24horas

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(POV Gabie )

Eu não conseguia funcionar. Parece que eu paralisei. A voz do médico estava distante.
Aquele "se" ainda estava na minha cabeça.
Como assim havia alguma chance de ela não acordar?

-E vocês podem esperar no quarto se quiserem... - ouvi só o final da frase que o médico falou.

Olhei pra Lívia, minha pequena estava encolhida na cadeira. Ela chorasva em silêncio.
Dona Rosângela estava de pé ao meu lado, com a boca entre aberta, como se pensasse no que dizer.
Eu precisava fazer alguma coisa.

-Ok, doutor. Qual é o quarto? - Eu perguntei.

-420, final do corredor. Ela vai pra lá em duas horas. Enquanto isso, recomendo que comam alguma coisa. - ele me olhou e se aproximou mais de mim - Elas não saíram daqui pra nada. - ele sussurrou inclinando a cabeça na direção de dona Rosângela e Lívia.

-Entendido. Qualquer notícia, por favor nos procure.

-Você é a Gabie? - ele perguntou.

-Sim, sou.

-Ela chamou por você quando chegou... - ele disse. Aquilo fez meu coração acelerar.

-Ela chegou consciente? Isso é um bom sinal, né doutor? - eu entrelacei minhas mãos em nervoso.

-Pode ser que sim, pode ser que não... não podemos afirmar. Só o tempo nos dirá.

***

Uma hora.

-Lívia, meu anjo, você precisa comer alguma coisa. Tem que estar forte pra quando sua mamãe acordar... - eu tentei pela vigésima vez naquela hora.

-Eu não quero, tia Gabie. Eu to sem fome! - ela disse com o a cabeça enfiada no meu pescoço.

Desde que viemos pro quarto, ela não desgrudou de mim. Pedi pra Gustavo comprar alguns lanches e consegui fazer dona Rosângela comer. Porém Lívia se recusava. Os médicos disseram que Thalita viria pro quarto dentro de uma hora.
À espera estava enlouquecendo a todos nós.
Eu ainda não sei de onde estava vindo tanta força pra me manter de pé, sendo forte, quando na verdade eu só queria desabar.

-Quando sua mamãe vier pro quarto, se você ainda estiver sem comer, não vai poder vê-la. - eu falei tentando novamente.

-Mesmo? - ela pareceu pensar um pouco.

-Mesmo.

-Eu posso tomar só o suco? - ela perguntou. E então olhou um pouco pra mim.

-Sim. O suco e alguns biscoitos. - eu tentei me levantar. Ela se segurou em mim. - Lívia, assim eu não consigo andar, meu anjo...

Tentei puxar aqueles pequenos braços do meu pescoço. Não consegui. Desisti e sentei novamente.

-Dona Rosângela, a senhora pode me trazer um copo de suco por favor? - eu pedi com calma.

Depois que a mulher me abraçou chorando, ela não falou mais comigo.

-Claro. Lívia resolveu comer? - ela disse enquanto pegava o suco.
Eu pedi morango, por saber que era o favorito da minha pequena.
Senti que Lívia se encolheu mais nos meus braços. Peguei o copo de suco e entreguei a ela.

-Resolveu sim, né meu amor? - eu tentei.

Lívia não respondeu. Apenas bebeu o suco. Dona Rôsangela voltou ao lugar dela.

Achei aquilo muito estranho.

Duas horas.

Estar naquela sala em um completo silêncio, era enlouquecedor. Eu precisava fazer alguma coisa pros meus pensamentos não me dominarem. Lívia dormia na poltrona.
Comecei a andar pelo quarto.
O fato de Lívia não querer chegar perto da avó, estava me intrigando. Me aproximei dela.

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