Buscando ajuda

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Mamãe já tinha se cansado de buscar ajuda, já tinha ido se benzer,  rezava sem parar, tinha ido a igreja.

Porém nada tinha resolvido,  ela queria muito que papai parasse de beber e tomasse responsabilidade pela família.

No outro dia,  quase de madrugada,  acordo morrendo de preguiça e cansada,  sentia o corpo da mamãe balançar e a barriga toda se mexia.

Mamãe estava chorando e soluçando,  sentada à beira da cama,  me entristecia severamente senti-la chorar, comecei a dar uns chutes para mamãe entender que eu a amava e queria vê- la bem, mas ela sentia um amor inexplicável por aquele velho abominável.

Mamãe levantou- se, secou suas lágrimas e fora chamar a Larissa,  minha irmã mais velha.

Tinha acabado de clarear,  Larissa teve preguiça de levantar e mamãe disse.

___ Filha, Vou a procura de algo para vocês comerem hoje,  cuide da sua irmã, assim que conseguir eu volto para casa.

Mamãe saiu sem destino,  sem saber para onde realmente iria,  mas estava cansada de ficar parada em casa ouvindo suas filhas pedirem o que comer.

Ela bateu na primeira porta que viu a sua frente,  que se situava a mais de um quilômetro de casa.

Aquelas ruas de terras e buracos a deixara cansada e suada,  com a barriga enorme,  tinha seus movimentos comprometidos.

Quando minha mamãe bate na porta,  uma pessoa atende.

___ Bom dia Dona Joana, meus filhos estão a três dias sem se alimentar,  meu marido veio ontem emcasa me bateu e não deixou nada para elas.  Se a senhora tiver um banheiro para lavar,  roupas para passar.

Minha mãe parou e tomou o fôlego,  pois estava esgotada.

___ Eu faço qualquer coisa, se a senhora me arrumar um prato de comida para minhas filhas.

Dona Joana respondeu tão grosseira que eu dei uma porrada,  mas como estava no barrigão da mamãe,  só senti a mão de mamãe acariciando a barriga.

___ Mulher,  você devia tomar vergonha na cara,  e parar de arrumar filho,  como a pessoa não tem onde cair morta,  um marido que não presta,  enche a casa de filhos e fica pedindo nas casas? Vá procurar vergonha.  Dona Joana falando isso,  bateu a porta na cara da mamãe.

O nó na garganta da mamãe me fez contorcer e ficar agoniada.

Mamãe saiu soluçando e chorando e sentou em uma pedra grande que tinha na beira da rua.

"___ Não chora mamãe,  quando eu nascer eu vou ficar rica e dar de tudo pra você. "

Começamos a ouvir uns batuques,  um som que vinha do outro lado do muro, eu senti a aflição da mamãe.

Ela levantou-se rapidamente e teve uma ideia,  não sei se boa ou ruim, bateu em um enorme portão branco,  com tigelas brancas nos pilares laterais.

Um moço todo vestido de branco,  de turbante envolto na cabeça redonda,  fazendo-a parecer mais redonda l, e um semblante aparentemente assustador, mas quando abriu a boca,  soou suave e calma, muito sutil e reveptivo convidou a mamãe para entrar.

Minha mãe ficou receosa,  mas assentiu que era sua última alternativa e entrou.

Ao adentrar naquele recinto totalmente diferente da realidade comum da nossa vida,  senti que os pêlos da mamãe se arrepiaram,  fiquei inquieta e com um pouco de medo.

A senhora que recebeu a minha mamãe,  era tão carismática e afetuosa que nosso medo passou imediatamente, já foi perguntando o nome da mamãe e a levando para dentro pelo braço.

____ Dona Ge, posso te chamar de Ge né?

____ Sim, claro.  Minha mãe respondeu timidamente.

____ Venha,  vou preparar um café com biscoitos,  você parece exausta. A senhora falou seguindo para um outro cômodo,  não dava para identificar cozinha ou sala,  já que em todo lugar tinha vasos grandes de plantas e vários instrumentos de percussão.

Mamãe a seguiu em silêncio.

____ Dona Ge,  quando é que nasce seu bebê?  Aquela moça sentiu a aflição da mamãe e quis puxar conversa.

____ Eu não sei senhora.... An...

Mamãe ainda não sabia o nome da mulher,  com aquelas roupas longas e lenço envolto na cabeça.

_____ Natércia,  mas pode me chamar de Naty,  e não precisa me chamar de senhora,  sou uma pessoa comum,  tão comum quanto você, sente-se por favor.

Mamãe continuou o que dizia .

_____ Então,  Eu não sei quando meu bebê vai nascer.  Mamãe falava e inspirava aquele cheiro incrível de café que a muito tempo não sentia, sua barriga roncava e eu sentia um terremoto saculejar todo o líquido onde eu vivia.

Dona Naty percebendo o desconforto da mamãe,  serviu- lhe umas bolachinhas amanteigadas que na nodsa servia como uma refeição completa, para quem não se alimentava a muito tempo.

Mamãe pegava uma bolacha,  mordia um pedaço e colocava o resto em um embornal que carregava para trazer algum alimento caso conseguisse.

Dona Naty quis saber porque mamãe batera no portão, até insinuou se estava precisando de ajuda para ir ao hospital.
Mamãe assentiu que não com a cabeça.

____ Então, o que a trás aqui no meu humilde terreiro?

Mamãe começou a contar toda sua luta com papai,  e cada revelação dona Naty ficava mais impressionada,  mamãe deu uma pausa no momento de falar sobre o que buscava.

____ Dona Naty,  eu não aguento mais tanto sofrimento,  ver minhas filhas passarem necessidade e mais uma criança, eu prometo para senhora que um dia eu pagarei todo seu trabalho em dobro,  caso decida me ajudar.

____ Calma dona Ge,  vamos resolver isso juntas,  não pense em dinheiro,  podemos achar uma solução.  Dona Naty falava abraçando a mamãe.

  Dentro da barriga senti um afago tão gostoso, uma ternura,  quis sair dali imediatamente, que empurrei com todas as forças,  meus pezinhos.

Minha mãe soltou um gemido tão forte que dona Naty ficou muito preocupada e a colocou sentada.

Eu continuei empurrando muito...

Queria muito abraçar a senhora que tinha feito um bem danado para mamãe.  

Galera.

O próximo capítulo é o último...

Espero que estejam curtindo esse pequeno conto.

Beijinhos  😘😘😘

Isso não se faz (Completo)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora