blinded by time.

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em meio a massa escura, rodeado de um imenso e interminável vazio, era alí, diferente de todos os outros lugares, onde me sentia verdadeiramente eu. via todos ao meu entorno divertindo-se com as faíscas cintilantes das estrelas. pobres, mal sabiam que, tão belas, poderiam matá-los num mísero piscar.

preferi de tal maneira, recuado ao breu, onde não há sequer magia. e magia pra que, quando se tem o nada? julgue-me o quanto preferir, não posso ouvir. ouço apenas o que me apetece, ou o que me forçam. o suave dançar dos aros de saturno em torno de si podem ser classificados como o som que me traz o bem estar. não costumo viajar até tão distante, mas é o que faz valer a pena. não devia ser aceitável que todos vissem o fenômeno, mas lá estão, e sempre estragam o prazer de ver cada partícula caminhar para seu determinado lugar.

chamam-me de lunático, até mesmo marciano, vejo-me mais como astronauta. a imensidão do universo me aguarda. ora vênus, ora netuno. belas são suas cores tão detalhadamente pinceladas. daria uma estrela para conhecer o artista que os criou, pois tão belas raridades não podem ter sido feitas por um qualquer. vê? não diga que não. arte! nossos planetas são arte.

estreito os olhos, a mão sobre as pestanas, miro ao léu nosso rei, tão distante, e tão próximo. ah, o sol. o amarelo ardente dissolvido em chamas alaranjadas. toque-o, não irá se arrepender, as consequências não importam. ninguém sequer irá se importar se fizer, pois a beleza agrada a todos, desde que não os afete.

rio só, pois companhia não me resta. pena? tolice! não sinta. prefiro assim, já disse. a solidão me acolhe, tal como as sombras que restam da grandeza alheia. as formações rochosas estão viajando, vamos, ainda há tempo de pegar carona. dias atrás descobri a curiosa existência dos asteróides. era o primeiro dia quando descobriram-no, tão belo e grandioso, e ninguém nele vê importância, preferem o brilho às cinzas.

desde então, fui acolhido e carregado por si através daqueles que foram cegados pelo brilho. falta de aviso não foi. eu lhes disse, o brilho dói. e quem é que ouve os menores? não ouvem. não sinto muito por agora vê-los provando do sabor envenenado das doçuras irreais.

juno.

𝘰𝘶𝘳 𝘬𝘪𝘭𝘭𝘦𝘳 𝘮𝘪𝘯𝘥𝘴.حيث تعيش القصص. اكتشف الآن