— Pior surra eu levei depois da maldita verdade. Querem o que? Que eu finja que nada aconteceu e sorria pra maior farsa dos séculos? — resmungo e ela me analisa com a carinha de "quanta ousadia".

— Queremos um pingo de maturidade, e alguns minutos de conversa. Será que a quase adulta pode conceder ou é demais? — o cara que diz ser meu pai ousa dizer.

— Olha aqui seu velho, você não é a Ohana não em, nem te conheço. — revido e ele me encara, qual foi desse cara, porra eu não mereço ter que lidar com tanta bagunça assim.

— Não sou a Ohana, por isso mesmo tenho total direito de exigir uma conversa, e acho bom medir suas palavras, pode não me considerar seu pai, mas como um adulto vai ter que me respeitar. — ele diz com cara de mal achando que tá arrasando, esse desgraçado acha que pode se impor assim.

— Eu não ligo pra sua revolta, sei que queria uma menininha, que amava a Ohaninha, quer um conselho meu chapa? Faz uma menininha pra tu encher o saco, não tenho mais idade pra esse tipo de coisa, nem ligo pra vocês. — digo e eles se olham por alguns instantes.

— Não pode fugir da realidade das coisas, você é minha filha e carrega meus traços. — ele diz me olhando. Ele tem razão por um lado, mas eu não quero saber.

— Entra no carro filha, precisamos mesmo levar uma conversa. — minha mãe pede. Sigo eles em silêncio e entramos no maldito carro. Estou meio tonta ainda, minha cabeça dói e não consigo esquecer o beijo que o Franklin deu na Kiara, maior inferno, isso não vai deixar de me perseguir tão cedo.

— Sua tia morria de inveja da sua mãe, eu vivia dizendo isso pra ela, aquela vadia vivia dando em cima de mim, a verdade é que ela me queria a qualquer custo sabia? As duas na verdade. — o Ruan diz sorrindo e minha mãe revira os olhos.

— E seu pai morria de ciúmes do melhor amigo, ele era incrível comigo enquanto seu pai era um ogro, eu devo ter batido a cabeça em algum lugar quando escolhi estar com o seu pai, acontece que éramos apaixonados desde pequenos, nossas famílias eram rivais, até hoje brigam na verdade. — minha mãe completa e o Ruan balança a cabeça negativamente, estou antenada feito uma criança curiosa com o rosto entre os dois bancos da frente, a verdade é que nunca me contaram nada sobre o passado, tudo isso é muito novo pra mim, eu só vou tentar controlar minha vontade de saber as coisas.

— Meu melhor amigo era um primo distante, ele se tornou meu inimigo assim que afirmou que o filho da sua mãe era dele. Antes disso ele tinha feito a mente dela e dito que eu estava na cama com a vadia lá, a irmã da Ohana. — o Ruan completa.

— O plano dos dois era nos separar, assim a sua tia Marta ficaria com ele e o melhor amigo do seu pai comigo. — minha mãe explica.

— Cedemos na primeira tentativa, não suportei a ideia da minha mulher estar grávida do meu melhor amigo.

— E nem eu a ideia do meu homem se deitar com minha própria irmã.

— Acontece que estão todos mortos agora. — meu pai diz friamente e minha mãe deixa rolar uma lágrima.

— Como ele morreu? O que aconteceu depois que descobriram? — tento ter controle das perguntas.

— Deu errado na verdade, eu fui embora e a Ohana também. Ele viu que ela não o amava, apenas usou ele para me atingir também, sua mãe sempre foi muito vingativa. Sua tia você viu ao vivo a morte, e ele, bem, ele ficou inconformado pelo fato de não conseguir ficar com ela e apareceu no meu caminho, e como todos que aparecem no meu caminho ele bateu as botas. — explico e a Ohana me encara nervosa.

— Espera? Foi você quem o matou? — minha mãe pergunta assustada.

— Ele tentou ma matar primeiro, e eu tinha motivos. — o Ruan se defende.

— Como foi que matou ele em? Como foi? — pergunto.

— Quer saber mesmo? Ele chegou na minha sala e falou que tínhamos contas para certar, puxou uma arma e apontou, acontece que a arma que ele estava eu já tinha conseguido descarregar antes dele entrar na minha agência sem ele saber, deixei ele me humilhar, inclusive fiz um belo de um teatro, precisava me divertir um pouco, quando puxei o revólver da mão dele ele apertou no gatilho, não deu em nada, eu simplesmente comecei a rir enquanto meus seguranças entraram e levaram ele pro fundo do meu carro. O final vocês já sabem. — o Ruan conta a história sorrindo, eu evito de fazer comparações entre eu e ele, evito de verdade.

— Você é um louco Ruan, nunca daríamos certo, independente de tudo que fizeram contra nós. — minha mãe diz enxugando as lágrimas. Oh yeah, que mulherão a Ohana é.

— Eu sofri anos de inferno por conta dessa mentira e sei que sofreu também Ohana, eu nunca amei ninguém como te amei e espero que ainda seja feliz, assim como eu consegui tocar minha vida, e quero também que essa pirralha aqui seja muito feliz e não deixe nossos erros atrapalhar o futuro dela. — ele diz bagunçando meu cabelo e eu me afasto dele. Porra nenhuma que eu vou dar moral pra esse cara assim.

"Preciso descer agora, estou com a cabeça a mil e cheia de problemas para resolver." peço e eles ficam em silêncio, o Ruan freia o carro e eu agradeço aos deuses por não ter que gritar nem falar duas vezes.

"Filha.." minha mãe diz.

"Ohana não dá, não sei lidar com nada disso de vocês dois, inclusive dele, ele pra mim é só um estranho, e você, você é a única mulher da minha vida, meu pai e mãe, e foda-se o resto." desço do carro deixando os dois moscando.

Quando mundos colidem |ACASOS|Where stories live. Discover now