Fica

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(POV Thali)

Quando minha mãe começou a fazer escândalo porque eu tinha beijado a Gabie, eu achei que meu mundo ia cair. Mas não caiu. Eu gostei de beija-la, eu gostei dela.
Mas eu preferi fazer as coisas do jeito da minha mãe, pra não piorar tudo.
Três semanas depois que eu falei com a Gabie, nossos contatos eram resumidos aos ensaios, onde nós passávamos nossa fala uma vez e conversamos sobre tudo, o restante do tempo. Minha mãe, meu pai ou meu irmão estavam sempre lá.

Até que um dia, o telefone de casa tocou e eu fui convocada para um teste. Fiquei muito, muito feliz. Mas eles tinham uma única regra: eu deveria ir sozinha.
Como era um teste para a TV, minha mãe não hesitou em me liberar.
Eles disseram que um carro me buscaria as 10 da manhã do sábado, e que o teste duraria o dia todo.

-Filha, boa sorte. Seja profissional, e dê o seu melhor, certo? - ela disse assim que o interfone tocou avisando do carro.

Todos estávamos empolgados.

Abri a porta do carro.

-Bom dia, meu nome é Thalita. - eu cumprimentei o motorista, sentando ao meu lado.

-Boa tarde, Thalitinha. - ele falou e então virou pra mim e sorriu.

Meu sorriso quase rasgou meu rosto.
Era Emmanuel, o irmão da Gabie.

-Você é o motorista? Que loucura! - eu falei.

-Loucura foi você não ter percebido que era tudo uma armação...-  ele falou já andando com o carro.

Assim que eu cheguei na casa da Gabie, ela pulou em cima de mim e me abraçou.
Ficamos assim por muito tempo.

-Oi Thalitaaaaaa! - A grande e feliz tia Juci apareceu.

-Oi tia! Que saudade! - eu falei sorrindo e a abraçando também.

Passamos o dia inteiro juntas novamente, porém dessa vez a tia nos deixou ficar no quarto.
Eu e Gabie nos beijamos tanto, que parecia até que o mundo ia acabar.

As 17 horas, eu fui embora, com um sorriso enorme no rosto e uma pasta cheia de falas e datas nas mãos.

Sim, a Gabie tinha pensado em tudo. Eu iria dizer que passei na primeira fase do teste então teríamos diversos ensaios e reuniões antes do próximo teste.
Ela deu um jeito de continuar me vendo.

Um mês depois, e minha mãe ainda não tinha desconfiado de nada. Era maravilhoso passar minhas tardes de sábado com a Gabie, ainda que não pudéssemos sair de casa, pois era arriscado de mais.
O que eu sentia por ela, já tinha ultrapassado a amizade a muito tempo, porém eu ainda não tinha contado pra ela. E nem ela pra mim.

Dois meses.
Agora o prazo para o segundo teste estava se aproximando, porém as minhas provas para a Julliard também.
O meio do ano letivo no Brasil, era exatamente no início das inscrições para as universidades lá fora.
A essa altura, eu não queria mais ir.
Eu estava completamente apaixonada pela Gabie.
Em um dos nossos ensaios no teatro, eu estava completamente desligada e com o pensamento longe.

-Thali, você tá bem? - Gabie me perguntou.

-Não muito... - eu respondi saindo do transe.

-Isso é porque amanhã é seu aniversário? Tá nervosa com o presente que eu vou te dar, é? - ela sorriu fazendo graça.

-Você não precisa me dar nada... que isso. - eu sorri sem graça.

-O que você tem?- ela me olhou séria.

-Eu... - eu comecei a falar, e então o tempo da aula acabou.

