Além do céu, Além da terra

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Minha mãe começou a gritar dor e pedir socorro.

Dona Naty já experiente, sabia o que estava acontecendo,  chamou seu marido que estava no terreiro adiantando alguns trabalhos.

____ Lázaro,  venha depressa,  a mulher está "parindo", corre.

Lázaro,  entrou pela porta dos fundos,  todo trabalhado nas roupas,  túnica,  turbante,  colares de madeira e várias pulseiras.

Olhando para minha mãe,  já viu muita água escorrendo pelas suas pernas,  já estava na hora.

____ Naty,  talvez não dê tempo de levá- la até o hospital,  a hora chegou. Disse Sr Lázaro preocupado.

____ Sim Lá,  (como Naty o chamava) , então me ajude aqui,  vamos colocar ela na cama e você traga água morna,  toalhas secas,  tesoura e álcool.
Dona Naty falava com muita propriedade,  parecia uma parteira profissional.

Levaram mamãe para cama,  eu ali,  presa naquela bolsa, sem nenhum líquido,  comecei a perder as forças, mesmo assim eu empurrava com persistência.

Senti que minha mãe já não tinha forças para gritar,  só gemia,  tão baixo que mal dava para ouvir.

Depois de muita luta,  eu e a mamãe lutando pela sobrevivência, ouvi bem distante a voz da dona Naty.

____ Vamos correndo para o hospital,  ela não vai aguentar.

Essas foram as últimas palavras que ouvi antes de perder a consciência.

____ Socorro,  socorro.  Comecei a gritar sem parar,  sentia muito frio e um clarão muito forte me atrapalhava,  nunca tinha presenciado nada parecido.

Comecei a ouvir muitas vozes falando ao mesmo tempo.

____ Talvez a bebê sobreviva,  mas dê prioridade para a mãe que está inconsciente.

Mãe inconsciente??? Será que a mamãe estava bem?

Acho que matei a minha mãe,  é tudo minha culpa,  Eu não devia ter empurrado com tanta força.

Muitas mãos pegavam em meu corpinho minúsculo,  me colocaram vários fios e muitos aparelhos.

Eu não sabia o que estava acontecendo.

Fiquei ali,  imóvel,  chorei até cansar,  eu estava pedindo para me deixarem ver minha mãe,  mas ninguém me entendia.

Depois de algum tempo ali,  tudo muito quieto alguma coisa começou apitá sem parar.

Entraram várias pessoas.

Que incrível,  se eu soubesse que só de apitar eles viriam,  eu teria apitado,  eu sei fazer isso. 

____ Chamem o médico depressa.
Alguém falou com voz desesperada.

____ Vamos criança,  reage,  respira bebê.

____ Eu estou respirando moça,  mas esses aparelhos que estão me atrapalhando,  tira eles, por favor.
Eu  falei várias vezes,  mas aquela mulher não me entendia.

Ouvi uma voz suave e rouca perguntando.
____ O que aconteceu aqui?

____ Doutor,  a mãe está bem e já consciente,  a criança está instável,  pouca expectativa de sobrevivência.
A moça que me expremia,  falou e afastou.

Uffa,  que bom,  essa mulher estava me matando.

O doutor pediu alguma coisa para aplicar,  deu algumas instruções e saiu.

Isso não se faz (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora