— Não tem assinatura nem nada — Arthur comentou, sentindo um arrepio.

Era um vídeo.

O vídeo carregou rápido. A imagem tremeu, e então a câmera mostrou duas pessoas sentadas em um chão de pedras, de costas umas para as outras, amarradas por cordas grossas. As duas pessoas estavam com uma venda preta cobrindo metade do rosto. Um colar com a letra R estava caindo pelo pescoço moreno de uma mulher. A outra pessoa também usava um colar, mas diferente da mulher, este colar tinha a letra A visível sobre a clavícula de um homem.

— S-são eles? — Rodrigo gaguejou.

Rebecca se mexia debilmente, tentando se desvencilhar das cordas grossas, enquanto o homem tentava desfazer o nó. A imagem do vídeo ficou escura por um momento, e, de repente, alguém apareceu diante dela, e apertou as mãos enluvadas sobre seu pescoço. Ela se debateu, tentando chutar o agressor. Um momento mais tarde, o agressor mascarado deu um chute em seu abdômen e desfez o nó nas cordas que a prendiam. Rebecca tentou se levantar, mas foi impedida por uma cotovelada brusca.

Ela caiu de joelhos. Depois não se moveu mais.

— O que é isso? — Lola questionou horrorizada, vendo tudo pelo celular do irmão.

O indivíduo encapuzado deu meia volta e se curvou sobre uma Rebecca quase morta. Ele a arrastou para longe, puxando-a pelas pernas. Rebecca fincou as mãos no chão e reprimiu um grito.

Alec, ainda amarrado, mexia-se, soltando bramidos. Depois de alguns segundos, o agressor desapareceu e Rebecca ficou desacordada, com a cabeça baixa. Após cerca de trinta segundos, o encapuzado retornou com um objeto côncavo em mãos. Ele ergueu a pá, e acertou em cheio a cabeça de Rebecca, num golpe certeiro.

Rodrigo e Breno sentiram o estômago revirar e tiveram vontade de vomitar, mas tudo o que fizeram foi levar as mãos à boca. O coração de Rafaela batia debilmente em seu peito, e ela precisou desviar os olhos do vídeo para respirar e focar sua atenção no trânsito. A câmera permaneceu sobre Rebecca, desfalecida no chão.

Ela não estava se movendo.

Em seguida, a imagem tornou a ficar escura, e então a câmera voltou de um ângulo diferente. O agressor estava de frente para Alec, que movia apenas a cabeça e as mãos amarradas pelas cordas. O estrangulador arremessou o objeto que havia usado para atingir Rebecca para longe ─ como se o jogasse para outra pessoa ─, e do bolso da calça sacou um revólver.

Ele se curvou sobre o rosto de Alec e o ergueu pelo colarinho da camisa, puxando em seguida a venda que cobria seus olhos. Alec tossiu. Havia lágrimas pontilhadas em seus olhos claros. Por alguns instantes, o Alec do vídeo olhou para a tela, como se observasse os filhos. O queixo de Rafaela foi ao chão, e os gêmeos ficaram boquiabertos.

O agressor apontou o revólver bem no meio do rosto dele e disparou três vezes. Após Alec parar de respirar, o estrangulador o desamarrou, colocando-o ao lado do corpo desvanecido de Rebecca. Lola ofegou em voz alta quando a seguinte mensagem apareceu na tela escura quando o vídeo encerrou:

EU SINTO MUITO.

— Meu Deus! — Rafaela exclamou, chocada demais.

— Onde é isso? — Rodrigo se questionou.

— Isso que a gente acabou de ver... — Breno engoliu em seco. — Meu Deus, mãe!

— A gente acabou de ver nossos pais serem assassinados — Arthur disse, mas sua voz saiu quase que inaudível. O choro estava preso na garganta. — E-eles não sumiram naquela noite.

O Jogo dos Segredos [1] DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now