Meu aniversário chegou como um susto naquele ano. 18 anos.
Idade em que eu seria livre, dona de mim e dona das minhas decisões. Certo?
Errado.
Meus pais me acordaram com o tradicional café da manhã na cama.
Meu pai me deu um par de brincos de ouro branco com pequenos diamantes e um colar combinando.
Minha mãe me deu uma bolsa Prada que combinava perfeitamente com o Louboutin que minha avó havia mandado de presente.
E qual não foi a surpresa, quando Bruno apareceu com um vestido Chanel preto, tubinho de uma manga só?

Tudo tão fútil, tudo tão vazio. Tudo aquilo era tão cheio de nada. Eu não conseguia me sentir feliz.
Como sempre, não fui à escola aquele dia. Saímos para almoçar e a noite teria a minha festa de aniversário.
Festa essa que estava cheia com os convidados deles.
Nem o Rizzih eles me deixaram convidar.
Quando eu fiquei pronta e me olhei no espelho, não consegui sentir orgulho do que via, como eu tinha feito por tantos anos. Eu não sabia mais quem era aquela pessoa me encarando de volta.

E então, depois do que pareceram horas de festa, na hora do parabéns, meus pais me deram a melhor notícia que eu poderia receber na vida.

-Filha, nós sabemos que o seu sonho sempre foi fazer 18 anos e sair do país para estudar. E é com uma grande honra, na noite em que você completa seus 18 anos, que nós lhe entregamos seu presente.

-Ah pai... não precisava de mais nada... - eu sorri.

Ele me entregou o envelope.
Eu abri.
Meu rosto caiu no chão naquele momento.

Dentro da embalagem dizia que eu viajaria pra Nova York por um mês. Passar um mês em uma escola preparatória antes de começar as aulas na Julliard.

Eu pulei no pescoço deles.

-Obrigada, obrigada, obrigada! - falei dando beijinho neles.

E então, naquela noite, eu dormi feliz.
Claro, eu não fazia a menor ideia de tudo que estava pra acontecer.

No sábado de manhã, pela primeira vez íamos arriscar sair da casa de Gabie. Ela disse que tinha preparado uma surpresa especial pra mim. Então Emanuel me buscou em casa e fomos pra uma praia que era bem longe da cidade.
Quando chegamos, tinha uma linda festa surpresa composta pelos meus amigos do teatro. Nada de coisas de marca, grifes é festa exibicionista. Era só o nosso pessoal, uma mesa cheia de comida e uma roda de violão.
Foi o melhor dia da minha vida.

Quando chegou a hora de terminar tudo para voltarmos a cidade, Gabie me chamou em um canto.

-Eu... quero te entregar seu presente. - ela falou. Parecia que ela estava corada.

-Eu disse que não precisava... - eu sorri.

-Bem, não chega nem perto do presente dos seus pais, mas... - ela me entregou uma pequena caixinha.

Eu abri com cuidado. Dentro, tinha um colar dourado, com um pingente em forma de estrela, cheio de pedrinhas.

-Nossa Gabie, é lindo! - eu sorri pra ela.

-Bem, esse pingente representa o que você tem sido pra mim. Minha estrela guia. Desde que você chegou na minha vida, só me trouxe luz. Você me deu uma direção e uma nova perspectiva do que eu quero pra mim, e bem... eu quero você. - ela me olhou nos olhos e meu coração falhou uma batida - Thalita Meneghim, quer ser minha namorada?

No mesmo instante, meu coração se encheu de alegria. Eu sorri, eu pulei, eu gritei e me joguei nos braços dela, enquanto gritava "Sim, sim, sim, SIM!"

Ela me girou no alto e então me beijou selando aquele momento. Coloquei o colar no pescoço.
Voltamos até nossos amigos de mãos dadas.
Aquele tinha sido o melhor aniversário de todos, até eu chegar em casa.



Oi pessoas lindas do meu coração. Por favor, não me batam. Kkkkk
Eu sei que demorei, prometo voltar mais rápido.
Me digam o que estão achando? Me dêem suas opiniões? Hein? Porfavorzinho? 🙏🏽
Bjos, até a próxima!

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