou aliviada.

- Ainda bem que vocês chegaram eu já estava morrendo de fome. - Meu pai disse bem humorado.

- Os dois lavem as mãos rápido. - Minha mãe disse risonha.

- Sim, senhora. - Eu e o Sam respondemos brincando.

(...)

Após o jantar eu fui para o meu quarto e arrumei algumas coisas que faltavam. Olhei umas fotos antigas e fiquei com saudade dos meus amigos. Quanto menos eu pensar nisso mais rápida será minha adaptação aqui. Coloco tudo no lugar e tomo um banho.

Posto uma foto no instagram e ouço algumas músicas no spotify. De repente lembrei do episódio do parque, dei um leve sorriso pensado no acontecido. A dona do cachorro é bem bonita. Pele morena, cabelo cacheado, um sorriso bonito. Deveria ter perguntado o nome dela. Eu sou muito trouxa mesmo. O melhor que eu faço agora é dormir para ver se paro de pensar besteiras.

Atlanta • tomdayaWhere stories live. Discover now