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A ajuda sempre vem de menos imaginamos.

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Dirigindo para longe da escola, Rodrigo sabia que tinha feito tudo certo e era óbvio que a moça — agora mulher — havia gostado do que tinha acontecido. Era assim com Luana, quanto mais ela dizia "não", mais seus olhos gritavam "sim", e a relação dos dois era baseada nisso, e ele achou que seria assim com Clara também, certo? E foi com essa dúvida que ele parou o carro em frente à calçada da nova casa de Henrique. Com a poupança que ele vinha juntando desde os quinze anos ele e suas irmãs puderam se mudar para uma casa nova e maior.

Rodrigo entrou pela porta da frente e encontrou seu amigo na sala de tv contando um bolo de notas de cinquenta reais que vinha do fechamento das vendas da última temporada, Rodrigo sentou em um sofá branco e espaçoso à frente do amigo.

— Não sei o que aconteceu, mas você me parece muito bem — Henrique disse sinceramente espiando rapidamente — conseguiu o que tanto queria com aquela moça?

— Consegui sim, e me pareceu que ela também estava afim.

— Isso é bom, mas e a Luana? — Henrique recontava a pilha tentando não desconcentrar.

— Eu vou terminar com ela — disse decidido sacando um cigarro e colocando entre os lábios para ascender com o isqueiro — você por acaso a viu essa semana?

— Estive ocupado, me desculpe. — passou um elástico nas notas que contou e jogou na mesa com o restante.

— Tudo bem, falo com ela depois. Trouxe seu carro, obrigada por me emprestar — deu uma tragada longa e soltou a fumaça.

— Os negócios deram mais lucro que o esperado, e eu quero investir em algo, parar com essa vida — Henrique apoiou os cotovelos nos joelhos para parecer mais próximo — e eu sei que você precisa de um emprego.

— E o que tem em mente, sabe que estou com você.

Rodrigo ouviu atentamente o plano do amigo de abrir um negócio dentro da lei e achou muito convidativo, ele não tinha muitas habilidades, mas cuidar de uma casa de pranchas na beira da praia seria uma ótima ideia. Toda a costa do litoral de Cerca Grande ficava dentro de uma enorme baía, ao norte da cidade a água do mar beijava a encosta rochosa e formava um berço de muitas iguarias em restaurantes como o qual seu irmão trabalhava, como camarão, ostras e mexilhões. Ao sul a praia tinha uma faixa de areia mais extensa, ótimo para turistas, e bem ao centro as ondas que vinham do oceano batiam em um recife de corais chegando até três metros acima do nível do mar, onde muitos se aventuravam na prática do surf. Havia um universo a ser explorado ali e ele decidiu fazer parte disso.

— Pode contar comigo, amigo!

— Ótimo, fico muito feliz, — disse recostando no sofá — eu preciso de pessoas de confiança, e quem melhor que meu fiel amigo? Sabe de uma coisa, fica com o carro pra você.

— Cara, você ama esse carro, porque me daria?

— Pra você saber o quanto você é importante pra mim e o quanto confio em você, e vai precisar de um carro.

Rodrigo não precisava desse gesto, mas ele bem precisava do carro e do emprego, então aceitou e não ficou parado. Fecharam acordo em sessenta por cento para Henrique e o restante para Rodrigo, então agradeceu ao amigo e saiu dali decidido a procurar um local adequado e fornecedores para seu negócio. Dirigiu até a praia que ele tinha em mente para averiguar os imóveis que estavam disponíveis e negociar um valor, pois cidade pequena tinha suas vantagens e ele usaria a seu favor.

ASCENDENTEWhere stories live. Discover now