Querer

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(POV Gabie)

Nada do que aconteceu durante o final de semana, fez sentido pra mim.
Eu achava que a Thalita era uma pessoa e ela se mostrava outra completamente diferente.
Ela era bondosa com todos os funcionários da casa, ela era atenciosa comigo, depois de fazermos amor, ela sempre queria conversar e continuar me acariciando até eu adormecer.
Pera, eu disse fazer amor? Não. Transar. Era isso que estávamos fazendo.
Estávamos sentadas lado a lado na cama, no domingo à tarde, observando o sol se pôr.
Isso era outra coisa sobre ela, ela fez isso todos os dias. Inclusive no sábado, quis ver o sol nascer também.

-Um beijo pelos seus pensamentos. - ela disse.

-Você não iria querer saber.

-Claro que eu quero. Me conta, no que tá pensando?

-To pensando em como você é uma pessoa diferente depois que se tornou mãe.

Ela ficou em silêncio por um tempo.

-Diferente como?

-Mais... humilde. Não sei se essa é a palavra certa.

-Hum... Gabie, eu não sou uma pessoa diferente porque me tornei mãe. O problema é que você não me conheceu de verdade...

-Hum...

Ela se esticou na cama. Linda, usando um short  amarelo que contrastava perfeitamente com a pele dela, que estava ainda mais bronzeada do que o normal.

-Eu poderia ficar aqui pra sempre... - ela falou de repente.

-Sério? Só por causa da paisagem?

-A paisagem, a paz, você... - e então ela me olhou.

-Ficaria pra sempre comigo? - eu gargalhei. - Um pouco tarde de mais, não acha?

Ela desviou o olhar de mim.

-Está tarde de mais para tantas coisas... - ela falou quase num sussurro.

De súbito ela levantou da cama e foi para o banheiro. Estranhei. Passaram-se alguns minutos. Escureceu de vez.
Comecei a arrumar minha mala, dali a pouco o jatinho chegaria. Acabei de arrumar a mala.

-Ok Meneghim, sai desse banheiro! - eu chamei na porta.

Ela não respondeu.

-Thalita! Abre essa porta! Você está viva? Thalita, pelo amor de Deus! - eu senti um aperto no coração.

Ouvi um movimento lá dentro e então a porta se abriu. O rosto dela estava banhado em lágrimas que escorriam livremente.

-Hey, o que foi?

-Tive uma cri-crise de choro. Estou te-tendo uma cri-crise de choro. Não consigo parar de de chorar. Isso acon-acontece as vezes. - ela falou entre soluços.

Esse não é um final de semana romântico, então porque eu só conseguia pensar em abraçá-la, protegê-la e nunca mais deixar ela chorar?

-O que eu faço?

-Na- nada. Já vai pa-passar. - ela saiu do banheiro e começou a arrumar a mala ainda chorando.

Eu apenas fiquei a observando. Quando acabou, ela sentou na cama como se estivesse muito, muito cansada.
Eu não aguentei mais, fui até lá e a abracei. Ela se agarrou em mim com força e chorou ainda mais.
No meio do choro, ergueu o rosto e me beijou. Não foi um beijo como os outros, foi um beijo triste. Como se estivesse se despedindo de mim. Algo dentro de mim doeu.
Eu retribui o beijo e entrelacei meus dedos entre os cabelos dela. Ela parou o beijo e enfiou o rosto no meu pescoço.
Ficamos assim pelo que pareceram horas. Aos poucos fui sentindo-a se acalmar.

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