Capítulo 11

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Violeta:

— Aii! — resmunguei após encostar, sem querer e de novo, outro dedo na panela quente fervente.

Deixei o que estava fazendo de lado e decidi explorar a casa à procura de algo para usar contra ele. Faca estava fora de questão. Eu não conseguiria me aproximar dele por vontade própria para tentar alguma coisa. Tinha uma vaga esperança em mim de encontrar uma arma, seria bem mais fácil, mas é claro que ele não deixaria nenhuma ao meu alcance. 

Mas espera aí... fui correndo até o seu armário e peguei uma faca de mesa pequena. Levei-a até a fechadura e enfiei sua ponta, torcendo para que desse certo.

— Vamos! Por favorzinho... — falei, como se de alguma forma isso ajudasse.

Desisti afundando em seu sofá depois de passar uma meia hora tentando. Seria mais difícil do que pensei.

Eu esperava do fundo do coração que ele demorasse muito tempo lá fora. Cheguei a pensar no que estaria fazendo, e obriguei meu cérebro a parar com aquilo. Esperava também que a polícia o descobrisse por ter matado tanta gente. Qual é, mundo! Sei que estávamos em meio à uma floresta, mas por acaso a polícia não investiga florestas? É tão óbvio que esse tipo de lugar é o preferido dos bandidos. E aqueles vira-latas, serviam pra quê? Não era para farejarem e descobrirem cadáveres ou alguma coisa assim?

Suspirei, frustrada. Quanto mais eu pensava, mais frustrada ficava. Desprestigiar a polícia e seus cães não iria resolver minha situação. Não iria mesmo.

— É só uma questão de tempo para pegarem ele. Acalme-se, Violeta. — repeti e repeti para mim mesma, de olhos fechados e com a cabeça erguida para seu teto. — Respire, inspire. Não perca a cabeça, Violeta. Isso... — levei as mãos às têmporas.

— Pois é. Que bobagem. Não perca a cabeça com isso. — disse sua voz grave. Fria.

Saí de meu ritual de tentativa de relaxamento sobressaltada, vendo-o bem ali, parado, me olhando como se eu fosse uma idiota. Mas como assim eu não o escutei chegar?!

Me pus de pé apressadamente, cambaleando para trás.

— Humm... — dois! — Que cheiro bom de comida. Acho que cheguei bem a tempo.

Sua felicidade alimentava-se de meu sofrimento. Ser humano desprezível. Eu o odiava do fundo do coração.

— Com tanto jeito pra coisa, irei me sentir ofendido se não te der um presente como retribuição — estendeu-me uma caixa embrulhada de tamanho médio, com um tom super elegante. Peguei-o com as mãos trêmulas. Vai que era uma bomba ou algo relacionado que explodiria em minhas mãos.

— Abra. — mandou.

Abri-o, meus olhos chegaram até a ofuscar.

— Só pode ser brincadeira. — ouvi quando as palavras saíram furiosas de minha boca.

Seu cenho franziu.

— Não. São suas novas roupas. Já passou da hora de trocar essa calça velha e essa blusa.

— Prefiro ficar com o que estou vestida.

— Está recusando meu presente? — me lançou um olhar penetrante. Então, balbuciei:

— Não.

— Que bom. Agora troca a porra dessa roupa! — rosnou. Seu rosto estava avermelhando de raiva, ao contrário do meu, que era de constrangimento. Estúpida. Era isso que eu era.

Com certeza meu rosto denunciou o que eu estava sentindo, porque ele fez uma careta, incrédulo.

— Esqueci de como você é. Pode subir naquele quarto que te levei e trocar lá. — como assim esqueceu de como eu sou? Passei por ele voando, sentindo seu olhar queimando a região de minhas costas. Quando me troquei, desci.

Violeta (Completo/Revisado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora